Publicamos aqui uma
entrevista de Dom Antonio Carlos Rossi Keller, Bispo da Diocese de Frederico
Westphalen - RS, ao blog Salvem a Liturgia há exatamente três anos
(22.06.2009). Dom Keller, como sempre, destaca-se pela fidelidade ao
ensinamento da Igreja e do Santo Padre e pelo zelo com a Sagrada Liturgia.
1. Como V. Excia. vê hoje a
questão da liturgia no Brasil e no mundo?
Vejo
que estamos em um momento crucial, onde se deparam duas visões: a da
continuidade, na fidelidade à longa Tradição Litúrgica da Igreja e a da
descontinuidade, defendida por grande parte dos liturgistas em exercício. Esta
segunda visão, a meu ver, constitui em um grave risco para a "lex orandi", já que, em geral
fundamenta-se em posturas inaceitáveis em relação à "lex credendi". Ou seja, a meu ver o grande problema da
Liturgia hoje é, antes de tudo, um problema de fé, ou melhor, da falta de fé.
2. João Paulo II, em sua
Ecclesia de Eucharistia, falava de "sombras" no modo como a Missa é
celebrada. Como interpretar a expressão de Sua Santidade?
A
meu ver, o Servo de Deus, o Papa João Paulo II referia-se ao absurdo da ideia
de uma liturgia "a ser construída pela comunidade local" como ainda
hoje propugnam muitos leigos, sacerdotes e bispos. Esta visão outorga à
comunidade local (pior ainda, a alguns ou a alguém desta comunidade) a suprema
autoridade em decidir o "como deve ser a celebração litúrgica",
favorecendo às aberrações já tão sobejamente conhecidas. O resultado de tudo
isto, que popularmente leva o nome de uma liturgia "inculturada", é,
na verdade, simples e pura aberração, violência às normas mais elementares da
autêntica liturgia da igreja, o predomínio de um subjetivismo que pretende
utilizar a Liturgia como um instrumento para impor visões ideológicas de
pessoas ou grupos.
3. Qual a importância do
latim na celebração litúrgica? E do canto gregoriano?
O
latim tem seu lugar na vida litúrgica da Igreja como garantia da integridade da
fé, manifestada nas celebrações litúrgicas. Não é a toa que todos os livros
litúrgicos tem como ponto de referência as edições chamadas de "typica". O gregoriano, por sua vez,
constitui um rico patrimônio espiritual que não pode ser, simplesmente, jogado
pela janela. Tanto o latim como o gregoriano nos servem como elo em relação à
riquíssima Tradição Espiritual e Litúrgica da Igreja
4. É possível resgatar um
uso mais regular do idioma latino mesmo na forma ordinária do rito romano, no
chamado "rito moderno” esse que usamos em nossas paróquias? Como dar os
passos para isso?
Penso
que sim, desde que se fuja da pura visão folclórica, ou de um saudosismo, a meu
ver tão prejudicial como são os abusos cometidos na liturgia. O latim expressa
a universalidade da Igreja, sua catolicidade, que é mais do que uma simples
questão geográfica: a Igreja é a Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja de
Cristo, aberta a todas as geografias, a todas as culturas, a todas as épocas.
Ora, isso exige, da parte de quem integra a Igreja, uma visão universal,
aberta, não "paroquial". O latim abre esta perspectiva de
universalidade. O grande problema será sempre não uma simples questão de
pronunciar bem, corretamente o latim, mas de abrir-se à catolicidade da igreja,
sentir-se cidadão universal dela, pronto a aceitar em seu seio todas as
realidades espirituais e humanas dignas. O uso do latim faz-nos compreender
como nós, católicos, onde quer que estejamos, temos a mesma fé e celebramos os
mesmos sacramentos.
Praticamente,
penso que, antes de se começar a celebrar em latim, nas Paróquias, seria
preciso deixar bem claro, para o povo, a razão disso... Senão, tudo não passa
de uma simples questão de estética linguística, de uma busca de um
"purismo" litúrgico que cria a mentalidade se fazer parte de uma
casta especial na igreja (os que entendem latim...), que seriam aqueles que
participam da Santa Missa em latim...: o restante dos comuns católicos
continuariam na ignorância e na mediocridade litúrgicas...
5. E quanto à forma
extraordinária do rito romano, o "rito tridentino"? Como vê V. Excia.
esse aumento dos pedidos dos leigos para que se a celebre?
Vejo
o rito extraordinário como ele o é: extraordinário. Não posso aceitar que as bases
colocadas pelo episcopado do mundo todo, reunido em Concílio, tenham sido
inválidas ou injustas. Quando criança, ajudei muitas vezes a Santa Missa no
atual rito extraordinário. E algumas vezes, infelizmente, não saia edificado da
Missa: muita pressa, palavras engolidas, atropeladas, distrações, etc. Ora,
isto leva-me a pensar que a questão não está tanto no Rito usado (apesar que o
rito ordinário poderia, talvez ser um pouco melhorado, favorecido), mas o que
conta mesmo é o espírito com o qual deve-se celebrar, seja lá em que rito
for... Penso que os pedidos suscitados pela abertura oferecida pelo Santo
Padre, são, em sua imensa maioria, justos, já que as pessoas não suportam mais
tantos abusos... Penso também que o aumento dos pedidos de celebrações na forma
extraordinária não deve diminuir as exigências para que se celebre dignamente
na forma ordinária.
6. Dizem que em dioceses e
instituições que prezam a liturgia bem celebrada, de acordo com as rubricas,
com incentivo ao canto gregoriano, à polifonia sacra, a um canto popular mais
sóbrio, ao latim, às celebrações mesmo em vernáculo bem sacrais, há um aumento
de vocações. Isso é verdade? Como V. Excia. analisa esse fenômeno?
Não
posso ainda afirmar categoricamente isto. Estou fazendo por aqui um grande
esforço para que não somente na Catedral Diocesana, ou onde o Bispo estiver se
celebre bem, mas que em todas as Paróquias exista este princípio. Para poder
responder de forma taxativa e afirmativa a esta questão, preciso de mais tempo.
Estou aqui tão somente há menos de um ano. Mas, pessoalmente, acredito piamente
nesta realidade.
7. O episcopado brasileiro
percebe a importância do latim, da posição "versus Deum", do canto
gregoriano?
Não.
Gostaria de salientar que não compartilho com esta oposição entre "versus populum" e "versus Deum". Sinceramente, não
vejo esta oposição na forma ordinária do Rito Romano. A meu ver, toda a Missa
"versus populum" será
sempre, fundamentalmente, "versus
Deum".
8. Há ainda muita confusão
no clero, no episcopado e o laicato, achando que "Missa em latim" é
apenas a Missa "tridentina"?
Absoluta
confusão. Pior que isto, há um forte preconceito generalizado entre os padres e
os senhores bispos do Brasil em relação ao uso do latim, na liturgia.
9. V. Excia. tem se
destacado na promoção do adequado culto litúrgico. Tem enfrentado resistências?
Como resolvê-las? Vê algum sinal de esperança?
Não
enfrento nenhuma resistência em relação aos meus padres, que são todos muito
bons e dedicados, desejosos de fazerem o que é certo. Estamos em constante
diálogo, fundamentado na paciência e no respeito mútuo. Penso que este deva ser
sempre o princípio normativo, não só em relação à liturgia, mas em todas as
questões: a caridade e o respeito por aqueles que generosamente servem a
Cristo, à Igreja e ao Povo Santo de Deus. A meu ver, se mais não conseguem
oferecer, é porque pouco receberam. Cabe, pois, ao bispo, além de dar exemplo,
proporcionar os meios para que as coisas melhorem, mas sempre com respeito e
caridade. Recuso-me a governar a Diocese por meio de Decretos, que só servem
para, na maioria dos casos, fazer o Bispo cair na tentação da vanglória e de
imaginar que todos o obedecem na Diocese. Prefiro o caminho do exemplo e do
diálogo.
10. O que V. Excia. pensa
da tão falada "reforma da reforma"? Considera que as duas formas do
rito romano irão, um dia, se fundir, com os melhores pontos positivos de cada
uma? O que V. Excia. sugere em um eventual "rito romano unificado"? O
que, da forma extraordinária, consideraria por bem estar presente também na
forma ordinária? Alguma sugestão para a implementação da "reforma da
reforma"?
Sou
um pastor, não um liturgista ou um teólogo, no sentido próprio destes termos.
Portanto, como Bispo, obedeço aquilo que a Igreja me indica. Não sei dizer qual
será o futuro da liturgia: procuro viver e ensinar a viver com fidelidade as
Normas Litúrgicas atuais. Aquilo que a Santa Igreja, através de suas legítimas
autoridades indicar neste sentido, terá sempre minha pronta e absoluta adesão.
11. Como V. Excia. enxerga
a grande migração que muitos leigos, inclusive jovens, fazem em direção a
grupos que, embora conservem a liturgia tradicional, a forma extraordinária,
não estão em plena comunhão com Roma? O que fazer para solucionar o problema?
A
razão desta migração, certamente, em alguns casos é uma sincera busca de algo
mais consistente do que simples agitação, batucadas e bailes impropriamente
tidos como litúrgicos. As pessoas que buscam a Deus não querem viver
experiências que podem dar ou não dar certo. Ninguém gosta de ser cobaia...
Assim, quando se oferece algo de qualidade, com garantia de que de fato
funciona, as pessoas sentem-se mais seguras em buscá-las.
Contudo,
a meu ver, nem todos aqueles que buscam estes ambientes tradicionalistas, tem
retidão de intenção. Há muita gente desequilibrada por aí, buscando
experiências místicas não corretas. Muitos destes que buscam este universo
tradicionalista, aí não permanece... não é um fato, por exemplo, o número
crescente também de sedevacantistas nestes ambientes?
12. O Cardeal Castrillón
Hoyos insiste na chamada "ars celebrandi", expressão que é
frequentemente utilizada também por Bento XVI. Em que ela consiste, em sua
opinião? Como colocá-la em prática?
A
meu ver a "ars celebrandi"
consiste, antes de tudo, na capacidade de interiorização do Mistério que se
celebra, ou seja, na capacidade de "conectar-se", para usar uma
linguagem mais atual, à realidade litúrgica celebrada. Consiste na consciência
de que se está diante de Deus, e de que toda a ação litúrgica a Ele é dirigida,
exigindo este princípio um esforço consistente, que envolve a totalidade do
ser. A "ars celebrandi"
envolve toda uma atitude que, a meu ver, exige um antes, um durante e um depois
de cada celebração, ou seja, uma preparação anterior fundamentada sempre que
possível no silêncio, no diálogo com Deus; uma atitude de respeito e de atenção
durante a celebração, vestes dignas, postura respeitosa, diria uma elegância no
porte que revele a dignidade daquilo que se realiza; e uma ação de graças
sentida e piedosa, para que a celebração repercuta nos demais atos sacerdotais.
A "ars celebrandi" portanto
não se constitui simplesmente em uma atitude respeitosa externa, mas tem raízes
na alma...: a meu ver, a "ars
celebrandi" mais do que na estética, é fundada na oração.
13. É visível o abandono da
casula por boa parte do clero brasileiro. A que causas V. Excia. atribui a
interpretação, deveras "benigna", da norma que a dispensa em
situações extremas, invocada pelos padres?
O
abandono da casula nada mais é do que a expressão de uma mentalidade
"minimalista" em relação à Liturgia. Faz-se o mínimo necessário,
usa-se o mínimo necessário, etc..., tudo justificado pela ideia de se
simplificar as celebrações, fugir-se da pompa e do ritualismo. Vai-se assim,
procurando-se fugir de uma visão extrema de suntuosidade ao outro extremo, hoje
mais comum, que é o do relaxo e do empobrecimento litúrgico.
14. Aliás, quais são as
causas, na visão de V. Excia., de tanto desleixo para com a liturgia no Brasil?
A teologia da libertação e o modernismo, condenado por São Pio X, têm que
parcela de culpa?
A
causa está, antes de tudo, em uma visão dessacralizadora da Liturgia. A ideia
de se pretender uma Liturgia que tem como centro o homem, e não Deus. O resto,
é consequência disto... Ou seja, a crise é, antes de tudo, de fé.
15. Alguns padres mais
novos começam a vestir batina, a usar clergyman, a celebrar com decoro, a se
interessar pelo latim, a usar tanto a forma ordinária bem celebrada (inclusive
com latim e gregoriano) como a forma extraordinária. Também leigos bem formados
estão despertando e tomando iniciativas apostólicas para promover a liturgia de
acordo com o que nos manda Roma e conforme a tradição da Igreja. O que diz V.
Excia. disso tudo?
Digo
que também isto me preocupa. Tenho visto fotos e mais fotos de seminaristas de
batina, faixa, barrete, peregrineta, capote, etc... e que, depois de ordenados
sacerdotes, deixam tudo isto de lado, ou usam estas vestimentas tão somente
"quando estão exercendo o ministério", como se, para um sacerdote,
fosse possível ter duas vidas, dois princípios norteadores para a própria vida.
Minha opinião é a de que "o hábito não faz o monge, só o reveste".
Assim, para que tudo isto tenha sentido, é necessária autêntica busca da
santidade, que, para um sacerdote, é a plena identificação com o Cristo Jesus,
com seus sentimentos, com seus valores, com suas palavras, com seus amores,
etc... Sem autêntica vida espiritual, ou seja, para a Liturgia, sem a autêntica
interioridade, a Liturgia torna-se tão somente ritualismo farisaico. Metros e
metros de pano, quilos e quilos de incenso, etc.. não servem para nada quando
não existe um apaixonado amor a Cristo, a Sua Igreja e a Seu Povo. Vejo com
esperança toda esta movimentação em relação à busca de uma Liturgia mais fiel à
normativa da Igreja, mas penso que isto só não seja suficiente para uma
autêntica renovação eclesial: precisamos não somente de gente que celebre ou
que participe da Liturgia bem celebrada... Precisamos de gente santa que
celebre e participe bem da Liturgia bem celebrada.
16. Aos que querem a Missa
mais sóbria, de acordo com as normas, com incenso, latim, paramentos bonitos,
logo se lhes acusam de "rubricistas" ou de "obtusos",
"antiquados" e até de "fariseus". Dizem que a Missa tem que
ser "alegre", com palmas, pop-rock, improvisação, abraços nos irmãos,
sem se prender a fórmulas. Alegam que Jesus quer animação, que o que importa é
o coração, é o interior. Como responder a tudo isso?
Deve-se
responder com a exemplaridade de celebrações bem realizadas. Mas também é
preciso cuidar de que a parte humana, nas Comunidades onde se celebra
decentemente, seja cuidada... As pessoas tem necessidades humanas de afeto, de
encontro, de até festejar junto, ou de chorar junto. O erro não é a necessidade
de fraternidade, de acolhida, de comemorações, etc.... O erro é querer fazer
isto na Santa Missa, usando-a com finalidades incoerentes com os seus
verdadeiros fins. A santa Missa não pode ser instrumentalizada. mas cada
Comunidade cristã deve ter seus espaços de acolhida humana, sempre
fundamentados na caridade do Senhor.
17. V. Excia. há poucos
dias conferiu o canonicato a alguns de seus sacerdotes. Como vê a instituição
do Cabido Diocesano, sua perda em várias dioceses, e a importância dele para a
liturgia?
Quando
cheguei à Diocese de Frederico Westphalen, imediatamente solicitei, por meio da
Nunciatura Apostólica em Brasília, a Instauração do Colendo Capítulo de Cônegos
de nossa catedral Diocesana.
A
razão é dupla: em primeiro lugar, para que pudesse ter um Grupo seleto de
presbíteros da Diocese que pudesse auxiliar-me e secundar-me para que as
Celebrações Litúrgicas oficiais, na Catedral Diocesana de Santo Antônio
assumissem uma maior dignidade e fossem sempre celebradas de acordo com as
Normas Litúrgicas vigentes. Em segundo lugar, a ereção do Capítulo de Cônegos é
também uma forma de expressar o respeito e o afeto do Bispo pelo Presbitério
Diocesano, que, graças a Deus, é valoroso e sempre me dá muitas alegrias. A meu
ver o descaso com os Capítulos deve-se ao fato de que canonicamente, o mesmo
tenha perdido sua função de "senado do bispo", sendo substituído por
outras realidades de Comunhão.
18. Pode V. Excia. nos dar
um exemplo concreto desse "governar com diálogo", principalmente no
campo da liturgia? Como, para usar suas palavras, "proporcionar os meios
para que as coisas melhorem" na liturgia, na Missa, na beleza das
celebrações, na correção dos equívocos?
Em
relação à Liturgia, tenho, em primeiro lugar, dado o exemplo, ou seja,
celebrado sempre na Catedral Diocesana de acordo com as regras litúrgicas
vigentes, mas sempre com solenidade e dignidade. O resultado é o de ter sempre
muita gente participando das Missas semanais celebradas pelo Bispo Diocesano,
na Catedral, sempre nos domingos às 19,00 h. Além disso, celebro diariamente a
Santa Missa, de 2a a 6a feira às 8,00 h, na Cripta da Catedral Diocesana.
Naturalmente, uma Missa mais simples, mas sempre de acordo com as Normas
Litúrgicas. Minha intenção é a da exemplaridade: que os padres celebrem bem, e
que celebrem todos os dias, algo inusitado para esta última questão, por estes
lados do Rio Grande do Sul. Além disso, tenho enviado mensalmente a todos os
padres uma correspondência pessoal: uma carta amiga e fraterna, de pai e de
pastor, tratando sempre de uma aspecto prático da vida e da espiritualidade
presbiteral. Além disso, segue, junto à carta (chama-se "Carta aos
Padres") artigos específicos de temas práticos de pastoral. Ultimamente
tenho enviado sempre temas de Liturgia, especificamente, sobre a "ars celebrandi". O interessante é
que já sente-se o resultado. Por aqui, não temos grandes abusos. Os mais
visíveis são aqueles que dizem respeito à música litúrgica, já que a Diocese edita
um "Livro de Cantos" (a última edição tem quase 10 anos) e neste
livro foram colocados cantos que não estão adequados à Liturgia. Assim, estamos
preparando uma revisão do livro. Em um ou outro lugar escutam-se, em alguns
momentos, algumas palmas... etc.. mas, repito, nada que demonstre abusos mais
graves, que digam respeito, por exemplo, à fé. Muitas das estranhezas
litúrgicas que vejo, devem-se à passagem de algum liturgista (na verdade alguma...)
que espalhou algumas ideias estranhas, mas que, de fato, não penetraram com
muita profundidade. Nosso presbitério é bem diferente do de São Paulo, por
exemplo, onde predomina em muitos ambientes, a ideia de "inventar" a
liturgia. Assim, mudando os cantos do livro, e procurando manter sempre esta
atitude de enviar bom material etc.. aos padres, além de oferecer aos
seminaristas a possibilidade de ajudarem nas cerimônias da Catedral (coisa que
antes não existia), vejo que em breve teremos uma liturgia muito mais cuidada e
adequada por aqui.
19. Um futuro promissor
para a liturgia no Brasil é visto por V. Excia. a curto prazo? Quais os erros
que devem ser evitados nesse trabalho de "reforma da reforma"?
Sou
realista, mas tenho fé. Minha vida inteira de padre dediquei-me a formar
seminaristas e a procurar celebrar sempre bem. Não digo isto como honra, mas
como algo feito com consciência. Deus tem Seus tempos e Suas razões. Vivemos um
período de purificação, na Igreja. Assim, não tenho noção a respeito de prazos,
etc. Penso que cabe-nos sempre ser muito fiéis, especialmente em relação à
Liturgia, e ter a paciência em saber esperar. Mesmo que Nosso Senhor não me dê
a alegria de ver as coisas mudarem de fato, penso que, de alguma maneira,
colaborei para que as coisas, de alguma maneira, em um dia que Deus sabe qual será,
as coisas voltem ao eixo. Nós passamos, inclusive aqueles que organizaram ou
mantiveram ou ainda mantém toda esta confusão. A Igreja permanece.
20. Por fim, uma palavra de
incentivo aos leitores do Salvem a Liturgia, e seu pensamento acerca de nosso
apostolado.
Quero
dizer aos leitores que procurem, antes de tudo, viver a Liturgia, com
interioridade e atenção. Repito o que já anteriormente disse: a autêntica
participação na Liturgia exige interioridade, alma, amor a Deus. Vivamos a
Liturgia não só na sua exterioridade tão bonita e necessária mas,
principalmente, no que ela realiza de ato de amor a Deus.
Dom Antonio Carlos Rossi Keller |
A liturgia deve ser muito bem celebrada, pois ela é o antegozo da glória celeste!
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