Nos meses de setembro e outubro de 2021 apresentamos aqui em
nosso blog como sugestões de leitura o primeiro e o terceiro volumes da Coleção
Vida e Liturgia da Igreja, publicada
pelas Edições CNBB:
- O sentido espiritual da Liturgia, de Goffredo Boselli;
- A arte de celebrar: Guia pastoral, organizado pelo Centro Nacional de Pastoral Litúrgica (França).
Agora, após apresentar a obra Ministério da homilia de José Aldazábal (†2006) no mês passado, propomos aqui o
segundo volume da Coleção Vida e Liturgia
da Igreja: Pregar a Palavra: A ciência e a arte da pregação, do sacerdote
italiano Chino Biscontin.
Com o singelo título de “Predicare
bene”, o livro foi publicado originalmente em 2008 pela Editrice Messaggero di Sant’Antonio, de
Pádua. A tradução brasileira, por sua vez, foi publicada pelas Edições CNBB em
2015.
Capa da edição brasileira |
Como vimos na postagem anterior, após o Concílio Vaticano
II, precedido pelos Movimentos Litúrgico, Bíblico e Patrístico, houve uma revalorização
da Palavra de Deus e, por conseguinte, da homilia.
O Padre Chino Biscontin, na Apresentação do livro (pp. 09-12), recorda também a importância da
comunicação no mundo de hoje, tema que ocupa boa parte da obra. Mais do que um
estudo teológico sobre a homilia, trata-se de um texto prático:
“A ajuda específica
que este livro pretende dar se refere às modalidades comunicativas da homilia:
como ser bons comunicadores que prestem um bom serviço à Palavra e às
assembleias litúrgicas”.
A obra está dividida em quatro
partes, subdivididas por sua vez em 22
capítulos, totalizando 344 páginas:
Primeira parte: A homilia e o homiliasta
I. A identidade da homilia (pp.
15-27)
O autor define a homilia a partir dos textos
do Concílio Vaticano II, destacando sua relação essencial com a Palavra de Deus
proclamada na celebração litúrgica.
II. O trabalho do pregador (pp.
29-42)
Prosseguindo a reflexão do
capítulo anterior, apresentam-se aqui três dimensões da homilia: ensino ou
anúncio, exortação e mistagogia.
III. Para ser um bom pregador (pp.
43-62)
Concluindo a primeira parte , elencam-se algumas qualidades necessárias ao pregador, como o amor a Deus
e à comunidade, a preparação, a capacidade de escuta...
Segunda parte: A comunicação e o seu funcionamento
I. Eficácia ou sucesso? (pp.
65-78)
Como vimos acima, o tema da comunicação é fundamental na obra. Esse
capítulo introduz o assunto, destacando a importância de aprender a comunicar
eficazmente.
II. A comunicação e seus componentes fundamentais (pp. 79-102)
Apresentam-se aqui diversos “modelos” elaborados para explicar o processo comunicativo: as seis funções da comunicação que integram o modelo de Roman Jakobson serão exploradas nos capítulos seguintes.
III. A comunicação vista da parte do emissor (pp. 103-122)
IV. A comunicação considerada do ponto de vista dos destinatários (pp. 123-150)
Esses capítulos analisam o processo comunicativo do ponto de vista de seus dois
sujeitos: o emissor e o receptor ou destinatário, aos quais estão
relacionadas, respectivamente, a função
emotiva e a função conativa do
discurso.
V. Codificação e decodificação na comunicação (pp. 151-165)
Considera-se aqui a função metalinguística - a linguagem que
reflete sobre si mesma -, centrada no “código”,
isto é, no meio para a transmissão da mensagem (palavras, sons, imagens...).
VI. A objetividade na comunicação (pp. 167-177)
Segue-se a função referencial da comunicação, que estabelece a ligação entre o
código e o contexto, a realidade à
qual ele faz referência. São centrais aqui os conceitos de “objetividade” e “clareza”.
VII. A relação entre o emissor e os seus interlocutores (pp. 179-192)
Neste capítulo nosso autor
aprofunda a função fática do
discurso, a qual se ocupa dos canais entre o emissor e o receptor: canais físicos (auditivo, visual...) e canais psicológicos.
VIII. A forma do discurso (pp.
193-209)
A última função da
comunicação abordada é a função poética
ou estética, à qual se refere à forma
do discurso, destacando-se aqui algumas figuras retóricas.
IX. A interação entre as funções do discurso (pp. 211-216)
Este capítulo sintetiza as seis funções da comunicação apresentadas, estabelecendo as relações
entre elas.
X. Sugestões da retórica clássica (pp. 217-233)
Por fim, concluindo a segunda
parte, Chino Biscontin recolhe aqui algumas contribuições da
retórica clássica, cujos fundamentos foram estabelecidos por Aristóteles.
Terceira parte: A preparação da homilia
I. A finalidade da homilia (pp. 237-247)
Esta terceira parte é mais prática, dedicada à preparação da homilia propriamente dita. Nosso autor começa distinguindo três tipos de pregador ou homiliasta: centrado em si mesmo, na homilia ou na assembleia.
II. Procedimento para preparar a homilia (pp. 249-259)
Três passos para a preparação da homilia: a disposição dos instrumentos (como o
Lecionário e o Missal), o estudo das leituras bíblicas e a consideração do
contexto da celebração.
III. A estrutura da homilia (pp.
261-271)
O autor reflete sobre as três
partes que compõem a homilia - introdução, corpo e conclusão - e sobre como
harmonizá-las em um todo coerente.
IV. A gestão da ansiedade (pp.
273-278)
Um breve capítulo sobre o risco
de dois extremos: o excesso de ansiedade e o descuido na preparação da homilia.
V. A avaliação (pp. 279-283)
O autor enfatiza aqui a necessidade de avaliar a homilia, seja através da autoavaliação, seja
deixando-se ajudar por outras pessoas.
VI. A homilia em celebrações particulares (pp. 285-309)
Concluindo a terceira parte da
sua obra, Biscontin reflete sobre a homilia em quatro celebrações particulares:
no Matrimônio, na primeira Comunhão das crianças, nas Exéquias e na festa do
padroeiro da comunidade.
Quarta parte: A homilia em ensinamentos mais recentes da Igreja
Esta quarta parte foi
acrescentada após a publicação da 1ª edição do livro (2008), comentando as contribuições
mais recentes do Magistério da Igreja sobre a homilia:
I. A homilia na Verbum Domini
e na Evangelii Gaudium (pp. 313-328)
Nosso autor sintetiza as contribuições sobre a homilia das Exortações Apostólicas Verbum Domini,
promulgada pelo Papa Bento XVI (2010), e Evangelii Gaudium, publicada pelo Papa Francisco (2013)
II. O Diretório Homilético:
Apresentação e reflexões (pp.
329-334)
III. Algumas observações (pp.
335-344)
O Diretório Homilético foi promulgado pela Congregação para o Culto Divino em 2014: Chino Biscontin apresenta nesses dois capítulos sua estrutura, suas contribuições e também seus limites.
Sobre o autor:
Chino Biscontin é sacerdote da Diocese de Concordia-Pordenone (Itália). Possui Doutorado em Teologia Moral pela Pontifícia Academia Alfonsiana (Roma). É professor de teologia em diversas instituições do norte da Itália e diretor da Revista Servizio della Parola (Editrice Queriniana).
Para adquirir o livro no site das
Edições CNBB, clique aqui.
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