segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Ângelus do Papa: XXIX Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 16 de outubro de 2022

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho da Liturgia de hoje (Lc 18,1-8) termina com uma pergunta preocupada de Jesus: «Mas, quando o Filho do Homem voltar encontrará fé sobre a terra?» (v. 8). Como se dissesse: quando eu voltar no final da história - mas, podemos pensar, também agora, neste momento da vida - encontrarei alguma fé em vós, no vosso mundo? Trata-se de uma questão séria. Imaginemos que o Senhor venha hoje à terra: Ele veria, infelizmente, tantas guerras, tanta pobreza e tantas desigualdades, e ao mesmo tempo grandes conquistas da tecnologia, meios modernos e pessoas sempre correndo, sem nunca parar; mas será que Ele encontraria aqueles que lhe dedicam tempo e afeto, aqueles que O colocam em primeiro lugar? E sobretudo, perguntemo-nos: se o Senhor viesse hoje, o que encontraria em mim, na minha vida, no meu coração? Que prioridades na minha vida veria Ele?

Nós, muitas vezes, concentramo-nos em tantas coisas urgentes, mas desnecessárias, ocupamo-nos e preocupamo-nos com muitas realidades secundárias; e talvez, sem nos darmos conta, negligenciamos o que mais importa e permitimos que o nosso amor por Deus arrefeça, arrefeça pouco a pouco. Hoje, Jesus oferece-nos o remédio para aquecer uma fé tíbia. E qual é o remédio? Oração. A oração é o remédio da fé, a restauradora da alma. Deve, no entanto, ser uma oração constante. Se tivermos de seguir uma cura para melhorar, é importante segui-la bem, tomar os medicamentos de forma correta e no momento estabelecido, com constância e regularidade. Em tudo na vida há uma necessidade disto. Pensemos em uma planta que temos em casa: devemos nutri-la com constância todos os dias, não a podemos encharcar e depois deixá-la sem água durante semanas! Isto é válido para oração: não podemos viver apenas de momentos fortes ou de encontros intensos de vez em quando e depois “entrar em hibernação”. A nossa fé secará. Precisamos da água diária da oração, precisamos de tempo dedicado a Deus, para que Ele possa entrar no nosso tempo, na nossa história; momentos constantes em que abrimos o nosso coração a Ele, para que possa derramar amor, paz, alegria, força, esperança em nós todos os dias; isto é, alimentar a nossa fé.

Por isso Jesus fala hoje aos seus discípulos - a todos, não apenas a alguns! - «sobre a obrigação de orar sempre, sem desfalecer» (v. 1). Mas pode-se objetar: “Mas como faço? Não vivo em um convento, não tenho muito tempo para rezar”. Talvez uma prática espiritual sábia possa vir em auxílio desta dificuldade, que é verdadeira, que hoje está um pouco esquecida, que os nossos idosos, especialmente as nossas avós, conhecem bem: a das chamadas orações jaculatórias. O nome está um pouco desatualizado, mas a substância é boa. Do que se trata? Orações muito curtas, fáceis de memorizar, que podemos repetir frequentemente durante o dia, no decorrer de várias atividades, para ficarmos “sintonizados” com o Senhor. Tomemos alguns exemplos. Assim que acordamos, podemos dizer: “Senhor, agradeço-te e ofereço-te este dia”: esta é uma breve oração; depois, antes de uma atividade, podemos repetir: “Vem, Espírito Santo”; e entre uma coisa e outra podemos rezar assim: “Jesus, confio em ti, Jesus, amo-te”. Pequenas orações, mas que nos mantêm em contato com o Senhor. Quantas vezes enviamos “pequenas mensagens” a pessoas que amamos! Façamo-lo também com o Senhor, para que o coração permaneça ligado a Ele. E não nos esqueçamos de ler as suas respostas. O Senhor responde, sempre. Onde as encontramos? No Evangelho, que   deve sempre estar à mão para ser aberto algumas vezes durante o dia, para receber uma Palavra de vida dirigida a nós.

E voltemos àquele conselho que tantas vezes dei: tende convosco um pequeno Evangelho, no bolso, na bolsa, e assim, quando tiverdes um minuto, abri-o e lede algo, e o Senhor responderá.
Que a Virgem Maria, fiel na escuta, nos ensine a arte de rezar sempre, sem nos cansar.


Fonte: Santa Sé.

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