“Cristo está presente na sua Palavra, pois é Ele que fala
quando se proclama na Igreja a Sagrada Escritura” (cf. Sacrosanctum Concilium,
n. 7).
Há
um ano, no dia 27 de outubro de 2021, destacamos aqui em nosso blog cinco Dissertações de Mestrado do Programa de Estudos
Pós-Graduados em Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP).
As
cinco Dissertações, defendidas entre 2017 e 2019, propunham um diálogo entre a
Liturgia e o pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman (†2017), o qual
descreve a sociedade atual como “modernidade líquida”.
Nesta
postagem gostaríamos de dar continuidade à proposta com outras quatro Dissertações relacionadas à
Liturgia defendidas na PUC-SP entre 2017 e 2021.
Brasão da PUC-SP |
Seguem os resumos de cada Dissertação, as quais podem ser acessadas na íntegra nos links a seguir:
A Celebração da
Palavra de Deus à luz do Concílio Vaticano II: Elementos restaurados, fonte de
fé e Mistério Pascal de Cristo
André Luiz Massaro
Orientador: Ney de Souza
2017, 198 páginas
O presente trabalho teve como objetivo refletir sobre a Celebração
da Palavra de Deus restaurada pelo Concílio Vaticano II, apontando suas
diversas modalidades celebrativas que podem ser celebradas pelas famílias como
uma fonte de abastecimento e crescimento na fé cristã, a partir do conhecimento
e valorização de elementos resgatados com a reforma litúrgica do Vaticano II e
que estão explícitos na Constituição Sacrosanctum
Concilium. Neste sentido, buscou-se fazer um resgate histórico sobre todo o
trabalho dos Padres conciliares do Vaticano II, os quais levaram a Liturgia da
Igreja a um movimento de retorno às suas fontes bíblicas e patrísticas. Assim,
por uma aplicada investigação, constata-se que a Celebração da Palavra de Deus
não existe para sanar a falta de ministros ordenados e/ou por sua vez para
substituir a dificuldade da Celebração da Eucaristia. Ela possui suas
características próprias e peculiares, e que podem levar o batizado a um grau
mais profundo de evangelização. A partir do método teológico “ver, julgar e
agir” buscou-se demonstrar toda gama de elementos que enaltecem a Liturgia da
Palavra de Deus celebrada pelas comunidades em capelas, igrejas, varandas,
fábricas, casas e nos lugares mais improvisados que se possa imaginar, mas que
deve ser celebrada de maneira ativa, plena e consciente, alcançando uma
participação frutuosa para a vida. A proposta é provocativa e para atingir seus
objetivos exige estudo, conhecimento e fidelidade à sagrada Liturgia da Igreja,
possibilitando o protagonismo leigo; uma coalisão com uma tentação de
Igreja-clericalista; levando os leigos a de fato viverem sua vocação de sal da
terra e luz no mundo nas fronteiras de missão: uma Igreja samaritana e em saída.
Capítulos:
1. A renovação litúrgica como retorno às fontes da Igreja
2. A Celebração da Palavra de Deus: Fonte de fé e celebração do Mistério Pascal de Cristo
3. Um novo jeito de celebrar para um novo jeito de ser Igreja
O poder dado por
Cristo para expulsar o mal do meio dos homens: Uma teologia do Ritual do
Exorcismo
Rafael Ferreira da Silva
Orientador: Pedro Kuniharu Iwashita
2018, 118 páginas
Objetivo: Abordar
de forma teológica o Ritual de Exorcismo Romano, permitindo uma maior
divulgação deste sacramental tão importante na Igreja. Justificativa: Existe cada vez mais uma maior exposição sobre o
assunto do exorcismo, seja na mídia, seja nas assembleias dos fiéis. Todavia,
essa exposição vem carregada de exageros folclóricos, culturais e fantasiosos.
Com isso a necessidade de abordar cientificamente o exorcismo entendendo como
um real combate que a Igreja assume. Hipótese:
A ação do Demônio é real e ele inicia um combate com a humanidade que
anteriormente já havia iniciado no campo angélico. Assim, o Ritual Romano do
Exorcismo exerce o mandato de Cristo sobre a Igreja Apostólica, o poder dado
por Cristo aos homens de expulsar o mal do mundo. Metodologia: Trabalho dividido em três capítulos. No primeiro
momento busca-se conhecer a natureza maligna do demônio, um anjo decaído. Como
o desenvolvimento das Sagradas Escrituras e da Tradição reconhece a presença do
maligno e mostrará Jesus como o grande exorcista. No segundo capítulo, a Igreja
consciente do seu ministério de exorcista desenvolverá o Ritual ao longo dos
séculos, da Era apostólica ao Concílio Vaticano II. No terceiro capítulo uma
análise do Ritual do Exorcismo, observando o seu agir litúrgico e como ele é um
verdadeiro instrumento de Combate Espiritual.
Capítulos:
1. A existência do mal
2. A história do Exorcismo
3. A teologia do Ritual do Exorcismo
A realidade da música litúrgica em consonância
com a inteligência senciente do filósofo Xavier Zubiri
Deivid
Rodrigo dos Santos Tavares
Orientador:
Valeriano dos Santos Costa
2021, 99 páginas
A
música litúrgica tem a finalidade de fornecer ao rito beleza e expressividade
real do memorial pascal de Cristo, o qual é mistério da fé humana e fonte de
salvação. Cantar a Liturgia é cantar a realidade litúrgica que o rito pede e a
assembleia participante profere clara e fielmente o sentido que esta ação
litúrgica tem para sua caminhada de fé. O canto ritual abre maior possibilidade
para compreensão do ato celebrativo. Em harmonia com o pensamento filosófico de
Xavier Zubiri que tem uma nova forma de compreensão de realidade, a partir da
apreensão primordial é que o ser humano se funda na realidade, ou, melhor dizendo,
na inteligência senciente que tem por momentos distintos o sentir e o
inteligir. Essas duas formas de apreensão de realidade aplicadas à Liturgia e
mais precisamente à música litúrgica é o que mais existente há na compreensão
da realidade da música que canta o mistério de Cristo celebrado na Palavra e na
Eucaristia. Apreender sentindo impressivamente e por estimulidade dando-se
conta daquilo que já se encontra presente na intelecção. Cantar a Liturgia é
suscitar o mistério celebrado já atualizado na inteligência senciente e que
desperta na vida do povo um olhar para uma nova realidade litúrgica mergulhada
no que a Igreja diz em seus documentos conciliares e nas conferências
episcopais e locais.
Capítulos:
1. A inteligência senciente e a dinâmica de apreensão da realidade em Xavier Zubiri
2. A música que canta a realidade do mistério celebrado
3. Cenário atual da música litúrgica no Brasil e sua interface com o pensamento zubiriano
A dimensão orante da celebração dominical
da Palavra de Deus
Veronice
Fernandes
Orientador:
Valeriano dos Santos Costa
2021, 268 páginas
No Brasil, cerca de 70% das comunidades se reúnem no domingo
para celebrar os mistérios da fé em torno da Palavra de Deus. É pertinente
refletir sobre a dimensão orante da celebração da Palavra de Deus, justamente
por ser uma prática celebrativa de comunidades que estão situadas nas
periferias das cidades, ou nos sertões e interiores afora. Essas celebrações
podem ser espaço para nutrir a espiritualidade, a mística, o diálogo com Deus,
direitos de todos os batizados, sobretudo dos mais pobres, privados de tantas
coisas. Utilizamos, em nossa pesquisa, o método que olha, conhece, apreende a
realidade, ou seja, a prática litúrgica. Reflete sobre esta prática à luz da
Tradição e elabora critérios para esta mesma prática, ou seja, basicamente o
método ver-julgar-agir. Primeiramente, apresentamos dados da experiência orante
de participantes nas celebrações dominicais da Palavra de Deus, obtidos por
meio de um questionário que foi respondido por membros da Paróquia N. S. das
Graças, situada em Osasco (SP). Em seguida, desenvolvemos um instrumental
teórico, com noções sobre a oração litúrgica, a oração em geral e a celebração
dominical da Palavra de Deus. Os dados da realidade, lidos à luz do
instrumental teórico, fazem-nos perceber que entre a prática atual e a Tradição
há pontos convergentes e pontos divergentes. Pudemos constatar que nas
celebrações da Palavra das comunidades de Osasco não falta a dimensão orante,
mesmo que os entrevistados nem sempre a sintam e a reconheçam, mas existem
também, dificuldades que impedem que estas celebrações sejam sempre orantes.
Por último, apresentamos sugestões para a realização de celebrações dominicais
da Palavra que sejam, na realidade, tão orantes quanto por sua natureza elas
deveriam ser.
Capítulos:
1. A experiência de membros da Paróquia N.S. das Graças sobre a dimensão orante da Celebração da Palavra de Deus
2. A oração litúrgica
3. A Celebração Dominical da Palavra de Deus: Aspectos históricos e considerações oficiais do Magistério da Igreja
4. A Celebração Dominical da Palavra de Deus: Um acontecimento litúrgico
5. A dimensão orante da Celebração Dominical da Palavra de Deus, um confronto entre a realidade e a tradição bíblico-teológico-litúrgica
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