sábado, 17 de novembro de 2018

Homilia: XXXIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Santo Efrém
Canto fúnebre 41
És, Senhor, a esperança de todos e a vida dos que morem

Lutador valente! O dia do juízo será o fim dos teus trabalhos; entraste no combate e saíste vitorioso, consumaste a carreira e guardaste firme a fé; o Filho de Deus recompensará os teus esforços: aquele dia será para ti dia de prêmio. Quando elevar-se o Oriente desde o alto do céu para redimir-nos das trevas do sepulcro, pede-lhe que as orações lhe sejam hóstias e oblações gratíssimas; confia que ao vir o Senhor também ouvirás sua voz e ressuscitarás.

Filhos, recebei a doutrina de vosso pai, o testamento de sua herança: ambas procedem do Senhor e permanecerão para sempre. Com exceção de sua doutrina, tudo passa, tudo é efêmero: o mundo passa, passam as ilusões e os sofrimentos; somente perdura a vida naqueles que viveram bem e a assumiram como tempo de ganhar méritos. Esses, ao final dos séculos, buscarão o Rei, que virá majestoso. As coisas boas que nos ensinaram, estas não passam; dai-me, caríssimos, este consolo de que todos, todos, caminheis na verdade e na sã doutrina, pois assim, quando o Esposo se tornar visível, eu também me alegrarei da felicidade de meus filhos.

Ai! Vejo-me obrigado a deixar todos os bens que juntei, até a veste, e nu e pobre partir deste mundo. Todas as riquezas em que abundava e a própria vida me abandonam: as honras, os tesouros ficam na padieira de meu mausoléu; não podem passar adiante, aonde colocam o seu dono. Meus parentes também partirão, me desprezarão. Somente o olhar-me lhes ofenderá; e minha mulher e meus filhos, ao ver-me despojado de minha primeira honra, no mesmo instante sairão, aterrados pelo vazio da noite que rodeará meu cadáver.

Ricos e poderosos, venham aqui e considerai qual é a transformação que se opera em tudo que é nosso, e qual seu paradeiro final... És, Senhor, a esperança de todos e a vida dos que morrem, ainda que para ti não estejam perdidos os que morrem, mas adormecidos... Pois, segundo isto, meu Deus, que me purifiques com a tua graça das máculas com que me sujou minha depravada natureza, não vão fechar-me a entrada de glória prometida à virtude.

O nascimento de nosso Rei invicto comoveu o orbe inteiro, e, admirado, correu atrás dele. Ressuscitou aos mortos, deu vista aos cegos, limpou os leprosos, venceu a morte e o demônio e assegurou a liberdade de nossa estirpe. Ele mesmo, morto e sepultado, saiu do sepulcro cheio de glória e claridade para voltar ao céu, à destra de seu Pai. Quando chegue a hora, descerá segunda vez ao mundo com grande majestade, rodeado das hostes dos espíritos celestiais. Então cumprirá a promessa feita no Evangelho e realizará a sua ascensão triunfante aos céus e dará para sempre a herança íntegra da bem-aventurança eterna.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 508-509. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de São Jerônimo para este domingo, clique aqui.

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