Santo Efrém
Canto fúnebre 41
És,
Senhor, a esperança de todos e a vida dos que morem
Lutador valente!
O dia do juízo será o fim dos teus trabalhos; entraste no combate e saíste
vitorioso, consumaste a carreira e guardaste firme a fé; o Filho de Deus
recompensará os teus esforços: aquele dia será para ti dia de prêmio. Quando
elevar-se o Oriente desde o alto do céu para redimir-nos das trevas do
sepulcro, pede-lhe que as orações lhe sejam hóstias e oblações gratíssimas;
confia que ao vir o Senhor também ouvirás sua voz e ressuscitarás.
Filhos, recebei
a doutrina de vosso pai, o testamento de sua herança: ambas procedem do Senhor
e permanecerão para sempre. Com exceção de sua doutrina, tudo passa, tudo é
efêmero: o mundo passa, passam as ilusões e os sofrimentos; somente perdura a
vida naqueles que viveram bem e a assumiram como tempo de ganhar méritos.
Esses, ao final dos séculos, buscarão o Rei, que virá majestoso. As coisas boas
que nos ensinaram, estas não passam; dai-me, caríssimos, este consolo de que
todos, todos, caminheis na verdade e na sã doutrina, pois assim, quando o
Esposo se tornar visível, eu também me alegrarei da felicidade de meus filhos.
Ai! Vejo-me
obrigado a deixar todos os bens que juntei, até a veste, e nu e pobre partir
deste mundo. Todas as riquezas em que abundava e a própria vida me abandonam:
as honras, os tesouros ficam na padieira de meu mausoléu; não podem passar
adiante, aonde colocam o seu dono. Meus parentes também partirão, me desprezarão.
Somente o olhar-me lhes ofenderá; e minha mulher e meus filhos, ao ver-me
despojado de minha primeira honra, no mesmo instante sairão, aterrados pelo
vazio da noite que rodeará meu cadáver.
Ricos e
poderosos, venham aqui e considerai qual é a transformação que se opera em tudo
que é nosso, e qual seu paradeiro final... És, Senhor, a esperança de todos e a
vida dos que morrem, ainda que para ti não estejam perdidos os que morrem, mas
adormecidos... Pois, segundo isto, meu Deus, que me purifiques com a tua graça
das máculas com que me sujou minha depravada natureza, não vão fechar-me a
entrada de glória prometida à virtude.
O nascimento de
nosso Rei invicto comoveu o orbe inteiro, e, admirado, correu atrás dele.
Ressuscitou aos mortos, deu vista aos cegos, limpou os leprosos, venceu a morte
e o demônio e assegurou a liberdade de nossa estirpe. Ele mesmo, morto e
sepultado, saiu do sepulcro cheio de glória e claridade para voltar ao céu, à
destra de seu Pai. Quando chegue a hora, descerá segunda vez ao mundo com
grande majestade, rodeado das hostes dos espíritos celestiais. Então cumprirá a
promessa feita no Evangelho e realizará a sua ascensão triunfante aos céus e
dará para sempre a herança íntegra da bem-aventurança eterna.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 508-509. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
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