Santo Agostinho
Tratado sobre a Primeira Carta de João
Cremos
em Jesus, a quem não vimos
Cremos em Jesus,
a quem não vimos. O anunciaram aqueles que o viram, aqueles que o apalparam,
aqueles que escutaram as palavras de sua boca. E para convencer disto o gênero
humano, foram enviados por ele, não ousaram ir por iniciativa própria. E para
onde foram enviados? Ouvistes ao escutar o Evangelho: Ide ao mundo inteiro e proclamou o Evangelho a toda criação.
Portanto, a todo o mundo foram enviados os discípulos, conformando a Palavra
com sinais e prodígios para serem cridos, pois pregavam o que tinham visto.
E nós cremos em
quem não vimos e do qual esperamos retorno. Todos quantos o esperam com fé se
alegrarão com sua vinda; os que não têm fé se envergonharão quando vier o que
agora não veem. Mantenhamo-nos, pois, fiéis às suas palavras, para não ficarmos
confundidos quando vier. O mesmo diz no Evangelho aos que tinham crido nele: Se vos mantiverdes em minha palavra sereis
verdadeiramente meus discípulos. E antecipando-se a uma possível pergunta, “Qual
será a recompensa?”, acrescenta: Conhecereis
a verdade e a verdade vos tornará livres.
Portanto, de
momento nossa salvação radica na esperança, não na realidade; porque ainda não
possuímos o que nos prometeu, mas esperamos possuí-lo no futuro. E aquele que
prometeu é fiel, não te engana: o importante é que não percas a esperança, mas
esperes a promessa. De fato, a verdade não conhece o engano. Não sejas
mentiroso, professando uma coisa e fazendo outra; conserva a fé e ele te
manterá sua promessa. Contudo, se não mantiveres a fé, tu mesmo te defraudas, e
não aquele que fez a promessa.
Se sabeis que ele é justo, reconhecei que
todo o que obra a justiça nasceu dele. Agora nossa justiça procede da fé. A
justiça perfeita somente se dá aos anjos, e apenas nos anjos, se são comparados
com Deus. No entanto, se ocorre uma justiça perfeita nas almas ou nos espíritos
criados por Deus, esta se realiza nos anjos santos, justos, bons, para aqueles
que nenhuma queda desviou, para aqueles que a soberba não precipitou, mas
permaneceram sempre na contemplação do Verbo de Deus, e que em nenhum outro
encontram sua felicidade, senão naquele que os criou. Neles a justiça é
perfeita; em nós, pelo contrário, começou a existir pela fé segundo o Espírito.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 360-361. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
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