terça-feira, 24 de abril de 2018

Homilia do Papa: III Domingo da Páscoa - Ano B

Visita à Paróquia Romana de São Paulo da Cruz
Homilia do Papa Francisco
Domingo, 15 de abril de 2018

Os discípulos sabiam que Jesus tinha ressuscitado, porque Maria Madalena o dissera de manhã; depois Pedro tinha-o visto; em seguida os discípulos que voltaram de Emaús tinham contado o encontro com Jesus ressuscitado. Sabiam-no: ressuscitou e vive. Mas aquela verdade não tinha entrado no coração. Aquela verdade, sim, sabiam-na, mas duvidavam. Preferiam conservar aquela novidade na mente, talvez. É menos perigoso manter uma novidade na mente do que tê-la no coração. É menos perigoso.

Estavam todos reunidos e o Senhor apareceu. E inicialmente eles assustaram-se e pensaram que se tratava de um fantasma. Mas Jesus diz-lhes: «Não, vede, tocai-me. Vede as chagas. Um fantasma não tem corpo. Vede, sou Eu!». Mas por que não acreditavam? Por que duvidavam? Há uma palavra no Evangelho que nos dá a explicação: «Porque devido à alegria ainda não acreditavam e ficaram estupefatos...». Devido à alegria não conseguiam acreditar. Era tanta aquela alegria! Se isto é verdade, é uma alegria imensa! «Ah, eu não acredito. Não consigo». Não podiam acreditar que houvesse tanta alegria; a alegria que leva a Cristo.

Acontece também a nós quando nos dão uma boa notícia. Antes de a receber no coração dizemos: «É verdade? Mas como sabes isso? Onde o ouviste?». Fazemo-lo para ter a certeza, porque, se isto é verdade, é uma alegria imensa. Isto acontece a nós com coisas pouco significativas, imaginai os discípulos! Era tanta a alegria que era melhor dizer: «Não, não acredito». Mas estava ali! Sim, mas não podiam, não podiam aceitar; não podiam deixar passar para o coração aquela verdade que viam. E no fim, obviamente, acreditaram. É esta a “juventude renovada” que o Senhor nos dá. Na oração da Coleta falámos disto: a “juventude renovada”. Nós estamos habituados a envelhecer com o pecado... O pecado envelhece o coração, sempre. Torna o teu coração duro, velho, cansado. O pecado cansa o coração e perdemos um pouco a fé em Cristo Ressuscitado: «Não, não penso... Isto causaria tanta alegria... Sim, sim, está vivo, mas está no céu para os seus assuntos...». Mas os seus assuntos sou eu! Cada um de nós! Mas não somos capazes de fazer esta ligação.

O apóstolo João, na segunda Leitura, diz: «Se alguém pecou temos um advogado junto do Pai». Não tenhais medo, Ele perdoa. Ele renova. O pecado envelhece-nos, mas Jesus, ressuscitado, vivo, renova-nos. É esta a força de Jesus ressuscitado. Quando recebemos o sacramento da Penitência é para sermos renovados, para rejuvenescermos. E Jesus ressuscitado faz isto. É Jesus ressuscitado que hoje está no meio de nós: estará aqui no altar; está na Palavra... E no altar estará assim: ressuscitado! É Cristo que nos quer defender, o Advogado, quando nós pecamos, para nos rejuvenescer.

Irmãos e irmãs, peçamos a graça de acreditar que Cristo está vivo, ressuscitou! Esta é a nossa fé, e se acreditarmos nisto, as outras coisas são secundárias. Esta é a nossa vida, esta é a nossa verdadeira juventude. A vitória de Cristo sobre a morte, a vitória de Cristo sobre o pecado. Cristo está vivo. «Sim, sim, agora recebo a Comunhão...». Mas quando recebes a Comunhão, tens a certeza de que Cristo está vivo ali, que ressuscitou? «Sim, é um pouco de pão abençoado...». Não, é Jesus! Cristo está vivo, ressuscitou e permanece entre nós e se não crermos nisto, nunca seremos bons cristãos, não o podemos ser.

«Mas por que devido à alegria ainda não acreditavam e estavam cheios de admiração». Peçamos ao Senhor a graça de que a alegria não nos impeça de acreditar, a graça de tocar Jesus ressuscitado: tocá-lo no encontro mediante a oração; no encontro através dos sacramentos; no encontro com o seu perdão que é a juventude renovada da Igreja; no encontro com os doentes, quando os vamos visitar; com os presos, os mais necessitados, as crianças, os idosos. Se sentirmos vontade de fazer algo de bom, é Jesus ressuscitado que nos impele a isso. É sempre a alegria, a alegria que nos faz jovens. Peçamos a graça de sermos uma comunidade jubilosa, porque cada um de nós tem a certeza, tem fé, encontrou Cristo ressuscitado.


Fonte: Santa Sé.

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