Na sequência das postagens da Rádio Vaticano sobre “Dez aspectos da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II”, trazemos hoje,
vivendo ainda o Tempo Pascal, dois textos sobre a valorização da Vigília
Pascal:
No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio
Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a reforma litúrgica, destacando no
programa de hoje, a valorização da Vigília Pascal.
Estamos em plena Semana Santa - a “Semana Maior” para nós
cristãos - e a reforma litúrgica trazida pelo Concílio Vaticano II, incidiu
também na forma de celebrá-la. Recordamos que o Papa Pio XII já havia
determinado que a Vigília Pascal voltasse a ser celebrada como o era nos primórdios,
ou seja, na noite de sábado para o Domingo de Páscoa, o que foi confirmado pelo
Concílio Vaticano II.
Faltam dois aspectos do 10 importantes pontos que escolhemos
da Renovação Litúrgica a partir da Constituição
Sacrosanctum Concilium: A Vigília Pascal e o Mistério Pascal. Embora uma
única temática, separamos aqui pedagogicamente nosso comentário, devido à importância
particular de cada um.
A Vigília Pascal foi restabelecida por Pio XII, já antes do
Concilio. Em 1951, o Papa Pio XII mandou celebrar a Vigília Pascal de novo como
era nas origens, a saber, na noite do Sábado Santo para o Domingo da Páscoa. A
reforma do concílio Vaticano II a confirmou.
Antes da reforma litúrgica da Semana Santa feita por Pio
XII, a Vigília Pascal era celebrada durante o dia, destoando da primitiva
tradição litúrgica. Para tanto, proporcionando o escuro que ainda hoje é
requerido, tampavam as janelas das igrejas. Pelo século VII, anteciparam a
celebração da Vigília pascal da noite do sábado para as 14h do sábado.
Posteriormente, a partir do século XVI, com o Papa Pio V,
vemos a Vigília antecipada para mais cedo ainda, para as 9h da manhã do sábado
– prática que vigorou até 1955 [1]. Mas agora, tanto na forma nova quanto no
rito antigo, é ordenado que a Vigília só seja celebrada à noite, pelo menos
depois que o sol se ponha e antes de amanhecer o domingo.
Com isso se resgatou o valor e sentido supremos da Páscoa da
ressurreição. A Vigília Pascal é a festa das festa, a Vigília das vigílias, a
noite das noites. A Vigília Pascal é o centro de todas as Eucaristias e a fonte
de todas as liturgias. Da noite da Páscoa, toda a espiritualidade da Igreja
primitiva partia. Esta noite, a noite santa a noite sacramental, a noite do
memorial do Cristo Ressuscitado dos mortos, é o centro de toda a Liturgia.
O Catecismo da Igreja Católica, renovado a partir das
mudanças do Concílio, acentua a importância da solenidade Pascal: “Por isso, a
páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a “festa das festas”,
“solenidade das solenidades”, como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos
(o grande sacramento). Santo Atanásio a denomina “o grande domingo como a
semana santa é chamada no Oriente “a grande semana”. O mistério da
ressurreição, no qual Cristo esmagou a morte, penetra nosso velho tempo com sua
poderosa energia até que tudo lhe seja submetido” (CIC, 1169).
Na noite da Vigília Pascal, os catecúmenos eram
preferencialmente batizados, após uma preparação intensa catecumenal de 3 ou
mais anos. Por isso, a celebração do batismo de adultos, dentro da vigília
Pascal ainda é recomendada com insistência porque traduz essa realidade nova,
do renascer da Páscoa. Somos, na verdade, todos filhos da Páscoa. Nascemos na
noite santa da vitória de Cristo sobre a morte".
No nosso espaço Memória História – 50 anos do Concílio
Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a celebração da Vigília Pascal após
Pio XII.
Na noite do Sábado Santo, o Papa Francisco presidiu na
Basílica de São Pedro à Celebração da Vigília Pascal com o batismo de 8
catecúmenos adultos, provenientes de diferentes países.
A Vigília Pascal, como falamos em nosso programa anterior,
foi restabelecida pelo Papa Pio XII, já antes do Concilio Vaticano II. Em 1951,
de fato, o Pastor Angelicus - como era chamado - celebrou a Vigília Pascal como era feito nas
origens, ou seja, na noite do Sábado Santo para o Domingo da Páscoa. O Concílio
Vaticano II apenas confirmou esta decisão.
Antes da reforma litúrgica da Semana Santa feita por Pio
XII, a Vigília Pascal era celebrada durante o dia, destoando da primitiva
tradição litúrgica. Para tanto, para proporcionar o escuro que ainda hoje é
requerido, eram tapadas as janelas das igrejas. Pelo século VII, anteciparam a
celebração da Vigília pascal da noite do sábado para as 14h do sábado.
Na edição de hoje, padre Gerson Schmidt dá continuidade em
sua reflexão ao tema da Vigília Pascal e o sentido da Páscoa:
“Queremos recordar algumas coisas que aqui já lembramos
quando da celebração da Páscoa. A noite da Vigília Pascal não pode ser
comparada com nenhuma Missa, nem com nenhuma vigília de oração, nem com nada. A
comparamos sim com a Páscoa Judaica, memorial irrevogável de Deus com um povo
escolhido.
Mas a Páscoa Cristã é todo um memorial junto com o qual o
próprio Deus se empenhou para realizar esta Aliança que prometeu a Abraão e os
profetas. A Páscoa não é uma missa de meia noite, mas algo muito maior. É Deus
que passa.
Nós não celebramos a Páscoa ou vamos à Páscoa ou damos algo
à Páscoa. É a páscoa que vem com potência a nós. Deus irrompe e o poder da sua
passagem (Pessach - Páscoa) convida-nos a sair de nosso Egito interior, das
trevas de nossos pecados, de nossas ilusões, para passar da escravidão à
liberdade, da tristeza à alegria, da morte para a ressurreição, no hoje de
nossa vida.
É a páscoa que Jesus Cristo fez. Agora, a Páscoa, a vitória
de Cristo sobre todo o mal, vem para ser celebrada em nós.
Já Pio XII, na Encíclica Mediator
Dei, no número 144, já antes da SC, expunha essa ressurreição de cada um de
nós na Páscoa: “Na solenidade pascal, que comemora o triunfo de Cristo,
sente-se a nossa alma penetrada de íntima alegria, e devemos oportunamente
pensar que também nós, junto com o Redentor, surgiremos, de uma vida fria e
inerte para uma vida mais santa e fervorosa, a Deus oferecendo-nos todos, com
generosidade e esquecendo-nos desta mísera terra para só aspirar ao céu: ‘Se
ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas supremas, aspirai às coisas do
alto’ (Cl 3,1-2)”.
A festa pascal é o lugar onde tudo converge e a fonte da
qual tudo emana. Todo o culto cristão não é nada mais que uma celebração
continuada da Páscoa. Tudo brota da fonte pascal. Como o sol, que não cessa de
levantar-se sobre a terra, atrai para sua órbita todos os astros, a noite da
Páscoa é rodeada por todas as eucaristias que continuamente e diariamente, a
cada minuto, são celebradas em toda a terra, porque participam da Páscoa, assim
como participam todos os sacramentos e sacramentais.
São celebrações da grande Páscoa, do único Mistério Pascal.
O Catecismo da Igreja Católica, à luz do Concilio, diz: “O ano litúrgico é o
desdobramento dos diversos aspectos do único mistério pascal. Isto vale muito
particularmente para o ciclo das festas em tomo do mistério da encarnação
(Anunciação, Natal, Epifania) que comemoram o começo de nossa salvação e nos
comunicam as primícias do Mistério da Páscoa” (CIC, 1171).
Somos todos filhos desta Igreja que redescobriu o valor e o
sentido da Páscoa, da grande Vigília Pascal. O movimento litúrgico, bíblico e
toda a renovação conciliar trouxeram esse dinamismo a Páscoa, para colocar em
movimento a história e o mundo, o ser humano celebrativo, mergulhado na morte
de Cristo e ressuscitado com Ele. Na Páscoa, todas as coisas são renovadas em
Cristo”.
[1] Liturgia em Mutirão: subsídios para formação/CNBB, 1ª edição, 2007, p. 29-31.
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