Jornada Mundial da Juventude - Cracóvia
Missa de Abertura presidida pelo Cardeal Stanislaw Dziwisz
26 de julho de 2016
Saudação inicial
Queridos jovens amigos!
Chegou a hora que nós esperávamos há três anos.
Esperávamos este dia desde o momento quando o Papa
Francisco anunciou no Rio de Janeiro que a próxima Jornada Mundial da Juventude
acontecerá na Polônia, em Cracóvia.
O relógio na Basílica de Santa Maria, no coração
histórico de Cracóvia, contava os dias, as horas, os minutos e segundos até
este momento que agora vivemos.
Mas o relógio mais importante era o que registrava
os nossos pensamentos e sentimentos, e que nos preparou espiritualmente para
este encontro dos jovens discípulos do Mestre de Nazaré.
Vocês chegaram de todos os continentes e nações, do
leste e oeste, do norte e do sul da nossa Terra. Vocês trazem muitas
experiências, têm muitos desejos, falam muitas linguas. Mas partir de hoje nós
vamos conversar no idioma do Evangelho. É uma lingua de amor. É uma língua de
fraternidade, solidariedade e paz.
Bem-vindos à cidade de Karol Wojtyła - São
João Paulo II. Nesta cidade ele cresceu para servir à Igreja, daqui partiu para
percorrer os caminhos do mundo inteiro, para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.
Bem-vindos à cidade onde de modo muito especial
podemos experimentar o mistério e o dom da Divina Misericórdia.
Cari amici – benvenuti a Cracovia!
Dear
friends – welcome to Cracow!
Chers amis – bienvenus à Cracovie!
Liebe Freunde –
herzlich willkommen in Krakau!
Queridos amigos – bienvenidos a Cracovia!
Queridos amigos - Bem-vindos à Cracóvia!
Дорогие Друзья! Добро пожаловать в Краков!
Дорогі друзі, вітаємо у Кракові!
Bem-vindos! Saúdo a todos os cardeais, arcebispos e
bispos reunidos aqui em Cracóvia, no Parque Błonia que já foi santificado pelo
Papa João Paulo II, abençoado pelo Papa Bento XVI, e será abençoado pela
presença do Papa Francisco. Dou as boas vindas à delegação oficial do
Patriarcado Moscovita com seu Arcebispo Metropolitano. Dou as boas vindas a
todos os sacerdotes que estão concelebrando esta Santa Missa de Abertura da
Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia em 2016. E através de todos estes
participantes desta Missa, saúdo os jovens do mundo inteiro e todas as pessoas
de boa vontade.
Dizemos a todos que queremos viver em paz e rogamos
pelo dom da paz para nosso mundo conturbado, para que seja cessada a violência
e a injustiça, e que ninguém morra de fome. Rezemos para que a verdade de que
todos nós somos irmãos e irmãs venha à tona, porque somos todos filhos do Deus
único. O misericordioso coração de Deus é o lugar de todos nós!
Rezemos nesta Missa por todas as vítimas do
terrorismo nestes últimos tempos. Rezemos pelo sacerdote que foi assassinado
hoje durante a celebração da Santa Missa na França.
Irmãs e Irmãos, abramos os nossos corações para
receber a Palavra de Deus e o dom da Santa Missa. Que Jesus, o Salvador do
mundo, crucificado e ressuscitado esteja no meio de nós.
Levamos a Ele os nossos pensamentos e sentimentos,
nossas esperanças e expectativas desta Festa da Fé da Igreja jovem. Neste
Espírito começamos a Santa Missa.
Homilia do Cardeal Dziwisz
Queridos Amigos!
Escutando o diálogo entre Jesus ressuscitado e
Simão Pedro nas margens do Mar da Galiléia, escutando três vezes a pergunta
sobre o amor e a resposta, isto nos lembra a história da vida daquele pescador
da Galiléia.
Sabemos que um certo dia ele deixou tudo - a
família, o barco e as redes - e seguiu este Mestre extraordinário de Nazaré.
Ele tornou-se o discípulo Dele. Ele estava aprendendo do olhar Dele para Deus e
para o próximo. Ele viveu o sofrimento e a morte Dele e também passou por
momentos da sua fraqueza e traição. Mas depois ele experimentou a alegria da
Ressureição de Jesus que se revelou para seus próximos antes de entrar no céu.
Sabemos também muito bem o resto do diálogo, que na
verdade foi uma prova de amor. Que nós hoje escutamos no Evangelho.
Simão Pedro tornou -se, pelo poder do Espírito
Santo, a testemunha corajosa de Jesus Cristo. Tornou-se uma rocha da
Igreja nascente. E por tudo isto ele deu a sua vida na capital do Império
Romano, crucificado como o seu Mestre. O sangue derramado de Pedro se tornou
uma semente da fé e do crescimento da Igreja, que se espalhou pelo mundo
inteiro.
Hoje Jesus Cristo conversa conosco em Cracóvia, na
beira do rio Vístula, que percorre toda a Polônia, das montanhas até o mar. A
experiência de Pedro pode tornar-se também a nossa experiência e nos fazer
refletir.
Podemos nos fazer três perguntas e procurar as
respostas.
Primeiro: de onde nós viemos?
Segunda: onde nós estamos neste monento da nossa
vida?
E terceiro: para onde nós iremos e o que vamos
levar deste encontro?
De onde nós viemos?
Viemos “de todas as nações que há debaixo do céu”(
Act 2,5), como os peregrinos reunidos em Jerusalém no dia de Pentecostes, mas
nós somos mais numerosos do que aqueles de dois mil anos atrás. Porque nós
trazemos a riqueza dos séculos de evangelização, que se espalhou pelo mundo
inteiro.
Trazemos a riqueza das nossas culturas, tradições e
línguas. Trazemos as experiências das nossas Igrejas particulares. Trazemos os
testemunhos da fé e da santidade das gerações anteriores e da geração presente
dos nossos irmãos e irmãs, discípulos e discípulas de Jesus ressuscitado.
Viemos de todas as regiões do mundo, onde as
pessoas vivem em paz, onde as famílias são as comunidades do amor e da vida,
onde os jovens podem realizar seus desejos. Mas no meio de nós estão também os
jovens dos paises onde se sofre por causa dos conflítos e guerras, onde as
crianças sofrem com fome, onde os cristãos são perseguidos.
Entre nós estão os jovens de várias regiões do
mundo onde há violência, terrorismo, onde os governadores usam seu poder para
destruir o homem e as nações e usam ideologias insanas.
Nós chegamos a este encontro com nossas
experiências pessoais da nossa vida, onde viver o Evangelho neste mundo não é
facil. Trazemos nossos medos e decepções, porém também nossas saudades e
esperanças, nossos desejos de uma vida em mundo mais humano, mais fraterno e
solidário. Estamos conscientes das nossas fraquezas, mas cremos que “Tudo posso
Naquele que me fortalece”. ( Fl 4, 13) Nós podemos enfrentar estes desafios do
mundo de hoje, onde o homem tem que escolher entre a fé e a descrença, entre o
bem e o mal, entre o amor e tudo que é contrário ao amor.
Onde nós estamos neste monento da nossa vida?
Nós viemos de longe e de perto. Muitos de nós
percorreu milhões de quilômetros e investiu muito nesta viagem para estar hoje
conosco. Estamos em Cracóvia, a antiga capital da Polônia, onde 1050 anos atrás
chegou a luz da fé. A história da Polônia não foi fácil, mas sempre tentamos
ser fiel a Deus e ao Evangelho.
Hoje estamos aqui todos juntos, porque foi Jesus
que nos reuniu. Ele é a luz do mundo. Quem segue a Ele não andará nas trevas,
mas terá a luz da vida. (Jo 8, 12). Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo
14, 6). A quem iríamos? Ele tem as palavras de vida eterna. (Jo 6, 68).
Somente Ele, Jesus Cristo, pode realizar os desejos
mais profundos do nosso coração. Foi Ele que nos reuniu aqui. Ele está presente
no meio de nós. Ele nos acompanha como acompanhou os discípulos a caminho de
Emaús. Podemos confiar a Ele nossos medos e esperanças. Nestes dias Ele vai nos
fazer perguntas sobre o nosso amor, como no passado Ele perguntou a Simão
Pedro. Não evitem esta resposta.
Encontrando com Jesus podemos experimentar que
estamos construindo uma grande comunidade, a Igreja, que ultrapassa as
fronteiras que os homens criaram.
Somos todos filhos de Deus, resgatados pelo sangue
de Seu Filho Jesus Cristo.
A experiência da Igreja é uma experiência
maravilhosa da Jornada Mundial da Juventude. Porque somos nós que vamos
construir e mostrar para mundo inteiro a face da Igreja. Nós somos responsavéis
para que o Evangelho se espalhe pelo mundo e chegue a todos que ainda não
conhecem Jesus Cristo ou O conhecem pouco.
Amanhã virá o Papa Francisco, o Pedro do nosso
Tempo. Depois de amanhã vamos encontrar com Ele neste mesmo lugar. Nos próximos
dias escutaremos as palavras dele e rezaremos junto com ele. A presença do Papa
durante a JMJ é muito característica e faz parte desta Festa da Fé.
E finalmente a terceira pergunta : para onde nós iremos e o que vamos
levar deste encontro?
O nosso encontro dura somente alguns dias. Isso
será uma experiência espiritual muito intensa e também cansativa. Depois vamos
voltar para nossas casas e para nossas famílias, para as escolas, faculdades e
locais de trabalho. Talvez nestes dias vamos tomar uma decisão, fazer um
compromiso? Talvez vamos apontar os novos objetivos da nossa vida?
Talvez escutaremos a voz de Jesus que nos chama
para deixar tudo e seguir a Ele?
O que vamos levar deste encontro?
Melhor não responder agora. Mas vamos encarar este
desafio. Vamos partilhar nestes dias o que temos de mais precioso. Partilhem a
sua fé, as suas experiências e esperanças.
Meus queridos jovens amigos, formem nestes dias
seus corações e mentes. Escutem as catequeses que os bispos vão pregar. Escutem
a voz do Papa Francisco. Participem na Santa Liturgia. Que vocês possam
experimentar o amor do nosso Senhor no Sacramento da reconciliação. Conheçam
também as igrejas de Cracóvia, a riqueza desta cidade, mas também a
hospitalidade dos habitantes de Cracóvia e de outras cidades, onde vamos
encontrar o descanso.
Cracóvia vive o mistério da Divina Misericórdia
também graças à Santa Faustina e São João Paulo II, que mostraram para a Igreja
e o mundo inteiro esta característica de Deus. Voltando para seus países, casas
e comunidades, vocês levam a faísca de misericórdia, que vai lembrar a todos
que “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!” (Mt
5, 7).
Levem aos outros o fogo da sua fé para que os
corações de todas as pessoas possam bater no ritmo do Coração de Jesus, que é
“o fogo ardente do amor.”
Que o fogo do amor possa se espalhar pelo mundo
inteiro e tire o egoismo, a violência e injustiça, que na nossa terra possa se
espalhar a cultura do bem, do amor e da paz.
O profeta Isaías nos diz hoje “belos os pés do
mensageiro que anuncia a felicidade, que traz as boas novas e anuncia a
libertação”. (Is 52, 7).
Este mensageiro foi João Paulo II, o iniciador da
Jornada Mundial da Juventude, o amigo dos jovens e das famílias. E vocês também
sejam estes mensageiros. Tragam ao mundo a Boa Nova de Jesus Cristo. Deem o
testemunho que vale a pena confiar a sua vida a Jesus.
Abram a Jesus as portas dos seus corações.
Anunciem,como São Paulo, que nem a morte, nem a vida, (…) nem outra qualquer
criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus,
nosso Senhor.” (Rm 8, 38-39).
Amém!
Cardeal Stanisław Dziwisz
Arcebispo Metropolitano de Cracóvia
Nenhum comentário:
Postar um comentário