quinta-feira, 23 de junho de 2016

Angelus do Papa: XII Domingo do Tempo Comum

Papa Francisco
Angelus
Praça São Pedro
Domingo, 19 de Junho de 2016

Bom dia, amados irmãos e irmãs!
O trecho evangélico deste domingo (cf. Lc 9, 18-24) chama-nos mais uma vez a confrontar-nos, por assim dizer, «face a face» com Jesus. Num dos raros momentos tranquilos em que se encontra a sós com os seus discípulos, Ele pergunta-lhes: «Quem dizem que eu sou?» (v. 18). E eles respondem-lhe: «Uns dizem que és João Batista; outros, Elias; outros ainda pensam que ressuscitou um dos antigos profetas» (v. 19). Portanto, as pessoas estimavam Jesus e consideravam-no um grande profeta, mas ainda não estavam conscientes da sua verdadeira identidade, ou seja que Ele era o Messias, o Filho de Deus enviado pelo Pai para a salvação de todos.
Então, Jesus dirige-se diretamente aos Apóstolos - porque é isto que mais lhe interessa - e pergunta: «E vós, quem dizeis que eu sou?». Imediatamente, em nome de todos, Pedro responde: «O Cristo de Deus» (v. 20), ou seja: Tu és o Messias, o Consagrado de Deus, por Ele enviado para salvar o seu povo segundo a Aliança e a promessa. Assim, Jesus dá-se conta de que os Doze e em especial Pedro receberam do Pai o dom da fé; e por isso começa a falar-lhes abertamente - assim diz o Evangelho: «abertamente» - daquilo que o espera em Jerusalém: «É necessário que o Filho do Homem - diz - padeça muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário que seja levado à morte e que ressuscite no terceiro dia» (v. 22).
Hoje, aquelas mesmas perguntas são repropostas a cada um de nós: «Quem é Jesus para as pessoas do nosso tempo». Mas a outra é mais importante: «Quem é Jesus para cada um de nós?». Para mim, para ti, para ti, para ti...? Quem é Jesus para cada um de nós? Somos chamados a fazer da resposta de Pedro a nossa resposta, professando com alegria que Jesus é o Filho de Deus, a Palavra eterna do Pai que se fez homem para redimir a humanidade, derramando sobre ela a abundância da misericórdia divina. O mundo precisa mais do que nunca de Cristo, da sua salvação, do seu amor misericordioso. Muitas pessoas sentem um vazio ao seu redor e dentro de si - talvez, às vezes, até nós - e outras vivem na inquietação e na insegurança por causa da precariedade e dos conflitos. Todos nós temos necessidade de respostas adequadas às nossas interrogações, às nossas perguntas concretas. Em Cristo, somente nele, é possível encontrar a paz verdadeira e o cumprimento de todas as aspirações humanas. Jesus conhece o coração do homem como ninguém. É por isso que o pode curar, instilando-lhe vida e consolação.
Depois de ter concluído o diálogo com os Apóstolos, Jesus dirige-se a todos dizendo: «Se alguém quer vir após mim, renegue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me» (v. 23). Não se trata de uma cruz ornamental, nem de uma cruz ideológica, mas da cruz da vida, da cruz do próprio dever, da cruz do sacrifício pelo próximo com amor - pelos pais, pelos filhos, pela família, pelos amigos e até pelos inimigos - da cruz da disponibilidade a sermos solidários com os pobres e a comprometer-nos a favor da justiça e da paz. Quando assumimos esta atitude, estas cruzes, perdemos sempre algo. Nunca devemos esquecer-nos que «quem perder a própria vida [por Cristo], salvá-la-á» (v. 24). Trata-se de um perder para ganhar. E recordemos todos os nossos irmãos que ainda hoje põem em prática estas palavras de Jesus, oferecendo-lhes o seu tempo, o seu trabalho, o seu cansaço e até a sua vida para não negar a própria fé em Cristo. Mediante o seu Espírito Santo, Jesus dá-nos a força de ir em frente no caminho da fé e do testemunho: fazer aquilo em que cremos; não dizer uma coisa e fazer outra. E ao longo deste caminho Nossa Senhora está sempre próxima de nós e precede-nos: deixemo-nos pegar pela sua mão, quando atravessamos os momentos mais obscuros e difíceis.



Fonte: Santa Sé

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