Na sexta-feira após
o segundo domingo de Pentecostes (neste ano dia 03 de junho), a Igreja celebra
a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Esta solenidade, que há 160 anos foi
instituída pelo Papa Pio IX, recebe especial relevância no contexto do Ano
Santo da Misericórdia.
“O coração de
Jesus é Cristo, Verbo encarnado e Salvador, intrinsecamente voltado, no
Espírito, com infinito amor divino-humano para o Pai e para os homens, seus
irmãos. O coração de Jesus, portanto, é
a sede da misericórdia do Pai, que abriu os tesouros infinitos do seu amor
e da sua indulgência em relação à humanidade” [1]
As orações desta
Solenidade, embora não mencionem explicitamente a palavra “misericórdia”,
recordam diversas vezes o amor de Deus para conosco, manifestado sobretudo no
mistério da Morte de Cristo na Cruz [2]:
“Concedei,
ó Deus todo-poderoso, que, alegrando-nos pela solenidade do Coração do vosso
Filho, meditemos as maravilhas de seu amor...” (1ª opção de Coleta)
“Ó
Deus, que no Coração do vosso Filho, ferido por nossos pecados, nos concedestes
infinitos tesouros de amor...” (2ª opção de Coleta)
“Considerai,
ó Deus, o indizível amor do Coração do vosso amado Filho...”
(Oração
sobre as oferendas)
“Elevado
na Cruz, entregou-se por nós com imenso amor...” (Prefácio)
“Ó
Deus, que este sacramento da caridade nos inflame em vosso amor...”
(Oração
após a Comunhão)
Neste Ano C, as
leituras também evocam o tema da misericórdia [3], sobretudo o Evangelho:
trata-se da parábola da ovelha perdida (Lc 15,3-7), que figura entre as
chamadas “parábolas da misericórdia” de Lucas.
Merece destaque
aqui esta parábola: nós não apenas somos destinatários da misericórdia de Deus,
tal como a ovelha perdida, mas somos chamados a ser sujeitos de misericórdia
para com nossos irmãos, como ensina o Papa Francisco [4]: “Enquanto vai em busca da ovelha tresmalhada, ele suscita as outras
noventa e nove a fim de que participem na reunificação da grei. Então não
apenas a ovelha carregada nos ombros, mas o rebanho inteiro seguirá o pastor
até à sua casa para fazer festa com “amigos e vizinhos”.
Esta dimensão da
caridade/misericórdia para com os irmãos aparece também na Oração após a
Comunhão: “sempre voltados para o vosso
Filho, aprendamos a reconhecê-lo em cada irmão”.
Além disso, o
Papa Francisco quis associar a esta Solenidade neste ano o Jubileu dos
Sacerdotes. O Papa proferirá algumas meditações para os sacerdotes na
quinta-feira, dia 02, e celebrará a Santa Missa da solenidade na Praça São
Pedro no dia 03.
“É
oportuno que, em cada diocese e comunidade, nesta festa, se promovam momentos
de oração pelos sacerdotes, primeiros dispensadores da misericórdia divina, mas
também usufruidores da indulgência do único Pai” [5].
Vigília no Encerramento do Ano Sacerdotal (2010) |
Assim, onde for
possível, sobretudo nas catedrais, sugere-se organizar uma vigília de oração ou
um momento prolongado de Adoração Eucarística na intenção dos sacerdotes. Onde
não for possível, que ao menos se acrescente uma prece pelos sacerdotes na
Santa Missa e nas demais orações litúrgicas (celebrações da Palavra, Liturgia
das Horas).
Vale a pena
também nesta solenidade valorizar as diversas práticas de piedade em honra ao
Sagrado Coração de Jesus, que sempre fazem referência à sua misericórdia.
Destacam-se a Ladainha do Sagrado Coração e o Ato de Desagravo ao Sagrado
Coração, ambos aprovados pela Santa Sé e enriquecidos de indulgências. Tais
práticas convêm ser recitadas publicamente neste dia, antes ou após a Missa.
Por fim, neste
Ano Santo há a possibilidade de lucrar a indulgência plenária mediante a
peregrinação à Porta Santa. Portanto, é muito oportuno, se possível, organizar
uma peregrinação a uma Porta Santa nesta Solenidade, considerando que o Coração
de Jesus é a porta por excelência para a misericórdia do Pai:
“A entrada é
acessível: Cristo é a porta. Abriu-se também para ti quando o lado d’Ele foi
aberto pela lança. Lembra-te de que coisa saiu dali; então escolhe por onde tu
possas entrar. Do lado do Senhor que pendia da cruz e nela morria saiu sangue e
água quando foi aberto pela lança. Na água está a tua purificação, no sangue a
tua redenção”[6]
[1] PONTIFÍCIO
CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO. Celebrar a Misericórdia: Subsídio Litúrgico. São Paulo:
Paulus/Paulinas, 2015, p. 20.
[2] MISSAL
ROMANO, Tradução portuguesa para o Brasil da 2ª edição típica, p. 382-383.
[3] LECIONÁRIO
DOMINICAL A-B-C, Tradução portuguesa para o Brasil da 2ª edição típica, p.
873-876.
[4] PAPA
FRANCISCO. Catequese do dia 04 de maio de 2016.
[5] PONTIFÍCIO
CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO, op. cit., p. 21.
[6] SANTO AGOSTINHO. Comentários aos Salmos. In: Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, n. 168.
[6] SANTO AGOSTINHO. Comentários aos Salmos. In: Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, n. 168.
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