Santo Agostinho
Sermão 200 - Sobre a Epifania do Senhor
“A pedra angular uniu a si judeus e
gentios”
Agora, pois,
amadíssimos, filhos e herdeiros da graça, considerai vossa vocação e, uma vez
manifestado Cristo aos judeus e aos gentios, juntai-vos a ele com amor
incansável como a pedra angular. De fato, nos inícios de sua infância se
manifestou tanto aos que estavam próximos como aos que estavam longe. Aos
judeus, na proximidade dos pastores; e aos gentios, na distância dos magos.
Aqueles chegaram no mesmo dia em que ele nasceu; estes, segundo se crê, no dia
de hoje. Manifestou-se a eles, pois, sem que os primeiros fossem sábios nem os
segundos justos, pois na rusticidade dos pastores predomina a ignorância, e nos
sacrilégios dos magos, a impiedade.
Aquela pedra
angular uniu a si uns e outros, que escolheu o néscio do mundo para confundir
aos sábios, e chamar não aos justos, mas aos pecadores, para que ninguém, por
maior que seja, ensoberbeça-se e ninguém, ainda que seja o menor, perca a
esperança. Assim se explica que os escribas e fariseus, ainda que se tinham por
muito sábios e justos, ao mesmo tempo em que, lendo os divinos oráculos
mostraram a cidade em que havia de nascer (o menino), ao edificar o rechaçaram.
Mas como o menino se tornou pedra de alicerce, o que mostrou ao nascer o
cumpriu ao morrer.
Juntemo-nos a
ele em companhia de outra parede em que estão os restos de Israel, que por
eleição gratuita se salvaram. Eles, que haviam de unir-se proximamente, estão
simbolizados naqueles pastores, para que também nós, cuja vocação significava a
chega de longe dos magos, permaneçamos nele não mais como peregrinos e
hóspedes, mas como concidadãos dos santos e familiares de Deus, coedificados
sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Cristo a pedra angular. Ele
que fez dos dois povos um só, para que no um amemos a unidade e possuamos uma
caridade infatigável, para recuperar os galhos que, provindo da oliveira-brava,
também foram enxertados; porém, desgalhados pela soberba, converteram-se em
hereges. Poderoso é Deus para enxertá-los de novo!
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
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