Papa
Francisco
Ângelus
Domingo, 24 de janeiro de 2016
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No Evangelho de hoje (Lc 1,1-4; 4,14-21), antes de apresentar o discurso
programático de Jesus em Nazaré, o evangelista Lucas sintetiza brevemente a sua atividade
evangelizadora. É uma atividade que Ele cumpre com a força do Espírito
Santo: a sua palavra é original, porque revela o sentido das Escrituras; é uma
palavra influente, porque comanda até aos espíritos impuros e eles obedecem
(cf. Mc 1,27). Jesus é diferente dos mestres do seu tempo:
por exemplo, não abriu uma escola para o estudo da Lei, mas andava por toda
parte pregando e ensinando: nas sinagogas, pelas estradas, nas casas, sempre a
caminho! Jesus é diferente também em comparação com João Batista, o qual
proclama o julgamento iminente de Deus, ao passo que Jesus anuncia o seu perdão
de Pai.
E agora imaginemos que entramos também nós na sinagoga de Nazaré, a
aldeia onde Jesus cresceu até cerca de trinta anos. O que ali acontece é um
evento importante, que delineia a missão de Jesus. Ele levanta-se para ler a
Sagrada Escritura. Abre o rolo do profeta Isaías e lê o trecho onde está
escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me
para anunciar a boa nova aos pobres» (Lc 4,18). Em seguida, após
um momento de silêncio cheio de expectativa por parte de todos, diz, entre a
estupefação geral: «Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir» (v.
21).
Evangelizar os pobres: esta é a missão de Jesus, segundo quanto Ele diz;
esta é inclusive a missão da Igreja, e de cada batizado na Igreja. Ser cristão
e ser missionário é a mesma coisa. Anunciar o Evangelho, com a palavra e, antes
ainda, com a vida, é a finalidade principal da comunidade cristã e de cada seu
membro. Observa-se aqui que Jesus dirige a Boa Nova a todos, sem excluir
ninguém, aliás privilegiando os mais distantes, os sofredores, os doentes, os
descartados da sociedade.
Questionamo-nos: o que significa evangelizar os pobres? Significa em
primeiro lugar aproximar-nos deles, significa ter a alegria de servi-los, de libertá-los da opressão, e tudo isto em nome e com o Espírito de Cristo, porque Ele é o Evangelho de Deus, Ele é a Misericórdia de Deus, Ele é a libertação de
Deus, Ele se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. O texto de
Isaías, enriquecido com pequenos ajustes introduzidos por Jesus, indica que o
anúncio messiânico do Reino de Deus que veio entre nós se destina de maneira
preferencial aos marginalizados, aos prisioneiros, aos oprimidos.
Provavelmente no tempo de Jesus estas pessoas não estavam no centro da
comunidade de fé. Podemos perguntar-nos: hoje, nas nossas comunidades
paroquiais, nas associações, nos movimentos, somos fiéis ao programa de Cristo?
A evangelização dos pobres, levar-lhes a boa nova, é a prioridade? Atenção: não
se trata só de fazer assistência social, tampouco atividade política.
Trata-se de oferecer a força do Evangelho de Deus, que converte o coração, sara
as feridas, transforma as relações humanas e sociais segundo a lógica do amor.
Com efeito, os pobres estão no centro do Evangelho.
A Virgem Maria, Mãe dos evangelizadores, nos ajude a sentir fortemente a
fome e a sede do Evangelho que existe no mundo, especialmente no coração e na
carne dos pobres. E conceda a cada um de nós e a cada comunidade cristã de
testemunhar concretamente a misericórdia, a grande misericórdia que Cristo nos
doou.
Fonte: Santa Sé.
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