terça-feira, 9 de agosto de 2022

Ângelus do Papa: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 07 de agosto de 2022


Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
No Evangelho da Liturgia de hoje (Lc 12,32-48), Jesus fala aos discípulos para tranquilizá-los de qualquer medo e para convidá-los à vigilância. São duas as exortações fundamentais que lhes dirige: a primeira é «Não tenhais medo, pequeno rebanho» (v. 32); a segunda é: «Estai prontos» (v. 35). “Não tenhais medo” e “estai prontos”. Trata-se de duas palavras-chave para vencer os receios que às vezes nos paralisam e para superar a tentação de uma vida passiva e adormecida. “Não tenhais medo” e “estai prontos”: meditemos sobre estes dois convites.

Não tenhais medo. Em primeiro lugar, Jesus encoraja os discípulos. Acaba de lhes falar sobre o cuidado amoroso e providente do Pai, que se preocupa com os lírios do campo e as aves do céu, e, portanto, ainda mais com os seus filhos. Assim, não devemos preocupar-nos, nem agitar-nos: a nossa história está firmemente nas mãos de Deus. Este convite de Jesus a não ter medo encoraja-nos. Com efeito, às vezes sentimo-nos presos em um sentimento de desconfiança e angústia: é o medo de falhar, de não ser reconhecido e amado, o receio de não ser capaz de realizar os próprios projetos, de nunca ser feliz, e assim por diante. Então lutamos para procurar soluções, para encontrar algum espaço onde sobressair, para acumular bens e riquezas, para alcançar seguranças; e como acabamos? Acabamos por viver na ansiedade e na preocupação constante. Jesus, ao contrário, tranquiliza-nos: não tenhais medo! Confiai no Pai, que quer oferecer-vos tudo aquilo de que realmente tendes necessidade. Já vos ofereceu o seu Filho, o seu Reino, e acompanha-vos sempre com a sua providência, cuidando de vós todos os dias. Não tenhais medo: eis a certeza à qual o coração deve apegar-se! Não tenhais medo: um coração apegado a esta certeza. Não temais!

Mas saber que o Senhor vela sobre nós com amor não nos dá o direito de dormir, de se deixar levar pela preguiça! Pelo contrário, devemos permanecer acordados, vigilantes. Com efeito, amar significa estar atento ao outro, prestar atenção às suas necessidades, estar disposto a ouvir e a acolher, estar pronto.
A segunda palavra: Estai prontos. É o segundo convite de hoje. É sabedoria cristã. Jesus repete este convite várias vezes, e hoje fá-lo através de três breves parábolas, centradas em um senhor que, na primeira, regressa inesperadamente das bodas; na segunda, não quer ser surpreendido pelos ladrões; e, na terceira, regressa de uma longa viagem. Em todas a mensagem é a seguinte: é preciso permanecer acordado, não adormecer, ou seja, não se distrair, não ceder à preguiça interior, pois até em situações em que não o esperamos, o Senhor vem. Estar atento ao Senhor, não adormecer. É preciso permanecer acordado.
E no final da nossa vida pedirá que prestemos contas dos bens que nos confiou; portanto, estar vigilante significa também ser responsável, isto é, preservar e administrar esses bens com fidelidade. Recebemos muito: a vida, a fé, a família, as relações, o trabalho, mas também os lugares onde vivemos, a nossa cidade, a criação. Recebemos muito. Procuremos perguntar-nos: cuidamos desta herança que o Senhor nos deixou? Tutelamos a sua beleza ou usamos as coisas apenas para nós e para as nossas conveniências do momento? Devemos pensar um pouco sobre isto: somos guardiões do que nos foi concedido?

Irmãos e irmãs, caminhemos sem medo, na certeza de que o Senhor nos acompanha sempre. E mantenhamo-nos acordados, para não estarmos dormindo quando o Senhor passar. Santo Agostinho dizia: “Tenho medo que o Senhor passe e eu não o veja”; adormecer e não ver que o Senhor passa. Permanecei acordados! Que nos ajude a Virgem Maria, que acolheu a visita do Senhor e, com prontidão e generosidade, disse o seu “Eis-me aqui”.

A virgem vigilante e a virgem imprudente
(Jan Adam Kruseman)

Fonte: Santa Sé.

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