O Evangeliário ou Evangeliarium (do grego evangelion, boa notícia) é
o livro que contém as perícopes evangélicas, isto é, os trechos do Evangelho
lidos nas celebrações. O Evangeliário contém especificamente o Evangelho para
as Celebrações Eucarísticas dos domingos e solenidades em seu ciclo trienal
(anos ABC)
.
Por conter as palavras do próprio Cristo, “a leitura do Evangelho constitui o ponto alto da Liturgia da Palavra, para o qual a assembleia se prepara com as outras leituras” (OLM n.13). Assim, “sendo sempre o anúncio evangélico o ponto alto da Liturgia da Palavra, as duas tradições litúrgicas, a ocidental e a oriental, mantiveram uma diferença entre o Evangelho e as demais leituras. Com efeito, o livro dos Evangelhos era elaborado com grande cuidado, adornado e venerado mais do que qualquer outro Lecionário” (OLM n.36).
Assim, convém
que nas celebrações mais solenes utilize-se um Livro dos Evangelhos distinto do
livro das leituras, a fim de manifestar a primazia do Evangelho sobre os demais
livros da Sagrada Escritura. Este Livro dos Evangelhos distinga-se dos
Lecionários tanto pela nobreza de sua confecção quanto pelos sinais de
veneração.
Para a
Celebração Eucarística, o Evangeliário é conduzido elevado à procissão de
entrada pelo diácono ou, na sua falta, por um leitor. À chegada ao altar, é
depositado sobre este e aí permanece até a aclamação ao Evangelho.
Durante o canto
da aclamação, o diácono ou o sacerdote toma o Evangeliário sobre o altar e,
precedido pelos acólitos com incenso e velas, o conduz elevado até o ambão. Na
proclamação do Evangelho, o livro recebe os sinais de reverência da incensação
e do beijo do diácono ou do sacerdote.
Após a
proclamação do Evangelho, se o celebrante for bispo, pode dar a bênção com o
Evangeliário à assembleia, traçando com ele o sinal da cruz. Em seguida, o
Evangeliário é conduzido a um lugar digno, na credência ou mesmo na sacristia.
Em algumas
celebrações mais solenes, como na Solenidade do Natal do Senhor, na qual se
recorda que “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1, 14), a íntima
ligação entre a Palavra de Deus e a Encarnação pode ser ressaltada colocando-se
o Evangeliário à vista dos fieis em um lugar destacado, inclusive junto à
imagem do Menino Jesus, no Natal. Esta prática é adotada no Vaticano para as
celebrações do tempo do Natal.
Outros usos do
Evangeliário na Liturgia são:
- Proclamação do Evangelho nos sacramentos e sacramentais, quando celebrados com maior solenidade;
- É entregue como insígnia ao Diácono e ao Bispo nas respectivas Ordenações;
- É sustentado sobre a cabeça do Bispo durante a Oração Consecratória em sua ordenação;
- É entregue ao pároco quando de sua posse;
- Pode ser colocado sobre o féretro na celebração das exéquias, quando o defunto é sacerdote;
- É exposto em uma estante no centro do presbitério nos Concílios e Sínodos.
Olá. Gostaria de saber se é possivel o uso do Livro dos Evangelhos na Celebração da Palavra, presidida por um Seminarista. Agradeço!
ResponderExcluirNão há uma normativa clara a respeito. Contudo, o uso do Evangeliário é um indicativo de solenidade e a Celebração da Palavra "presidida" por um seminarista é uma situação extraordinária, que não deve de forma alguma equiparar-se à Missa. Portanto (e aqui trata-se de opinião pessoal), julgamos o uso do Evangeliário na Celebração da Palavra pouco adequado.
ExcluirLeitores ou outras pessoas podem entrar com o envangeliario? Ou é o diácono e na falta do mesmo um acólito?
ResponderExcluirSempre que o diácono está presente, é ele a levar o Evangeliário. Na falta do diácono, é conduzido pelo leitor instituído ou, na falta deste, por um sacerdote concelebrante, se houver. Apenas em último caso pode ser levado por um leitor não-instituído.
ExcluirNunca deve ser levado por um acólito, a menos que este seja também leitor instituído.
Qual a diferença do evangeliário para o evangelho tradicional?
ResponderExcluirNão sei se entendi sua pergunta, mas o Evangeliário é basicamente um livro que organiza os trechos do Evangelho lidos nas Missas dos domingos e solenidades.
ExcluirBom dia!
ResponderExcluirGostaria de saber quais os momentos/celebrações que se faz uso do Evangeliário?
Como indicamos no texto, tecnicamente o Evangeliário contém os Evangelhos dos domingos e solenidades. Portanto, pode sempre ser usado nas Missas destas dias. Outras celebrações prescrevem diretamente o uso do Evangeliário, como as Ordenações de Diáconos e Bispos. Mas pode ser usado também em outras celebrações mais solenes.
ExcluirSó o bispo pode dar a bênção com o evangeliario ou o padre também pode!!!!?
ResponderExcluirApenas o Bispo. Isto fica claro no n. 175 da Introdução Geral do Missal Romano.
ExcluirO n. 175 da Introdução Geral do Missal Romano trata da oração eucarística Primeira (Cânon Romano).
ExcluirO n. 175 da segunda edição da IGMR (1975) realmente fala da Oração Eucarística I na Missa concelebrada.
ExcluirAqui no blog sempre nos referimos à terceira edição da IGMR (2000), traduzida oficialmente pela CNBB em 2004, sendo portanto esta a versão em vigor atualmente.
A versão da IGMR impressa no Missal, por exemplo, é a segunda edição, que está desatualizada.
Saiba mais aqui:
Excluirhttp://pilulasliturgicas.blogspot.com/2019/03/sugestao-de-leitura-introducao-geral-do.html
Sua reflexão é sempre bem vinda e também as temáticas muito obrigado ao seminárista André.
ResponderExcluirOlá, Gostaria de saber se pode usar o Evangeliário, na missa do dia 29 de setembro, por ser o dia da Bíblia? Sendo a Festa dos Santos Arcanjos, mas pelo jeito, não reconhecida por toda igreja.
ResponderExcluirA Festa dos Arcanjos é sim celebrada por toda a Igreja de Rito Romano. Este ano de 2024, porém, o dia 29 de setembro cai no domingo. Assim, a Festa é omitida este ano, pois os domingos têm precedência sobre as festas dos santos.
ExcluirA única exceção é onde os Arcanjos são padroeiros. Nesses lugares se celebra a Liturgia dos Arcanjos, pois a solenidade do padroeiro tem precedência sobre os domingos do Tempo Comum.
Quanto ao uso do Evangeliário, este pode ser usado em qualquer Missa. Porém, só possui os textos dos Evangelhos dos domingos, solenidades e festas.
Portanto, o Evangeliário pode sim ser usado no dia 29 de setembro deste ano, sendo um domingo. Quando a Festa dos Arcanjos cai em um dia de semana, também pode ser usado, sendo uma festa.
Quanto ao chamado "dia da Bíblia", este sim é uma iniciativa própria do Brasil, que não é celebrada por toda a Igreja.
Após a leitura do evngelho , o evangeliário pode ficar no ambão? E sobre ele pode colocar o boletim das preces? Acho uma flata de respeito, mas é um hábito da minha comunidade.
ResponderExcluirA Instrução Geral do Missal Romano indica que após a proclamação do Evangelho o Evangeliário "pode ser levado para a credência ou outro lugar adequado e digno" (n. 175), por exemplo, na sacristia. O mesmo indica o Cerimonial dos Bispos (n. 141).
ExcluirDe fato, não convém apoiar o texto das preces sobre o livro das leituras (seja o Evangeliário ou o Lecionário).
Muito obrigada
ResponderExcluirOlá boa tarde!!! Quando apenas é apresentado o evangeliario, sem dar a benção, podemos bater palmas ou devemos traçar o sinal da cruz?
ResponderExcluirDesconheço o que significa "apresentar o Evangeliário sem dar a bênção".
ExcluirImagino que sua pergunta se refira a uma elevação do livro após a proclamação do Evangelho. Tal gesto não está previsto, portanto, não há normas a respeito.
Apenas o Bispo pode abençoar com o Evangeliário (Instrução Geral do Missal Romano, 3ª edição, n. 175). Neste caso todos traçam o sinal da cruz sobre si ao receber a bênção.
Obrigada pela resposta, seria isso mesmo, a elevação do evageliario. Na minha comunidade o padre faz esse gesto e eu não sei como devo me comportar. Ou se devemos fazer algum gesto.
ResponderExcluirRealmente esse gesto não está previsto, portanto não há uma indicação a respeito. Creio que o correto seria venerar o Evangelho em silêncio, agradecendo a Deus pelo dom da sua Palavra.
ExcluirApós a leitura do evangelho, o evangeliário pode ser levado de volta para o altar?
ResponderExcluirNão. A Instrução Geral do Missal Romano (n. 175) e o Cerimonial dos Bispos (n. 141) indicam que após o Evangelho o livro "pode ser levado para a credência ou outro lugar adequado e digno", por exemplo, na sacristia.
ExcluirO Evangeliário só retorna ao altar após o Evangelho nas celebrações em que o livro é usado em algum rito (como a Ordenação diaconal ou a Ordenação episcopal), como mencionado no Cerimonial e nos respectivos Rituais.
Boa noite André, Salve Maria Puríssima!! Que viva Cristo Rei!! Hoje na Santa Missa de Corpus Christi, um ex seminarista, enquanto o padre fazia a homilia pegou o evangeliário e passando pelo corredor lateral da paróquia o levou á sacristia(que fica nos fundos da igreja), isso é muito chato porque perde a essência que representa o evangeliário; mesa da palavra á mesa eucarística. Uma coisa está ligada a outra e esse gesto meio que "fere" essa unidade; não poderia ficar na credência pois assim não chama a atenção da assembleia que fica sem entender nada! Outra coisa: o mesmo seminarista, está insuportável na paróquia e ninguém quer falar nada, e o padre com medo do bispo não faz nada ele acabou de dividir o grupo de coroinhas onde deixou a coordenadora somente para cuidar das "crianças" que usam roupa branca e vermelha e ele só cuida dos "acólitos" não instituídos, como se fossem diferentes uma vez não constituídos são todos coroinhas! Sem dizer que ele faz comentário inicial(o que não existia mais em nossa paróquia), é leitor, distribui a eucaristia dá os avisos e faz ola oração da assembleia! O que posso fazer para dar um basta nisso? Obrigado!
ResponderExcluirDaniel, sua pergunta traz uma série de questões. Espero poder responder todas.
ExcluirPrimeiramente, a Instrução Geral do Missal Romano indica que após o Evangelho o livro "pode ser levado para a credência ou outro lugar adequado e digno" (n. 175). Portanto, em tese, é correto levá-lo para a sacristia após o Evangelho.
Contudo, se para chegar a essa é preciso passar junto da assembleia, não convém realizar esse gesto, pois pode distrair os fiéis. O mais indicado nesse caso é colocar o livro na credência ou deixá-lo no ambão.
Sobre os coroinhas e os chamados "acólitos" não instituídos: em tese ambos possuem mais ou menos as mesmas funções, dependendo do costume de cada lugar. Porém, podem ser divididos em dois grupos por uma questão pedagógica: os coroinhas geralmente são crianças e os "acólitos" já são adolescentes.
Se a divisão é para promover uma formação mais direcionada para cada faixa etária, está ótimo. Contudo, isso deve ser feito sempre em diálogo com o pároco e as demais lideranças, e não para criar mais um espaço de poder.
Estou falando sem conhecer a situação e a pessoa em questão, mas as funções que você menciona são legítimas, desde que exercidas em diálogo com as pastorais litúrgicas, deixando espaço para os demais, sem acumular funções.
Quanto à função de comentarista, esta é prevista pela Instrução Geral do Missal Romano (n. 105). Há ocasiões em que breves comentários ajudam e há ocasiões em que são desnecessários. Esse discernimento deve ser feito em conjunto pela pastoral litúrgica, em diálogo com o pároco.
Sobre a distribuição da Comunhão, porém, se a pessoa em questão não é Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão ou acólito instituído (ministério conferido geralmente nos últimos anos de Seminário), realmente trata-se de um abuso litúrgico.
Tratando-se de um ex-seminarista, como você indica, recomendo tratar a questão com caridade, sobretudo se a saída do Seminário é recente. Essa pode ser bastante traumática, e o indivíduo pode ter dificuldade de "encontrar o seu lugar" na Igreja. Isso explicaria o desejo de exercer várias funções.
O mais indicado é dialogar com o pároco e com as lideranças das pastorais litúrgicas para encontrar o melhor caminho, dando espaço para todos colocarem seus dons a serviço. Se for o caso, é um tema a discutir no CPP (Conselho Pastoral Paroquial).
Asseguro-lhe minhas orações nessa intenção.