No Sábado Santo a Igreja permanece em silêncio, junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua Morte e esperando sua Ressurreição. Com o mistério da descida de Cristo à mansão dos mortos temos de fato a esperança da Ressurreição, pois com sua morte Cristo vence a própria morte e resgata todos que aguardavam o cumprimento das profecias messiânicas.
Na noite do Sábado Santo, a Igreja celebra aquela que é o coração do ano litúrgico, da qual irradiam todas as demais celebrações: a Vigília Pascal. Esta Vigília é a mais plena celebração do grande mistério de nossa salvação: a passagem de Cristo da morte à vida nova através de sua Ressurreição. A Vigília Pascal é, ao mesmo tempo, memória desta Páscoa de Cristo, presença deste mesmo mistério em nossa vida através dos sinais sacramentais e expectativa da Páscoa definitiva no fim dos tempos.
A Vigília Pascal desenvolve-se em quatro momentos que progressivamente vão inserindo-nos no mistério da Ressurreição: a Liturgia da Luz, a Liturgia da Palavra, a Liturgia Batismal e a Liturgia Eucarística. Tais ritos devem ser vistos em perfeita unidade, culminando na celebração da Eucaristia, que torna o Cristo Ressuscitado verdadeiramente presente no meio de nós.
O primeiro momento da Vigília Pascal é a Liturgia da Luz. Este rito recorda-nos que Cristo é a luz do mundo e que, com sua Ressurreição, comunica-nos esta luz. O círio pascal é o sinal de Cristo, luz que vence as trevas e ilumina os nossos corações. O círio que guia a procissão dos fieis para dentro da igreja é, ao mesmo tempo, sinal da coluna de fogo que guiou o povo de Israel na saída do Egito (Antiga Páscoa) e de Cristo que, com sua Ressurreição, guia-nos à vida eterna (Nova Páscoa).
A Liturgia da Luz encerra-se com o canto do Precônio Pascal, antiquíssimo hino que exalta as maravilhas operadas por Deus ao longo da história da salvação e que culminaram na noite da Páscoa de Cristo.
Esta proclamação da ação de Deus na história da salvação é continuada na Liturgia da Palavra. O elenco de leituras proposto nesta celebração quer conduzir-nos ao longo de toda a história da salvação, a fim de compreendermos que todas as obras de Deus em favor de seu povo culminaram na ação salvífica operada por Jesus Cristo em sua Morte e Ressureição.
Para esta celebração propõem-se nove leituras, sete do Antigo Testamento e duas do Novo. Por razões pastorais, podem-se omitir algumas leituras do Antigo Testamento. Considere-se, porém, que proclamação da Palavra de Deus é um elemento central nesta Vigília, o que é evidenciado pelo cântico de salmos e pela recitação das orações que seguem as leituras.
A terceira parte da Vigília é a Liturgia Batismal. São Paulo apresenta-nos a teologia do Batismo como imersão na Morte de Cristo e recepção de uma nova vida em sua Ressurreição. Assim, desde o início da Igreja o Batismo é considerado o “sacramento pascal”, “sacramento da ressurreição”.
O centro deste rito é a fonte batismal, de onde será abençoada a água para a administração deste sacramento. A água, sob a qual é invocada a força do Espírito Santo, aparece em toda a história da salvação como sinal da graça de Deus, que renova e santifica.
Onde for possível, nesta celebração administrem-se os Sacramentos da Iniciação Cristã (Batismo, Confirmação e Eucaristia) aos catecúmenos, que se prepararam durante todo o período quaresmal. A Vigília Pascal é o momento mais adequado para receber tais sacramentos, os quais configuram-nos ao Cristo Morto e Ressuscitado.
Os fieis já batizados são convidados nesta Vigília a renovarem suas promessas batismais. Toda a Quaresma, dado seu caráter batismal, foi uma preparação para este momento, para que a comunidade cristã perceba a importância do Batismo e da missão que este acarreta.
Os que professaram sua fé são chamados a tomar parte na quarta parte da Vigília Pascal: a Liturgia Eucarística. Com efeito, tudo o que a Igreja celebra ao longo de todo o ano converge para esta Eucaristia e dela recebe sua força. Esta Celebração Eucarística é o primeiro momento do dia da Ressurreição, a grande ação de graças ao Pai por nos ter dado Cristo morto e ressuscitado.
A celebração da Eucaristia torna o Cristo Ressuscitado presente no meio de nós. Já não é mais o Cristo que oferece a si mesmo por nós, mas somos nós que renovamos juntamente com Ele sua entrega e glorificação.
FONTE:
BERGAMINI, A. Cristo, festa da Igreja: O Ano Litúrgico. São Paulo: Paulinas, 1994. p. 351-370.
Tornou-se hábito chamar o Sábado Santo de Sábado de Aleluia, mas é errado, o correto mesmo é chamá-lo de Sábado Santo, porque durante o dia Cristo está morto no túmulo, por isso não se deve cantar Aleluia. Durante o dia, as igrejas permanecem fechadas e não há missa, batizado, casamento, nenhuma celebração, em alguns lugares a igreja permanece aberta com a imagem do Senhor Morto exposta, em outras é rezado o Ofício de Trevas, esse não é a Santa Missa. Os altares continuam desnudos como na Quinta e na Sexta-feira Santa, as imagens continuam envoltas com um paramento roxo, e também não se pode adorar o Santíssimo Sacramento.
ResponderExcluirConfira a postagem sobre a história do Sábado Santo, na qual se aprofundam essas questões:
Excluirhttps://pilulasliturgicas.blogspot.com/2012/04/historia-do-sabado-santo.html