sexta-feira, 30 de junho de 2023

Ângelus: Solenidade de São Pedro e São Paulo 2023

Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo
Papa Francisco
Ângelus
Quinta-feira, 29 de junho de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, no Evangelho Jesus diz a Simão, um dos Doze: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16,18). Pedro é um nome que tem vários significados: pode designar rocha, pedra ou simplesmente seixo. E, com efeito, se olharmos para a vida de Pedro, encontraremos um pouco destes três aspectos do seu nome.

Pedro é uma rocha: em muitos momentos é forte e firme, genuíno e generoso. Deixa tudo para seguir Jesus (cf. Lc 5,11), reconhece-o como Cristo, Filho de Deus vivo (Mt 16,16), mergulha no mar para ir depressa ao encontro do Ressuscitado (Jo 21,7). Além disso, com franqueza e coragem, anuncia Jesus no Templo, antes e depois de ser preso e flagelado (At 3,12-26; 5,25-42). A tradição fala-nos também da sua firmeza diante do martírio, que teve lugar precisamente aqui (Clemente Romano, Carta aos Coríntios, V, 4).

No entanto, Pedro é também uma pedra: é uma rocha e inclusive uma pedra, adequada para oferecer apoio aos outros: uma pedra que, fundamentada em Cristo, serve de sustentáculo para os seus irmãos na edificação da Igreja (1Pd 2,4-8; Ef 2,19-22). Também isto encontramos na sua vida: responde ao chamamento de Jesus com André, seu irmão, Tiago e João (Mt 4,18-22); confirma a disponibilidade dos Apóstolos a seguir o Senhor (Jo 6,68); cuida de quem sofre (At 3,6); promove e encoraja o anúncio comum do Evangelho (At 15,7-11). É “pedra”, é ponto de referência fiável para toda a comunidade.

Pedro é rocha, é pedra e também seixo: a sua pequenez sobressai com frequência. Às vezes não compreende o que Jesus faz (Mc 8,32-33; Jo 13,6-9); perante a sua captura, deixa-se dominar pelo medo e nega-o, depois arrepende-se e chora amargamente (Lc 22,54-62), mas não tem a coragem de estar aos pés da cruz. Esconde-se com os outros no Cenáculo, com medo de ser aprisionado (Jo 20,19). Em Antioquia, tem vergonha de estar com os pagãos convertidos, e Paulo exorta-o à coerência neste ponto (Gl 2,11-14); por último, segundo a tradição do Quo vadis, procura fugir diante do martírio, mas ao longo do caminho encontra Jesus e readquire a coragem de voltar atrás.

Em Pedro há tudo isto: a força da rocha, a fiabilidade da pedra e a pequenez de um simples seixo. Não é um super-homem: é um homem como nós, como cada um de nós, que na sua imperfeição diz “sim” a Jesus com generosidade. Mas precisamente assim, nele - como em Paulo e em todos os santos - revela-se que é Deus quem nos torna fortes mediante a sua graça, quem nos une através da sua caridade, quem nos perdoa com a sua misericórdia. E é com esta verdadeira humanidade que o Espírito forma a Igreja. Pedro e Paulo eram pessoas autênticas, e nós, hoje mais do que nunca, precisamos de pessoas autênticas.

Agora, olhemos para o nosso íntimo e façamos algumas perguntas a partir da rocha, da pedra e do seixo. A partir da rocha: há em nós ardor, zelo, paixão pelo Senhor e pelo Evangelho, ou é algo que se desintegra com facilidade? E depois, somos pedras, não de tropeço, mas de construção para a Igreja? Trabalhamos pela unidade, interessamo-nos pelos outros, especialmente pelos mais frágeis? Por último, pensando no seixo: estamos conscientes da nossa pequenez? E sobretudo: nas debilidades, confiamo-nos ao Senhor, que realiza grandes coisas com quem é humilde e sincero?
Que Maria, Rainha dos Apóstolos, nos ajude a imitar a força, a generosidade e a humildade dos Santos Pedro e Paulo.

Jesus entrega as chaves do Reino a Pedro
(Fachada da Basílica Vaticana)

Fonte: Santa Sé.

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