Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 18 de junho de 2023
Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, no Evangelho, Jesus chama pelo
nome - chama pelo nome - e envia os doze Apóstolos (Mt 9,36–10,8).
Enviando-os, pede-lhes que proclamem algo: «Anunciai que o Reino dos Céus está
próximo» (v. 7). É o mesmo anúncio com que Jesus deu início à sua pregação: o
Reino de Deus, isto é, o seu senhorio de amor, aproximou-se, vem entre nós. E
não se trata apenas de uma notícia entre outras, mas da realidade fundamental
da vida: a proximidade de Deus, a proximidade de Jesus!
Com efeito, se o Deus dos Céus está
próximo, não estamos sozinhos na terra e não perdemos a confiança nem sequer no
meio das dificuldades. Eis a primeira coisa a dizer às pessoas: Deus não está
distante, é Pai. Deus não está distante, é Pai, conhece-te e ama-te; quer
dar-te a mão, até quando percorres caminhos íngremes e acidentados, até quando
cais e tens dificuldade em levantar-te e retomar o caminho; Ele, o Senhor, está
aí, contigo. Aliás, muitas vezes, nos momentos em que te sentes mais frágil,
podes sentir a sua presença mais forte. Ele conhece o caminho, Ele está
contigo, Ele é o teu Pai! Ele é o meu Pai! Ele é o nosso Pai!
Detenhamo-nos nesta imagem, porque
anunciar Deus próximo significa convidar a pensar como uma criança que caminha
segurando a mão do pai: tudo lhe parece diferente. O mundo, grande e
misterioso, torna-se familiar e seguro, pois a criança sabe que está protegida.
Não tem medo e aprende a abrir-se: encontra outras pessoas, encontra novos
amigos, aprende com alegria coisas que não conhecia, e depois volta para casa e
conta a todos o que viu, enquanto aumenta nela o desejo de crescer e fazer as
coisas que viu o pai fazer. É por isso que Jesus começa por aqui, é por isso
que a proximidade de Deus é o primeiro anúncio: permanecendo próximos de Deus,
vencemos o medo, abrimo-nos ao amor, crescemos no bem e sentimos a necessidade
e a alegria de anunciar!
Se quisermos ser bons apóstolos,
devemos ser como as crianças: sentar-nos “no colo de Deus” e, dali olhar para o
mundo com confiança e amor, para testemunhar que Deus é Pai, que só Ele
transforma o nosso coração e nos dá aquela alegria e aquela paz que nós
próprios não nos podemos dar.
Anunciar que Deus está próximo. Mas
como fazer? No Evangelho, Jesus recomenda que não se digam muitas palavras, mas
que se façam muitos gestos de amor e de esperança em nome do Senhor; não dizer
muitas palavras, mas fazer gestos: «Curai os doentes, ressuscitai os mortos,
purificai os leprosos, expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai»
(v. 8). Eis o cerne do anúncio: o testemunho gratuito, o serviço. Digo-vos
algo: fico sempre muito perplexo com os “tagarelas”, com o seu muito falar e
nada fazer.
Façamos aqui algumas perguntas: nós,
que cremos no Deus próximo, confiamos n’Ele? Sabemos olhar para a frente com confiança,
como uma criança que sabe que está no colo do pai? Sabemos sentar-nos no colo
do Pai na oração, na escuta da Palavra, aproximando-nos dos Sacramentos? E por
fim, abraçados a Ele, sabemos incutir coragem nos outros, fazer-nos próximos de
quem sofre e está só, de quem está distante e até de quem nos é hostil? Eis a
realidade da fé, é isto que conta!
E agora rezemos a Maria, para que nos
ajude a sentir-nos amados e a transmitir proximidade e confiança.
Missão dos Apóstolos (Hippolyte Flandrin) |
Fonte: Santa Sé.
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