segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Catequese do Papa Bento XVI: A oração (8)

Durante o mês de agosto de 2011 o Papa Bento XVI deu continuidade às suas Catequeses sobre a oração. Porém, uma vez que esse mês coincide com as férias de verão no hemisfério norte, as Audiências tiveram lugar em Castel Gandolfo, e não em Roma. Assim, o Papa interrompeu a reflexão sobre os salmos para tratar outros quatro temas.

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Papa Bento XVI
Audiência Geral
Quarta-feira, 03 de agosto de 2011
A oração (8):
A leitura da Bíblia, alimento para o espírito

Estimados irmãos e irmãs!
Estou muito feliz por encontrar-vos aqui em Castel Gandolfo e por retomar as Audiências interrompidas no mês de julho. Gostaria de continuar o tema ao qual tínhamos dado início, ou seja, uma «escola de oração», e também hoje, de uma maneira um pouco diversificada, sem me afastar desta temática, referir-me a alguns aspectos de índole espiritual e concreta, que parecem úteis não apenas para quem vive - em uma parte do mundo - a temporada das férias de verão, como nós, mas inclusive para todos aqueles que estão comprometidos no trabalho diário.

Quando temos um momento de pausa nas nossas atividades, de modo especial durante as férias, muitas vezes tomamos um livro que desejamos ler. É precisamente este o primeiro aspecto sobre o qual gostaria hoje de meditar. Cada um de nós tem necessidade de momentos e de espaços de recolhimento, de meditação e de calma... Graças a Deus é assim! Com efeito, esta exigência nos diz que não fomos feitos apenas para trabalhar, mas também para pensar, ponderar, ou simplesmente para acompanhar com a mente e o coração uma narração, uma história com a qual nos identificamos, em certo sentido «perder-nos» para depois nos encontrarmos enriquecidos.

O Papa abençoa com o Livro dos Evangelhos

Naturalmente muitos destes livros de leitura, que temos em mãos durante as férias são sobretudo de evasão, e isto é normal. Todavia, várias pessoas, especialmente se podem contar com espaços de pausa e de descanso mais prolongados, dedicam-se à leitura de algo mais comprometedor. Então, gostaria de lançar uma proposta: por que não descobrir alguns livros da Bíblia, que normalmente não são conhecidos? Ou dos quais, talvez, ouvimos alguns trechos durante a Liturgia, mas que nunca lemos na íntegra?

Com efeito, muitos cristãos já não leem a Bíblia, e têm um conhecimento muito limitado e superficial dela. A Bíblia - como diz o nome - é uma coletânea de livros, uma pequena «biblioteca», nascida ao longo de um milênio. Alguns destes «livrinhos» que a compõem permanecem quase desconhecidos para a maior parte das pessoas, inclusive para bons cristãos. Alguns são muito breves, como o Livro de Tobias, uma narração que contém um sentido muito elevado da família e do matrimônio; ou o Livro de Ester, no qual a rainha hebraica, com a fé e a oração, salva o seu povo do extermínio; ou, ainda mais breve, o Livro de Rute, uma estrangeira que conhece Deus e experimenta a sua Providência. Estes pequenos livros podem ser lidos inteiramente em uma hora. Mais exigentes, e autênticas obras-primas, são o Livro de Jó, que enfrenta o grande problema da dor inocente; o Eclesiastes [Qohelet], que impressiona pela modernidade desconcertante com que põe em discussão o sentido da vida e do mundo; o Cântico dos Cânticos, maravilhoso poema simbólico do amor humano. Como vedes, são todos livros do Antigo Testamento. E o Novo? Sem dúvida, o Novo Testamento é mais conhecido, e os seus gêneros literários são menos diversificados. Porém, a beleza da leitura integral do Evangelho deve ser descoberta, assim como recomendo os Atos dos Apóstolos ou uma das Cartas.

Caros amigos, para concluir, hoje gostaria de sugerir que conserveis ao vosso alcance - durante a temporada de verão ou nos momentos de pausa - a Bíblia Sagrada, para saboreá-la de modo novo, lendo inteiramente alguns dos seus livros, aqueles menos conhecidos e também os mais famosos, como os Evangelhos, mas em uma leitura contínua. Assim, os momentos de descanso podem tornar-se, além de um enriquecimento cultural, também um alimento para o espírito, capaz de nutrir o conhecimento de Deus e o diálogo com Ele, a oração. E esta parece ser uma bonita ocupação para as férias: tomar um livro da Bíblia, experimentar assim um pouco de descanso e, ao mesmo tempo, entrar no grande espaço da Palavra de Deus e aprofundar o nosso contato com o Eterno, precisamente como finalidade do tempo livre que o Senhor nos concede.

O Papa abençoa com o Livro dos Evangelhos
(Note-se na capa a citação de Mt 6,33)

Fonte: Santa Sé.

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