Santo Efrém
Sermão I sobre a Transfiguração
A
transfiguração, suporte da fé dos discípulos
Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro,
Tiago e João, seu irmão, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha.
E foi transfigurado diante deles; o seu rosto brilhou como o sol e as suas
roupas ficaram brancas como a luz.
Ele os levou até
a montanha para mostrar-lhes a glória de sua divindade, e lhes ensinar que Ele
era o Redentor de Israel, tal como já tinha revelado por seus profetas; e
também para prevenir todo escândalo à vista dos sofrimentos que livremente iria
sofrer por nós em sua natureza humana. Eles, de fato, o conheciam como homem,
mas ignoravam que fosse Deus; conheciam-no como filho de Maria, um homem que
vivia com eles no mundo, mas sobre a montanha revelou-lhes que era o Filho de
Deus, e o próprio Deus.
Eles o tinham
visto comer e beber, fatigar-se e descansar, cochilar e dormir, apavorar-se até
gotejar de suor, coisas que não pareciam estar em harmonia com sua natureza
divina, nem convir à sua humanidade. Por isso os trouxe sobre a montanha, para
que o Pai o chamasse seu Filho, e lhes mostrasse que Ele era realmente Filho
d’Ele, e que Ele era Deus. Ele os levou sobre a montanha e mostrou-lhes sua realeza
antes de sofrer, seu poder antes de morrer, sua glória antes de ser ultrajado,
e sua honra antes de sofrer a ignomínia. Assim, quando fora tomado e
crucificado pelos judeus, seus Apóstolos compreendessem que não foi por
fraqueza, mas por consentimento e de plena vontade para a salvação do mundo.
Ele os levou
sobre a montanha e mostrou-lhes, antes de sua Ressurreição, a glória de sua
divindade. Deste modo, quando ressuscitasse dentre os mortos na glória de sua
divindade, seus discípulos reconheceriam que não recebia esta glória em
recompensa de suas aflições, como se precisasse delas, mas porque já lhe
pertencia bem antes dos séculos, com o Pai e para o Pai, assim como Ele mesmo
lhe disse ao aproximar-se voluntariamente de sua Paixão: Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive contigo,
antes que o mundo fosse criado.
E então, na
montanha, Ele mostrou aos seus Apóstolos a glória de sua divindade, oculta e
escondida por sua humanidade. Porque eles viram o seu rosto brilhante como um
relâmpago, e suas roupas brancas como a luz. Eles viram dois sóis, um no céu,
como de costume, e um incomum; um visível no firmamento e iluminando o mundo, e
outro, a sua face, visível somente a eles.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
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