São João Crisóstomo
Sermão (atribuído) sobre Zaqueu
“Ó
confissão sincera que brota de um coração verdadeiro e cheio de fé”
Entrou Jesus em Jericó e atravessava a
cidade. Um homem chamado Zaqueu, chefe de publicanos e rico, procurava ver quem
era Jesus.
Veja-o correr,
ardendo em desejos de Deus, subir a uma árvore e olhar ao seu redor, procurando
ver a Jesus para conhecer a fonte de vida. Ao ver Jesus, Zaqueu saciou a
curiosidade de seus olhos, mas sentiu o coração incendiar-se de um desejo muito
mais intenso.
Observa o desejo
deste homem. Procurava ver quem era
Jesus, mas não conseguia, por causa da multidão, pois era muito baixo. Então
ele correu à frente e subiu numa figueira para ver Jesus, que devia passar por
ali. Zaqueu, baixo em estatura, mas grande em ponderação do espírito,
procurava ver Jesus; procurava ver ao Deus que distribui entre os homens os
dons celestiais. Não tinha a dulcíssima alegria de conhecer a Deus, mas
desejava ver o Profeta do amor. Enfermo, desejava ver a saúde; faminto, buscava
o pão do céu; sedento, suspirava pelo manancial de água. Desejava ver aquele
que concede aos sacerdotes uma vida nova e tinha despertado Lázaro do sono da
morte.
Zaqueu viu o Senhor,
e a chama de seu amor aumentava continuamente; Cristo tocou o seu coração, e
ele se converteu em outro homem: de publicano, em homem cheio de zelo; de
infiel, em fiel. Quem ama tanto ao pai e à mãe, quem jamais amou a mulher e aos
filhos como Zaqueu amou o Senhor, conforme testemunham os fatos?
Por amor de
Cristo repartiu os seus bens aos pobres, e devolveu quatro vezes mais para
aqueles de quem tinha se aproveitado. Que boa disposição no discípulo, que
discrição e poder o de Deus, que induziu para a ação somente por ter visto
Jesus! Todavia, Zaqueu ainda não tinha falado – somente tinha sido visto por
quem tanto desejava – e já a potência da fé elevava ao alto aquele coração
cheio de desejo.
“Zaqueu, desce depressa, apressa-te a
entrar na tua casa, porque ali tenho que me abrigar, porque me recolho onde
existe fé; vou onde existe o amor. Já sei o que tu vais fazer: sei que darás
teus bens aos pobres e, sobretudo, irás restituir quatro vezes mais àqueles de
quem te aproveitaste. Eu entro de boa vontade na casa deste tipo de homens”.
Zaqueu desceu em
seguida, foi para a sua casa e hospedou a Jesus. Cheio de alegria e de pé,
disso: Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se me aproveitei de
alguém, lhe restituirei quatro vezes mais.
Ó confissão
sincera que brota de um coração verdadeiro cheio de fé, resplandecente de
justiça! Tal justiça se digne conceder a nós o Deus do universo, pela graça e
bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp.
749-750. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário