sábado, 29 de outubro de 2016

Homilia: XXXI Domingo do Tempo Comum - Ano C

São João Crisóstomo
Sermão (atribuído) sobre Zaqueu
Ó confissão sincera que brota de um coração verdadeiro e cheio de fé

Entrou Jesus em Jericó e atravessava a cidade. Um homem chamado Zaqueu, chefe de publicanos e rico, procurava ver quem era Jesus.
Veja-o correr, ardendo em desejos de Deus, subir a uma árvore e olhar ao seu redor, procurando ver a Jesus para conhecer a fonte de vida. Ao ver Jesus, Zaqueu saciou a curiosidade de seus olhos, mas sentiu o coração incendiar-se de um desejo muito mais intenso.
Observa o desejo deste homem. Procurava ver quem era Jesus, mas não conseguia, por causa da multidão, pois era muito baixo. Então ele correu à frente e subiu numa figueira para ver Jesus, que devia passar por ali. Zaqueu, baixo em estatura, mas grande em ponderação do espírito, procurava ver Jesus; procurava ver ao Deus que distribui entre os homens os dons celestiais. Não tinha a dulcíssima alegria de conhecer a Deus, mas desejava ver o Profeta do amor. Enfermo, desejava ver a saúde; faminto, buscava o pão do céu; sedento, suspirava pelo manancial de água. Desejava ver aquele que concede aos sacerdotes uma vida nova e tinha despertado Lázaro do sono da morte.
Zaqueu viu o Senhor, e a chama de seu amor aumentava continuamente; Cristo tocou o seu coração, e ele se converteu em outro homem: de publicano, em homem cheio de zelo; de infiel, em fiel. Quem ama tanto ao pai e à mãe, quem jamais amou a mulher e aos filhos como Zaqueu amou o Senhor, conforme testemunham os fatos?
Por amor de Cristo repartiu os seus bens aos pobres, e devolveu quatro vezes mais para aqueles de quem tinha se aproveitado. Que boa disposição no discípulo, que discrição e poder o de Deus, que induziu para a ação somente por ter visto Jesus! Todavia, Zaqueu ainda não tinha falado – somente tinha sido visto por quem tanto desejava – e já a potência da fé elevava ao alto aquele coração cheio de desejo.
“Zaqueu, desce depressa, apressa-te a entrar na tua casa, porque ali tenho que me abrigar, porque me recolho onde existe fé; vou onde existe o amor. Já sei o que tu vais fazer: sei que darás teus bens aos pobres e, sobretudo, irás restituir quatro vezes mais àqueles de quem te aproveitaste. Eu entro de boa vontade na casa deste tipo de homens”.
Zaqueu desceu em seguida, foi para a sua casa e hospedou a Jesus. Cheio de alegria e de pé, disso: Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres, e se me aproveitei de alguém, lhe restituirei quatro vezes mais.
Ó confissão sincera que brota de um coração verdadeiro cheio de fé, resplandecente de justiça! Tal justiça se digne conceder a nós o Deus do universo, pela graça e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 749-750. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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