VISITA À IGREJA EVANGÉLICA E
LUTERANA DE ROMA
PALAVRAS DO PAPA FRANCISCO
Domingo,
15 de Novembro de 2015
Jesus, durante a sua vida, fez tantas escolhas. Esta que ouvimos hoje (Mt 25,31-46) será a última opção. Jesus fez muitas coisas: os primeiros discípulos, os
doentes que curava, a multidão que o seguia... - seguia-o para ouvir, porque
ele falava como alguém que tem autoridade, não como os seus doutores da lei que
se pavoneavam; mas podemos ler quem era esta gente em dois capítulos
anteriores, em Mateus 23; não, n’Ele viam autenticidade; e aquele povo
seguia-o. Jesus fazia as opções e também as correcções com amor. Quando os
discípulos erravam o método: «Façamos com que desça o fogo do céu...?» - «Mas
vós não sabeis qual é o vosso espírito». Ou quando a mãe de Tiago e João foi pedir
ao Senhor: «Senhor, quero pedir-te um favor, que os meus dois filhos, no
momento do teu Reino, um esteja à direita e o outro à esquerda...». E Ele
corrigia estas coisas: guiava sempre, acompanhava. Mas também depois da
Ressurreição suscita tanta ternura ver como Jesus escolhe os momentos, escolhe
as pessoas, não assusta. Pensemos no caminho de Emaús, como os acompanha [os
dois discípulos]. Eles deviam ir a Jerusalém mas fugiram de Jerusalém, por
receio, e Ele vai com eles, acompanha-os. E depois mostra-se, recupera-os. É
uma escolha de Jesus. E depois a grande opção que me comove sempre, quando
prepara as bodas do filho e diz: «Mas ide ao cruzamento das estradas e conduzi
lá também os cegos, os surdos, os coxos...». Bons e maus! Jesus escolhe sempre!
E depois a escolha da ovelha tresmalhada. Não faz um cálculo financeiro: «Mas,
tenho 99, se perder uma...». Não. Contudo, a última escolha será definitiva. E
quais serão as perguntas que o Senhor nos fará naquele dia: «Foste à Missa?
Fizeste uma boa catequese?». Não, as perguntas são acerca dos pobres, porque a
pobreza está no centro do Evangelho. Ele, sendo rico, fez-se pobre para nos
enriquecer com a sua pobreza. Ele não considera um privilégio ser como Deus mas
aniquilou-se, humilhou-se até ao fim, até à morte de Cruz (cf. Fl 2,
6-8). É a escolha do serviço. Jesus é Deus? É verdade. É o Senhor? É verdade.
Mas é o servo, e a escolha será feita sobre esta base. Tu usas a tua vida para
ti ou para servir? Para te defenderes dos outros com os muros ou para os acolheres
com amor? E será esta a última escolha de Jesus. Esta página do Evangelho
diz-nos muito acerca do Senhor. E posso fazer uma pergunta: mas nós, luteranos
e católicos, de que parte estaremos, à direita ou à esquerda? Houve tempos
escuros entre nós... Pensai nas perseguições entre nós! Com o mesmo Baptismo!
Pensai nos tantos queimados vivos. Devemos pedir perdão por isto, pelo
escândalo da divisão, porque todos, luteranos e católicos, estamos nesta
escolha, não noutras escolhas, nesta opção, a opção do serviço como Ele nos
indicou sendo servo, o servo do Senhor.
Para terminar, gosto de ver o Senhor servo que serve, apraz-me pedir-lhe
que seja servo da unidade, que nos ajude a caminhar juntos. Hoje rezamos
juntos. Rezar juntos, trabalhar juntos pelos pobres, pelos necessitados;
amar-nos juntos, com verdadeiro amor fraterno. «Mas, padre, somos diferentes,
porque os nossos livros dogmáticos dizem uma coisa e os vossos dizem outra».
Mas certa vez um vosso grande [representante] disse que há o momento da diversidade
reconciliada. Hoje peçamos esta graça, a graça desta diversidade reconciliada
no Senhor, ou seja, no Servo de Javé, daquele Deus que veio entre nós para
servir e não para ser servido. Agradeço-vos muito esta hospitalidade fraterna.
Obrigado.
Fonte: Santa Sé
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