domingo, 3 de maio de 2015

Homilia do Papa durante Ordenações Presbiterais

SANTA MISSA E ORDENAÇÕES PRESBITERIAIS
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
IV Domingo de Páscoa, 26 de Abril de 2015

Caríssimos Irmãos!
Estes nossos filhos foram chamados à Ordem do presbiterado. Seria bom se meditássemos um pouco sobre o ministério ao qual serão elevados na Igreja. Como bem sabeis, o Senhor Jesus é o único Sumo Sacerdote do Novo Testamento, mas nele também todo o santo povo de Deus foi constituído como povo sacerdotal. Todos nós! Não obstante, entre todos os seus discípulos, o Senhor Jesus quer escolher alguns de modo particular a fim de que, exercendo publicamente na Igreja em Seu nome o ofício presbiteral a favor de todos os homens, dessem continuidade à Sua missão pessoal de Mestre, Sacerdote e Pastor.
Com efeito, do mesmo modo como para isto Ele tinha sido enviado pelo Pai, assim também enviou por sua vez ao mundo primeiro os Apóstolos e sucessivamente os Bispos e os seus sucessores, aos quais foram por fim oferecidos como colaboradores os presbíteros que, unindo-se a eles no ministério sacerdotal, são chamados ao serviço do Povo de Deus.
Eles meditaram sobre esta sua vocação e agora vieram para receber a Ordem dos presbíteros. E o Bispo arrisca — arrisca! — escolhendo-os, assim como o Pai arriscou em relação a cada um de nós.
Efectivamente, eles serão configurados com Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, ou seja, serão consagrados como verdadeiros sacerdotes do Novo Testamento, e com este título, que no sacerdócio os une ao seu Bispo, serão pregadores do Evangelho, Pastores do Povo de Deus e presidirão aos gestos de culto, de maneira especial na celebração do sacrifício do Senhor.
Quanto a vós, que estais prestes a ser promovidos à Ordem do presbiterado, considerai que exercendo o ministério da sagrada Doutrina sereis participantes na missão de Cristo, único Mestre. Dispensai a todos a Palavra de Deus, que vós mesmos recebestes com alegria. Lede e meditai assiduamente a Palavra do Senhor, para acreditar naquilo que já lestes, ensinar o que aprendestes na fé e viver quanto ensinastes. E este seja o alimento do Povo de Deus; que as vossas homilias não sejam tediosas; que as vossas homilias cheguem precisamente ao coração das pessoas, porque saem do vosso coração, porque quanto lhes dizeis é aquilo que vós mesmos tendes no coração. É assim que se comunica a Palavra de Deus, e é deste modo que a vossa doutrina será alegria e ajuda para os fiéis de Cristo; o perfume da vossa vida será o testemunho, uma vez que o exemplo edifica, mas as palavras sem um paradigma são vazias, são ideias que nunca chegam ao coração e até fazem mal: não fazem bem! Vós dareis continuidade à obra santificadora de Cristo. Mediante o vosso ministério, o sacrifício espiritual dos fiéis aperfeiçoa-se, porque permanece vinculado ao sacrifício de Cristo, que através das vossas mãos, em nome da Igreja inteira, é oferecido de modo incruento no altar, durante a celebração dos Santos Mistérios.
Por conseguinte, quando vós celebrais a Missa reconhecei aquilo que fazeis. Não o façais de modo apressado! Imitai o que celebrais — não se trata de um rito artificial, de um ritual postiço — pois assim, participando no mistério da morte e ressurreição do Senhor, trazeis a morte de Cristo nos vossos membros e caminhais juntamente com Ele numa vida nova.
Mediante o Baptismo agregareis novos fiéis ao Povo de Deus. Nunca deveis rejeitar o Baptismo a quem vo-lo pedir! Com o Sacramento da Penitência vós perdoareis os pecados em nome de Cristo e da Igreja. E eu, em nome do Senhor Jesus Cristo e da sua Esposa, a Santa Igreja, peço-vos que não vos canseis de ser misericordiosos. Vós estareis no confessionário para perdoar, não para condenar! Imitai o Pai, que jamais se cansa de perdoar. Através do óleo santo, dareis alívio aos enfermos. Celebrando os ritos sagrados e elevando nas várias horas do dia a oração de louvor e de súplica, sereis a voz do Povo de Deus e da humanidade inteira.
Conscientes de ter sido escolhidos entre os homens e constituídos a seu favor para atender as coisas de Deus, cumpri com alegria e caridade sincera a obra sacerdotal de Cristo, com a única intenção de agradar a Deus, e não a vós mesmos. É negativo quando um sacerdote vive para agradar a si mesmo e «se pavoneia»!
Por fim, participando na missão de Cristo, Cabeça e Pastor, em comunhão filial com o vosso Bispo, comprometei-vos a unir os fiéis numa única família — sede ministros da unidade na Igreja, na família — a fim de conduzir para Deus Pai por meio de Cristo, no Espírito Santo. E tende sempre diante dos olhos o exemplo do bom Pastor, que não veio para ser servido, mas para servir; não para permanecer nas suas comodidades, mas para sair, procurar e salvar o que estava perdido.



Fonte: Santa Sé

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