No dia 03 de julho de 2025 foi divulgado um Decreto do
Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos inserindo a Missa
pelo cuidado da criação (Missa pro custodia creationis) entre
as Missas para diversas circunstâncias (Missae pro variis necessitatibus).
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Ícone da criação do céu e da terra |
A 3ª edição típica do Missal Romano, com efeito, promulgada
em 2002 e revista em 2008, possui 49 formulários de Missas para diversas
circunstâncias, com orações e leituras através dos quais rezamos pelas
necessidades da Igreja e do mundo.
A Missa pelo cuidado da criação, que passa a ser o 50º
formulário, é
fruto sobretudo da reflexão ecológica realizada no pontificado do Papa Francisco (†2025), sintetizada
na Encíclica Laudato si’ sobre o cuidado da casa comum (2015).
Na Conferência de apresentação do novo formulário, o Secretário
do Dicastério para o Culto Divino, Dom Vittorio Francesco Viola, recordou a
ampla presença do mistério da criação na Liturgia:
- na Vigília Pascal, particularmente na 1ª leitura e na
respectiva oração;
- no domingo, o primeiro dia da semana, no qual celebramos tanto
a criação como a “nova criação” em Cristo (cf. Carta Apostólica Dies Domini);
- em cada Missa, sobretudo na apresentação das oferendas,
“frutos da terra e do trabalho humano”;
- nas Quatro Têmporas, celebrações no início das quatro
estações do ano;
- nos sacramentos, particularmente no uso de elementos da
criação (água, óleo...);
- na Liturgia das Horas, oração oficial da Igreja para
santificar as horas do dia.
Na sequência Dom Vittorio Viola passou a apresentar o
formulário da Missa pelo cuidado da criação, que conta com orações e
antífonas próprias e opções de leituras à escolha.
Além do texto em sua forma típica (em latim), o Dicastério
divulgou traduções “de trabalho” em alguns idiomas, que devem servir de base
para as traduções definitivas, a cargo das Conferências Episcopais.
O próprio “título” da Missa remete a um versículo do Livro
do Gênesis, no qual Deus exorta o homem a “cultivar” e “guardar”, isto é,
“proteger”, “cuidar” do jardim do Éden e, por conseguinte, de toda a criação (cf.
Gn 2,15), como comenta o Papa Francisco no n. 67 da Laudato si’.
O mesmo versículo, junto a outros textos bíblicos, inspira a oração do dia (coleta):
Deus nosso Pai, que em Cristo, o Primogênito de toda a criatura (cf. Cl 1,15-16), chamastes à existência todas as coisas, fazei que, dóceis ao sopro vital do vosso Espírito (cf. Gn 2,7), cuidemos com amor a obra das vossas mãos (cf. Gn 2,15). Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho...
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Ícone da criação do homem e da mulher Chamados a “cultivar e guardar o jardim” |
A oração sobre as oferendas, por sua vez, retoma as
palavras da apresentação do pão e do vinho:
Recebei, Pai santo, estes frutos da terra e do nosso
trabalho: aperfeiçoai neles a obra da vossa criação, para que, transformados
pelo Espírito Santo, se tornem para nós alimento de vida eterna (cf. Jo
6,54-55). Por Cristo nosso Senhor.
A oração após a Comunhão, por fim, está inspirada
sobretudo no n. 66 da Laudato si’:
O sacramento de unidade que recebemos, ó Pai, aumente em nós
a comunhão convosco e com os irmãos, para que, esperando os novos céus e a nova
terra (cf. 2Pd 3,13), aprendamos a viver em harmonia com todas as
criaturas. Por Cristo nosso Senhor.
O Decreto não menciona a Oração Eucarística, de modo
que pode ser utilizada uma das quatro Orações Eucarísticas para Diversas
Circunstâncias com o respectivo prefácio, ou a Oração Eucarística IV,
igualmente com o prefácio próprio, a qual traça um panorama da história da
salvação, partindo da criação.
As antífonas, do Livro dos Salmos, celebram o
Senhor pelo mistério da criação:
- Antífona de entrada: “Os céus proclamam a glória do
Senhor, e o firmamento, a obra de suas mãos” (Sl 18,2);
- Antífona de Comunhão: “Os confins do universo contemplaram
a salvação do nosso Deus” (Sl 97,3).
Quanto às opções de leituras ad libitum (à
escolha), são indicados os seguintes textos:
Leitura: Sb 13,1-9 ou Cl 1,15-20
Salmo: Sl 18,2-3.4-5 (R: 2a) ou Sl
103,1-2a.5-6.10 e 12.24 e 35c (R: 31b)
Aclamação ao Evangelho: Sl 103,24 ou 1Cr
29,11d.12b
Evangelho: Mt 6,24-32 ou Mt 8,23-27
Por fim, vale lembrar que esse formulário segue as normas
gerais para as Missas para diversas circunstâncias (cf. Instrução Geral do
Missal Romano, nn. 374-377). Portanto, essa Missa é:
- Sempre permitida: Nos dias de semana do Tempo
Comum, mesmo quando ocorre uma Memória facultativa;
- Permitida, a juízo do sacerdote, se houver
verdadeira razão pastoral: Nas memórias obrigatórias; nos dias de semana do
Advento até 16 de dezembro; nos dias de semana do Natal; nos dias de semana da
Páscoa depois da Oitava Pascal.
- Permitida apenas com a autorização do Bispo diocesano,
se houver razão grave: Nas festas; nos dias 17 a 24 de dezembro; na Oitava do
Natal; nos dias de semana da Quaresma; nos domingos do Tempo Comum.
- Proibida: Nas solenidades; nos domingos do Advento,
da Quaresma e da Páscoa; na Oitava da Páscoa; na Comemoração dos Fiéis
Defuntos; na Quarta-feira de Cinzas; na Semana Santa.
Além disso, recomenda-se utilizar esses formulários com
moderação, sobretudo no que se refere às leituras, para não interromper a
leitura semicontínua da Sagrada Escritura (cf. Instrução Geral do Missal
Romano, nn. 369-370).
Com informações do site da Santa Sé.
Aos domingos do Tempo Comum são permitidas Celebrações votivas aos Santos patronos das Igrejas? Por exemplo: dia 13 Santa Luzia, 19 de Santo Expedito ?
ResponderExcluirComo regra geral não.
ExcluirApenas se houver uma razão grave o Bispo diocesano pode conceder uma autorização especial para a celebração de uma Missa para diversas necessidades ou votiva em um domingo do Tempo Comum (cf. Instrução Geral do Missal Romano, n. 374).
Porém, seria uma situação extraordinária. Desde o pontificado do Papa São Pio X a Igreja nos pede valorizar a celebração do domingo.