São Gregório Nazianzeno
Sermão na festividade do Batismo
Saiamos
ao encontro de Cristo, o Esposo, com as radiantes lâmpadas da fé
A pausa que
farás frente ao grande santuário imediatamente após o Batismo simboliza a
glória da vida futura. O canto dos salmos, em cujo ritmo serás recebido, é o
prelúdio daquela hinodia.
As lâmpadas que
acenderás são figura daquela procissão de tochas, com que, quais radiantes
almas virgens, não adormecidas pela preguiça ou indolência, sairemos ao
encontro de Cristo, o esposo, com as radiantes lâmpadas da fé, a fim de que não
se apresente de improviso, sem que o saibamos, aquele cuja vinda esperamos, e
nós, desprovidos de combustível e de azeite, carecendo de boas obras, sejamos
excluídos do tálamo nupcial.
Minha imaginação
me apresenta aquela triste e miserável cena. Estará presente aquele que, ao se
ouvir o sinal, exigirá que saiam ao seu encontro. Então todas as almas
prudentes lhe sairão ao encontro com uma luz radiante e com superabundante
provisão de azeite; as almas restantes, muito conturbadas, pedirão
inoportunamente azeite àquelas que estão bem abastecidas. Porém, o esposo
entrará apressadamente e as prudentes entrarão juntamente com ele; porém, às
imprudentes que empregaram o tempo em que deveriam entrar no preparo de suas
lâmpadas, lhes será proibido o ingresso e se lamentarão aos gritos,
compreendendo, demasiado tarde, o prejuízo que acarretaram com sua negligência
e sua indolência. A porta de entrada ao tálamo nupcial, que elas mesmas
culpavelmente se fecharam, não lhes será aberta por mais que o peçam e
supliquem.
Não imiteis
tampouco aqueles que recusaram participar das bodas que o bom pai preparou para
o magnífico esposo, apresentando como desculpa, embora acabe de casar-se, seja
o campo recentemente comprado, seja a junta de bois mal-adquirida, privando-se
deste modo de bens maiores pela solicitude de coisas insignificantes e fúteis.
Também não terá
ali lugar o orgulhoso e o arrogante, como tampouco o preguiçoso e o indolente,
nem aquele que vai vestido com um traje sujo ou impróprio de uma festa nupcial,
mesmo que nesta vida fosse considerado digno de semelhante honra, e fosse
furtivamente confundido entre os demais, lisonjeando-se a si mesmo com uma
esperança ilusória.
E depois? Uma
vez tendo entrado ali, o esposo sabe muito bem o que irá ensinar-nos, e como se
entreterá com as almas que o acompanharam ao entrar. Penso que com elas se
entreterá, introduzindo-as nos mais admiráveis e puros mistérios. Oxalá que
também nós nos façamos partícipes de tais mistérios, tanto aqueles que isto vos
ensinamos como aqueles que dentre vós aprendeis. Em Cristo nosso Senhor, a quem
correspondem a glória e o poder pelos séculos. Amém.
Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 247-249. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.
Confira também uma homilia de São Cirilo de Alexandria para este domingo clicando aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário