terça-feira, 7 de novembro de 2017

Ângelus do Papa: XXX Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 29 de outubro de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste domingo, a Liturgia apresenta-nos um trecho evangélico breve mas muito importante (Mt 22,34-40). O evangelista Mateus narra que os fariseus se reuniram para pôr à prova Jesus. Um deles, um doutor da Lei, dirigiu-lhe esta pergunta: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?» (v. 36). É uma pergunta insidiosa, porque na Lei de Moisés são mencionados mais de seiscentos preceitos. Como distinguir, entre todos, o grande mandamento? Mas Jesus não hesita e responde: «Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito». E acrescenta: «Amarás teu próximo como a ti mesmo» (vv. 37.39).

Esta resposta de Jesus não é óbvia, porque, entre os múltiplos preceitos da lei judaica, os mais importantes eram os dez Mandamentos, comunicados diretamente por Deus a Moisés, como condições do pacto de aliança com o povo. Mas Jesus quer que compreendamos que sem o amor a Deus e ao próximo não há verdadeira fidelidade a esta aliança com o Senhor. Podes fazer muitas coisa boas, cumprir tantos preceitos, tantas coisas boas, mas se não tiveres amor, isto não serve.

Confirma-o um outro texto do Livro do Êxodo, chamado “código da aliança”, onde se afirma que não se pode estar na Aliança com o Senhor e maltratar quantos gozam da sua proteção. E quem são aqueles que gozam da sua proteção? A Bíblia diz: a viúva, o órfão, o estrangeiro, o migrante, ou seja, as pessoas mais sozinhas e indefesas (cf. Ex 22,20-21). Respondendo a estes fariseus que o tinham questionado, Jesus tenta também ajudá-los a pôr ordem na sua religiosidade, a estabelecer de novo o que conta realmente e o que é menos importante. Jesus diz: «Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas» (Mt 22,40). São os mais importantes, e os outros dependem destes dois. E Jesus viveu precisamente assim a sua vida: pregando e fazendo o que conta realmente e é essencial, ou seja, o amor. O amor dá impulso e fecundidade à vida e ao caminho de fé: sem amor, quer a vida quer a fé permanecem estéreis.

O que Jesus propõe nesta página evangélica é um ideal maravilhoso, que corresponde ao desejo mais autêntico do nosso coração. Com efeito, fomos criados para amar e ser amados. Deus, que é Amor, criou-nos para nos tornarmos partícipes da sua vida, para sermos amados por Ele, para o amar e para amar juntamente com Ele todas as pessoas. Este é o “sonho” de Deus para o homem. E a fim de o realizar precisamos da sua graça, necessitamos receber em nós a capacidade de amar, que provém do próprio Deus. Jesus oferece-se a nós na Eucaristia exatamente por isso. Nela recebemos o seu Corpo e o seu Sangue, ou seja, recebemos Jesus na expressão máxima do seu amor, quando Ele se ofereceu ao Pai para a nossa salvação.

A Virgem Santa nos ajude a acolher na nossa vida o “grande mandamento” do amor a Deus e ao próximo. Com efeito, mesmo conhecendo-o desde quando éramos crianças, nunca nos converteremos totalmente a ele nem pomos em prática o suficiente nas diversas situações nas quais nos encontramos.


Fonte: Santa Sé.

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