sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O rito da canonização

Neste domingo, 04 de setembro, o Papa Francisco presidirá na Praça de São Pedro a Santa Missa para a canonização da Beata Teresa de Calcutá, Religiosa. Julgamos oportuna a ocasião para falar um pouco do rito da canonização (como fizemos com o rito da beatificação em 2014):


A canonização é o ato solene através do qual um Beato é inscrito no catálogo dos santos e seu culto passa a ser permitido em caráter universal (o culto aos Beatos tem sempre um caráter local). Portanto, dada a importância deste ato, a canonização só pode ser celebrada pelo Papa, diferentemente das beatificações, que geralmente são celebradas por um Legado Pontifício (nada impede, porém, que o Papa presida uma beatificação).

A canonização é celebrada no contexto da Santa Missa, geralmente em Roma, na Praça São Pedro ou na Basílica Vaticana. Porém, em alguns casos, o Papa preside a canonização na diocese de origem do novo santo (foi o caso de São Junípero Serra, canonizado pelo Papa Francisco nos Estados Unidos em 2015).

Em 2012 o Papa Bento XVI autorizou a reformulação do rito das canonizações, resgatando alguns elementos da tradição. Porém, com a eleição do Papa Francisco algumas mudanças foram feitas, sendo este o rito utilizado atualmente:

Antes do início da celebração é colocada em destaque uma imagem do novo santo. Lembrando que na beatificação esta imagem só é descoberta após a fórmula de beatificação. Aqui, como já há culto ao Beato, a imagem permanece descoberta desde o início.

Imagem de Madre Teresa na sacada da Basílica Vaticana
A Missa inicia-se como de costume. Após o sinal da cruz e a saudação, entoa-se imediatamente o hino Veni Creator (Vinde Espírito Criador). Em seguida, o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos (atualmente o Cardeal Angelo Amato) aproxima-se do Santo Padre, acompanhado do Postulador da Causa de Canonização, e faz o pedido da Canonização:

Beatissime Pater, postulat Sancta Mater Ecclesia per Sanctitatem Vestram, Catalogo Sanctorum adscribi, et tanquam Sanctam ab omnibus christifidelibus pronunciari Beatam Teresiam de Calcutta.

(Beatíssimo Pai, a Santa Mãe Igreja pede que Vossa Santidade inscreva a Beata Teresa de Calcutá no Catálogo dos Santos e como tal seja venerada por todos os fieis cristãos.)


O Prefeito lê então uma pequena biografia do novo Santo. Segue-se a Ladainha de Todos os Santos, após a qual o Papa recita a fórmula de canonização:

Ad honorem Sanctae et Individuae Trinitatis, ad exaltationem fidei catholicae et vitae christianae incrementum, auctoritate Domini nostri Iesu Christi, Beatorum Apostolorum Petri et Pauli, ac Nostra, matura deliberatione praehabita, et divina ope saepius implorata, ac de plurimorum Fratrum Nostrorum consilio, Beatam Teresiam de Calcutta Sanctam esse decernimus et definimos, ac Sanctorum catalogo adscribimus, statuentes eam in universa Ecclesia inter Sanctos pia devotione recoli debere. In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti.

(Para honra da Santa e Indivisível Trindade, para exaltação da fé católica e incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e Nossa, após madura deliberação e muitas vezes implorado a ajuda divina, com o conselho de muitos irmãos nossos, decidimos e definimos Santa a Beata Teresa de Calcutá, a inscrevemos no Catálogo dos Santos e estabelecemos que em toda a Igreja seja devotamente honrada entre os Santos. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.)


Enquanto entoa-se um canto de ação de graças, alguns fieis (geralmente destinatários do milagre que levou à Canonização) levam até junto do altar relíquias do novo Santo. Depositam-se flores e velas junto às relíquias e um diácono as incensa.


Depostas as relíquias junto do altar, o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santo e o Postulador da Causa agradecem ao Santo Padre com estas palavras:

Beatissime Pater, nomine Sanctæ Ecclesiæ enixas gratias ago de pronuntiatione a Sanctitate Vestra facta ac humiliter peto ut eadem Sanctitas Vestra super peracta canonizatione Litteras Apostolicas dignetur decernere.

(Beatíssimo Pai, em nome da Santa Igreja rendo graças pela proclamação feita por Vossa Santidade e humildemente peço a Vossa Santidade dispor que as Letras Apostólicas acerca da Canonização sejam redigidas.)

E o Santo Padre responde: Decernimus (Assim o ordenamos).
 
Em seguida entoa-se o Glória e a Missa segue como de costume. Um destaque para o Evangelho a ser proclamado em latim e grego, gesto próprio das celebrações mais solenes presididas pelo Papa, a fim de expressar a universalidade da Igreja.


(Observação: As traduções do rito da Canonização foram feitas livremente pelo autor deste blog, a partir do original latino disponível no livreto da celebração).

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