Neste domingo, 04
de setembro, o Papa Francisco presidirá na Praça de São Pedro a Santa Missa
para a canonização da Beata Teresa de Calcutá, Religiosa. Julgamos oportuna a
ocasião para falar um pouco do rito da canonização (como fizemos com o rito da beatificação em 2014):
A canonização é
o ato solene através do qual um Beato é inscrito no catálogo dos santos e seu
culto passa a ser permitido em caráter universal (o culto aos Beatos tem sempre
um caráter local). Portanto, dada a importância deste ato, a canonização só
pode ser celebrada pelo Papa, diferentemente das beatificações, que geralmente são
celebradas por um Legado Pontifício (nada impede, porém, que o Papa presida uma
beatificação).
A canonização é
celebrada no contexto da Santa Missa, geralmente em Roma, na Praça São Pedro ou
na Basílica Vaticana. Porém, em alguns casos, o Papa preside a canonização na
diocese de origem do novo santo (foi o caso de São Junípero Serra, canonizado
pelo Papa Francisco nos Estados Unidos em 2015).
Em 2012 o Papa
Bento XVI autorizou a reformulação do rito das canonizações, resgatando alguns
elementos da tradição. Porém, com a eleição do Papa Francisco algumas mudanças
foram feitas, sendo este o rito utilizado atualmente:
Antes do início
da celebração é colocada em destaque uma imagem do novo santo. Lembrando que na
beatificação esta imagem só é descoberta após a fórmula de beatificação. Aqui,
como já há culto ao Beato, a imagem permanece descoberta desde o início.
Imagem de Madre Teresa na sacada da Basílica Vaticana |
A Missa
inicia-se como de costume. Após o sinal da cruz e a saudação, entoa-se
imediatamente o hino Veni Creator (Vinde Espírito Criador). Em seguida, o
Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos (atualmente o Cardeal Angelo
Amato) aproxima-se do Santo Padre, acompanhado do Postulador da Causa de
Canonização, e faz o pedido da Canonização:
Beatissime Pater, postulat Sancta Mater Ecclesia
per Sanctitatem Vestram, Catalogo Sanctorum adscribi, et tanquam Sanctam ab
omnibus christifidelibus pronunciari Beatam Teresiam de Calcutta.
(Beatíssimo
Pai, a Santa Mãe Igreja pede que Vossa Santidade inscreva a Beata Teresa de
Calcutá no Catálogo dos Santos e como tal seja venerada por todos os fieis cristãos.)
O Prefeito lê
então uma pequena biografia do novo Santo. Segue-se a Ladainha de Todos os
Santos, após a qual o Papa recita a fórmula de canonização:
Ad honorem
Sanctae et Individuae Trinitatis, ad exaltationem fidei catholicae et vitae christianae
incrementum, auctoritate Domini nostri Iesu Christi, Beatorum Apostolorum Petri
et Pauli, ac Nostra, matura deliberatione praehabita, et divina ope saepius
implorata, ac de plurimorum Fratrum Nostrorum consilio, Beatam Teresiam de
Calcutta Sanctam esse decernimus et definimos, ac Sanctorum catalogo adscribimus,
statuentes eam in universa Ecclesia inter Sanctos pia devotione recoli debere.
In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti.
(Para
honra da Santa e Indivisível Trindade, para exaltação da fé católica e
incremento da vida cristã, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos
Apóstolos Pedro e Paulo e Nossa, após madura deliberação e muitas vezes
implorado a ajuda divina, com o conselho de muitos irmãos nossos, decidimos e
definimos Santa a Beata Teresa de Calcutá, a inscrevemos no Catálogo dos Santos
e estabelecemos que em toda a Igreja seja devotamente honrada entre os Santos.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.)
Enquanto entoa-se
um canto de ação de graças, alguns fieis (geralmente destinatários do milagre
que levou à Canonização) levam até junto do altar relíquias do novo Santo.
Depositam-se flores e velas junto às relíquias e um diácono as incensa.
Depostas as
relíquias junto do altar, o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santo e o
Postulador da Causa agradecem ao Santo Padre com estas palavras:
Beatissime Pater, nomine Sanctæ Ecclesiæ
enixas gratias ago de pronuntiatione a Sanctitate Vestra facta ac humiliter
peto ut eadem Sanctitas Vestra super peracta canonizatione Litteras Apostolicas
dignetur decernere.
(Beatíssimo
Pai, em nome da Santa Igreja rendo graças pela proclamação feita por Vossa
Santidade e humildemente peço a Vossa Santidade dispor que as Letras Apostólicas
acerca da Canonização sejam redigidas.)
E o Santo Padre
responde: Decernimus (Assim o
ordenamos).
Em seguida entoa-se
o Glória e a Missa segue como de costume. Um destaque para o Evangelho a ser
proclamado em latim e grego, gesto próprio das celebrações mais solenes
presididas pelo Papa, a fim de expressar a universalidade da Igreja.
(Observação: As traduções do rito da Canonização
foram feitas livremente pelo autor deste blog, a partir do original latino
disponível no livreto da celebração).
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