sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Ângelus: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 07 de agosto de 2016

Bom dia, estimados irmãos e irmãs!
No Evangelho de hoje (Lc 12,32-48) Jesus fala aos seus discípulos sobre a atitude que devem assumir em vista do encontro final com Ele, explicando que a expectativa de tal encontro deve impelir a uma vida rica de boas obras. Entre outras coisas, diz: «Vendei o que possuís e dai-o de esmola; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega e a traça não o destrói» (v. 33). Trata-se de um convite a dar valor à esmola como obra de misericórdia, a não colocar a confiança nos bens efêmeros e a utilizar as coisas sem apego nem egoísmo, mas segundo a lógica de Deus, a lógica da atenção ao próximo, a lógica do amor. Nós podemos viver muito apegados ao dinheiro e possuir grandes bens, mas no final não poderemos levá-los conosco. Recordai-vos que «a mortalha não tem bolsos».

O ensinamento de Jesus continua com três breves parábolas sobre o tema da vigilância. Isto é importante: a vigilância, estar atento, ser vigilante na vida. A primeira é a parábola dos servos que de noite aguardam a volta do seu senhor. «Bem-aventurados os servos aos quais o senhor encontrar vigiando, quando vier!» (v. 37): é a bem-aventurança de esperar o Senhor com fé, permanecendo pronto, em atitude de serviço. Ele faz-se presente cada dia, bate à porta do nosso coração. E bem-aventurado será aquele que lhe abrir a porta, porque receberá uma grande recompensa: com efeito, o próprio Senhor será o Servo dos seus servos - é uma bonita recompensa! - e no grandioso banquete do seu Reino Ele mesmo passará a servi-los. Mediante esta parábola, ambientada de noite, Jesus apresenta a vida como uma vigília de espera ativa, um prelúdio ao dia resplandecente da eternidade. Para podermos aceder a ela é preciso que estejamos prontos, acordados e comprometidos no serviço ao próximo, na consoladora perspectiva de que no «além» já não seremos nós que serviremos a Deus, mas será Ele mesmo que nos acolherá à sua mesa. Pensando bem, isto já acontece hoje, cada vez que encontramos o Senhor na oração, ou então quando servimos os pobres, mas sobretudo na Eucaristia, onde Ele prepara um banquete para nos alimentar com a sua Palavra e com o seu Corpo.

A segunda parábola tem como imagem a vinda imprevisível do ladrão. Isto exige a vigilância; com efeito, Jesus exorta: «Estai, pois, preparados, porque na hora em que não pensais virá o Filho do Homem» (v. 40). O discípulo é aquele que espera o Senhor e o seu Reino. O Evangelho esclarece esta perspectiva com a terceira parábola: o administrador de uma casa, depois da partida do patrão. No primeiro caso, o administrador cumpre fielmente os seus deveres e recebe a recompensa. No segundo caso, o administrador abusa da sua autoridade e bate nos seus servos; por isso, quando o patrão voltar repentinamente, será punido. Esta cena descreve uma situação frequente inclusive nos dias de hoje: muitas injustiças, violências e maldades quotidianas brotam da ideia de nos comportarmos como senhores da vida dos outros. Nós temos um único Senhor, que não gosta de ser chamado «patrão», mas sim «Pai». Todos nós somos servos, pecadores e filhos: Ele é o único Pai.

Hoje Jesus recorda-nos que a expectativa da bem-aventurança eterna não nos dispensa do compromisso de tornar o mundo mais justo e mais habitável. Aliás, é exatamente esta nossa esperança de possuir o Reino na eternidade que nos impele a agir para melhorar as condições da vida terrena, de maneira especial dos irmãos mais frágeis. A Virgem Maria nos ajude a ser pessoas e comunidades não niveladas no presente ou, pior, nostálgicas do passado, mas orientadas para o futuro de Deus, para o encontro com Ele, nossa vida e nossa esperança.


Fonte: Santa Sé.

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