sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Homilia: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano C

Santo Ambrósio
Comentário sobre o Salmo 118
Que a Palavra de Deus seja lâmpada para os meus passos

Seja a fé precursora de teu caminho, seja a Escritura divina o teu caminho. Boa é a celestial guia da Palavra. Acende a tua candeia nesta lâmpada, para que refulja teu olho interior, que é a lâmpada de teu corpo. Tu tens abundância de lâmpadas: acende-as todas, porque te foi dito: tenham a cintura cingida e as lâmpadas acesas.
Onde a obscuridade é muito densa, se necessitam muitas lâmpadas, para que em meio de tão profundas trevas brilhe a luz de nossos méritos. Estas são as lâmpadas que a lei dispôs que ardessem continuamente na tenda do encontro. Na realidade, a tenda de encontro é este nosso corpo, no qual veio Cristo através de um templo maior e mais perfeito, como está escrito, para entrar no santuário por seu próprio sangue e purificar nossa consciência da mancha e das obras mortas; deste modo, em nossos corpos, que mediante o testemunho e qualidade de seus atos manifestam o oculto e secreto de nossos pensamentos, brilhará, quais outras lâmpadas, a clara luz de nossas virtudes. Estas são as lâmpadas acesas, que dia e noite brilham no templo de Deus. Se conservas em teu corpo o templo de Deus, se teus membros são membros de Cristo, luzirão tuas virtudes, que ninguém conseguirá apagar, a menos que teu próprio pecado as apague. Resplandeça a solenidade de nossas festas com esta luz de espírito puro e afetos sinceros.
Portanto, brilhe sempre a tua lâmpada. Cristo repreende inclusive aos que, servindo-se da lâmpada, nem sempre a utilizam, dizendo: Tende a cintura cingida e as lâmpadas acesas. Não nos alegremos eventualmente da luz. Alegra-se eventualmente aquele que na Igreja escutou a Palavra e se regozija; porém, ao sair dela, esquece-se do que ouviu e não se preocupa mais. Este é o que perambula por sua casa sem lâmpada; e, em consequência, caminha em trevas, aquele que se ocupa de atividades próprias das trevas, vestido das vestes do diabo e não de Cristo. Isto acontece cada vez que não reluz a lâmpada da Palavra. Portanto, não descuidemos jamais da Palavra de Deus, que é para nós origem de toda virtude e certa potenciação de todas as nossas obras.
Se os membros de nosso corpo não podem agir corretamente sem luz - pois sem luz os pés vacilam e as mãos erram –, com quanta maior razão não irão referir-se à luz da Palavra os passos de nossa alma e as operações de nosso espírito? Pois também existem algumas mãos da alma, que tocam acertadamente – assim como Tomé tocou os sinais da Ressurreição do Senhor –, se nos ilumina a luz da Palavra presente. Que esta lâmpada permaneça acesa em toda palavra e em toda obra. Que todos os nossos passos, externos e internos, movam-se para a luz desta lâmpada.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 692-693. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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