quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Catequese Jubilar do Papa: Misericórdia e Missão

Jubileu Extraordinário da Misericórdia
Papa Francisco
Audiência Jubilar
Sábado, 30 de Janeiro de 2016
Misericórdia e missão

Queridos irmãos e irmãs!
Entramos dia após dia no cerne do Ano Santo da Misericórdia. Com a sua graça, o Senhor guia os nossos passos enquanto atravessamos a Porta Santa e vem ao nosso encontro para permanecer sempre connosco, apesar das nossas falhas e contradições. Nunca deixamos de ter necessidade do seu perdão, porque quando nos sentimos débeis a sua proximidade torna-nos fortes e permite-nos viver a nossa fé com mais alegria.
Hoje gostaria de vos indicar o vínculo estreito que existe entre a misericórdia e a missão. Como recordava são João Paulo II: «A Igreja vive uma existência autêntica quando professa e proclama a misericórdia e aproxima os homens das fontes da misericórdia» (cf. Enc. Dives in misericordia, 13). Como cristãos temos a responsabilidade de ser missionários do Evangelho. Quando recebemos uma boa notícia, ou vivemos uma experiência bonita, é natural que sintamos a exigência de partilhá-la com os outros. Sentimos dentro de nós que não podemos conter a alegria que nos foi doada: queremos compartilhá-la. A alegria suscitada é tal que nos impele a comunicá-la.
E deveria ser assim também quando nos encontramos com o Senhor: a alegria deste encontro, da sua misericórdia, comunicar a misericórdia do Senhor. Aliás, o sinal concreto de que nos encontramos realmente com Jesus é a alegria que sentimos ao comunicá-la também aos outros. E isto não é «fazer proselitismo», é oferecer um dom: dou-te o que me dá alegria. Lendo o Evangelho vemos que esta foi a experiência dos primeiros discípulos: depois do primeiro encontro com Jesus, André foi imediatamente contar ao seu irmão Pedro (cf. Jo 1,40-42) e o mesmo fez Filipe a Natanael (cf. Jo 1,45-46). Encontrar com Jesus equivale a encontrar o seu amor. Este amor transforma-nos e torna-nos capazes de transmitir aos outros a força que nos doa. De qualquer maneira poderíamos dizer que a partir do dia do Batismo a cada um de nós é dado um novo nome que se acrescenta ao que os pais nos deram, e este nome é «Cristóvão»: somos todos «Cristóvãos». O que significa? «Portadores de Cristo». É o nome da nossa atitude, uma atitude de portadores da alegria de Cristo, da misericórdia de Cristo. Cada cristão é um «Cristóvão», isto é, um portador de Cristo!
A misericórdia que recebemos do Pai não nos é dada como uma consolação individual, mas torna-nos instrumentos a fim de que também outros possam receber o mesmo dom. Há uma circularidade admirável entre a misericórdia e a missão. Viver de misericórdia torna-nos missionários da misericórdia, e ser missionários permite-nos crescer cada vez mais na misericórdia de Deus. Portanto, levemos a sério o nosso ser cristãos, comprometendo-nos a viver como crentes, porque só assim o Evangelho pode comover o coração das pessoas e abri-lo para receber a graça do amor, para receber esta grande misericórdia de Deus que acolhe todos.


Fonte: Santa Sé

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