sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Angelus do Papa no V Domingo do Tempo Comum

Papa Francisco

Angelus
Praça São Pedro
Domingo, 7 de Fevereiro de 2016

Bom dia, queridos irmãos e irmãs!
O Evangelho deste domingo descreve - na narração de são Lucas - a chamada dos primeiros discípulos de Jesus (Lc 5, 1-11). O acontecimento tem lugar num contexto de vida quotidiana: alguns pescadores encontram-se à margem do lago da Galileia e, depois de uma noite de trabalho passada sem nada pescar, põem-se a lavar e a consertar as redes. Jesus sobe ao barco de um deles, o de Simão chamado Pedro, pede-lhe que se afaste um pouco da margem e põe-se a pregar a Palavra de Deus ao povo que se tinha reunido em grande número. Quando acaba de falar, pede-lhe que se faça ao largo e que lance as redes. Simão já tinha conhecido Jesus, experimentando o poder prodigioso da sua palavra, e por isso responde: «Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas por causa da tua palavra lançarei as redes» (v. 5). E esta sua fé não é desiludida: com efeito, as redes enchem-se com tanta quantidade de peixes, que quase se rompem (cf. v. 6).
Perante este acontecimento extraordinário, os pescadores enchem-se de grande admiração. Simão Pedro lança-se aos pés de Jesus, dizendo: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador» (v. 8). Aquele sinal milagroso convenceu-o de que Jesus não é apenas um Mestre formidável, cuja palavra é genuína e poderosa, mas que Ele é o Senhor, a manifestação de Deus. E esta presença aproximada suscita em Pedro uma forte sensação da própria mesquinhez e indignidade. Sob um ponto de vista humano, pensa que deve haver distância entre o pecador e o Santo. Na verdade, precisamente a sua condição de pecador exige que o Senhor não se afaste dele, do mesmo modo como um médico não se pode distanciar de quem está doente.
A resposta de Jesus a Simão Pedro é reconfortante e decisiva: «Não temas; doravante serás pescador de homens» (v. 10). E de novo o pescador da Galileia, depositando a sua confiança nesta palavra, deixa tudo e segue Aquele que se tornou o seu Mestre e Senhor. E assim agiram também Tiago e João, companheiros de trabalho de Simão. Esta é a lógica que orienta a missão de Jesus e a missão da Igreja: ir à procura, «pescar» homens e mulheres, não para fazer proselitismo mas para restituir a todos a plena dignidade e liberdade, mediante o perdão dos pecados. Eis a essência do cristianismo: propagar o amor regenerante e gratuito de Deus, com atitude de acolhimento e de misericórdia para com todos, a fim de que cada um possa encontrar a ternura de Deus e receber a plenitude de vida. E aqui penso de maneira particular nos confessores: eles são os primeiros que devem transmitir a misericórdia do Pai, seguindo o exemplo de Jesus, como fizeram também os dois frades santos, padre Leopoldo e padre Pio.
O Evangelho de hoje interpela-nos: sabemos nós confiar verdadeiramente na palavra do Senhor? Ou então nos deixamos desanimar pelos nossos fracassos? Durante este Ano Santo da Misericórdia somos chamados a confortar quem se sentir pecador e indigno diante do Senhor, e abatido por causa dos próprios erros, dizendo-lhe as mesmas palavras de Jesus: «Não temas». «A misericórdia do Pai é maior do que os teus pecados! É maior, não tenhas medo!». Que a Virgem Maria nos ajude a compreender cada vez mais que ser discípulos significa colocar os nossos pés nas pegadas deixadas pelo Mestre: são os passos da graça divina, que volta a gerar a vida para todos.


Fonte: Santa Sé

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