O pálio (do
latim pallium, manto) é uma tira de
lã branca com seis cruzes negras que o Papa entrega aos Arcebispos
Metropolitanos (também chamados Metropolitas).
Esta é a única
insígnia episcopal que não é utilizada por todos os Bispos, mas apenas por
aqueles que governam uma Arquidiocese Metropolitana, que unida às dioceses próximas,
denominadas sufragâneas, forma uma Província Eclesiástica.
Os Arcebispos
não Metropolitanos (chamados Titulares) não possuem direito ao pálio, pois
tratam-se de Bispos que não governam Arquidioceses, mas que possuem funções de
grande dignidade dentro da Igreja (Prefeitos de Dicastérios da Cúria Romana,
Núncios Apostólicos), sendo-lhes portanto conferido o título de uma
Arquidiocese extinta.
Os únicos dois
não Metropolitas que, por antiquíssima tradição, gozam do direito ao pálio são
o Decano do Colégio Cardinalício (atualmente, o Cardeal Angelo Sodano) e o
Patriarca Latino de Jerusalém (Dom Fouad Twal).
Dom Foaud Twal, Patriarca de Jerusalém, com o pálio |
O Metropolita,
uma vez recebido o pálio, pode usá-lo em toda a Província Eclesiástica, mas
apenas dentro da celebração da Missa, quando preside ou concelebra, ao menos nos
dias mais solenes. Não se usa o pálio sobre o pluvial, nem sobre as vestes
corais.
A entrega do
pálio, segundo o Cerimonial dos Bispos e o Pontifical Romano, deveria ser feita
na Ordenação Episcopal ou na tomada de posse do Arcebispo. Contudo, desde o
pontificado de São João Paulo II, o Papa tomou para si a atribuição de entregar
pessoalmente os pálios na Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo (29 de
junho) na Basílica de São Pedro. Esta será a única vez que o Metropolita usará
o pálio fora de sua jurisdição.
A preparação dos
pálios começa na verdade no dia 21 de janeiro, memória de Santa Inês, Virgem e
Mártir, quando o Papa abençoa a lã de duas ovelhas. Desta lã, as monjas beneditinas
do mosteiro de Santa Cecília in Trastevere
tecem os pálios para os Metropolitas nomeados naquele ano.
No dia 24 de
junho, Solenidade da Natividade de São João Batista, os pálios já prontos são
depositados junto ao túmulo de São Pedro na Basílica Vaticana. De lá são
trazidos no início da Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, para que o
Papa os imponha aos Metropolitas, recitando a seguinte fórmula:
Para
glória de Deus Onipotente e louvor da Bem-aventurada sempre Virgem Maria e dos
Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, para decoro das Sés a vós confiadas,
como sinal do poder de metropolitas, vos entregamos o pálio tomado da Confissão
do Bem-aventurado Pedro, para que o uses dentro dos limites de vossa província
eclesiástica. Que este pálio seja para vós símbolo de unidade e sinal de
comunhão com a Sé Apostólica; seja vínculo de caridade e estímulo à fortaleza,
a fim de que no dia da vinda e da revelação do grande Deus e do príncipe dos
pastores, Jesus Cristo, possam obter, com o rebanho a vós confiado, a veste da
imortalidade e da glória. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Imposição dos pálios (2014) |
Esta oração
evidencia, pois, as duas realidades fundamentais que o pálio simboliza: a união
dos Metropolitas ao Papa e a sua missão de pastores do rebanho de Cristo. Este
segundo simbolismo é ainda mais eloquente quando se considera a forma e a
matéria do pálio, que indicam claramente a ovelha que o pastor carrega aos
ombros.
Um outro
elemento que pode fazer-se presente no pálio são três cravos, fixados sobre as
cruzes no peito, nas costas e no ombro esquerdo. Estes cravos recordam os
pregos da Paixão de Cristo e também a própria cruz do Senhor, que o arcebispo é
chamado a carregar sobre o ombro.
Mons. Guido Marini impõe os cravos no pálio do Papa (2013) |
Por fim, o Papa,
como Metropolita da Província Romana, faz igualmente uso do pálio, que lhe é
imposto na Missa de Início do Ministério Petrino pelo Cardeal Proto-Diácono.
Desde o início de seu pontificado, o Papa Bento XVI havia adotado um modelo de
pálio distinto dos demais Metropolitas, com cruzes vermelhas ao invés de negras, para evidenciar a dignidade própria do
Romano Pontífice. Porém, desde junho deste ano, Francisco voltou a usar um
pálio igual ao dos demais Arcebispos.
Papa Francisco com o pálio idêntico ao dos demais Arcebispos (2014) |
O termo "pálio" refere-se também a um objeto litúrgico, sobre o qual tratamos aqui.
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