terça-feira, 9 de setembro de 2014

O pálio

O pálio (do latim pallium, manto) é uma tira de lã branca com seis cruzes negras que o Papa entrega aos Arcebispos Metropolitanos (também chamados Metropolitas).


Esta é a única insígnia episcopal que não é utilizada por todos os Bispos, mas apenas por aqueles que governam uma Arquidiocese Metropolitana, que unida às dioceses próximas, denominadas sufragâneas, forma uma Província Eclesiástica.

Os Arcebispos não Metropolitanos (chamados Titulares) não possuem direito ao pálio, pois tratam-se de Bispos que não governam Arquidioceses, mas que possuem funções de grande dignidade dentro da Igreja (Prefeitos de Dicastérios da Cúria Romana, Núncios Apostólicos), sendo-lhes portanto conferido o título de uma Arquidiocese extinta.

Os únicos dois não Metropolitas que, por antiquíssima tradição, gozam do direito ao pálio são o Decano do Colégio Cardinalício (atualmente, o Cardeal Angelo Sodano) e o Patriarca Latino de Jerusalém (Dom Fouad Twal).

Dom Foaud Twal, Patriarca de Jerusalém, com o pálio
O Metropolita, uma vez recebido o pálio, pode usá-lo em toda a Província Eclesiástica, mas apenas dentro da celebração da Missa, quando preside ou concelebra, ao menos nos dias mais solenes. Não se usa o pálio sobre o pluvial, nem sobre as vestes corais.

A entrega do pálio, segundo o Cerimonial dos Bispos e o Pontifical Romano, deveria ser feita na Ordenação Episcopal ou na tomada de posse do Arcebispo. Contudo, desde o pontificado de São João Paulo II, o Papa tomou para si a atribuição de entregar pessoalmente os pálios na Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo (29 de junho) na Basílica de São Pedro. Esta será a única vez que o Metropolita usará o pálio fora de sua jurisdição.


A preparação dos pálios começa na verdade no dia 21 de janeiro, memória de Santa Inês, Virgem e Mártir, quando o Papa abençoa a lã de duas ovelhas. Desta lã, as monjas beneditinas do mosteiro de Santa Cecília in Trastevere tecem os pálios para os Metropolitas nomeados naquele ano.

No dia 24 de junho, Solenidade da Natividade de São João Batista, os pálios já prontos são depositados junto ao túmulo de São Pedro na Basílica Vaticana. De lá são trazidos no início da Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, para que o Papa os imponha aos Metropolitas, recitando a seguinte fórmula:

 Para glória de Deus Onipotente e louvor da Bem-aventurada sempre Virgem Maria e dos Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, para decoro das Sés a vós confiadas, como sinal do poder de metropolitas, vos entregamos o pálio tomado da Confissão do Bem-aventurado Pedro, para que o uses dentro dos limites de vossa província eclesiástica. Que este pálio seja para vós símbolo de unidade e sinal de comunhão com a Sé Apostólica; seja vínculo de caridade e estímulo à fortaleza, a fim de que no dia da vinda e da revelação do grande Deus e do príncipe dos pastores, Jesus Cristo, possam obter, com o rebanho a vós confiado, a veste da imortalidade e da glória. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Imposição dos pálios (2014)
(Para saber mais sobre o rito da imposção do pálio, clique aqui).

Esta oração evidencia, pois, as duas realidades fundamentais que o pálio simboliza: a união dos Metropolitas ao Papa e a sua missão de pastores do rebanho de Cristo. Este segundo simbolismo é ainda mais eloquente quando se considera a forma e a matéria do pálio, que indicam claramente a ovelha que o pastor carrega aos ombros.

Um outro elemento que pode fazer-se presente no pálio são três cravos, fixados sobre as cruzes no peito, nas costas e no ombro esquerdo. Estes cravos recordam os pregos da Paixão de Cristo e também a própria cruz do Senhor, que o arcebispo é chamado a carregar sobre o ombro.

Mons. Guido Marini impõe os cravos no pálio do Papa (2013)
Por fim, o Papa, como Metropolita da Província Romana, faz igualmente uso do pálio, que lhe é imposto na Missa de Início do Ministério Petrino pelo Cardeal Proto-Diácono. Desde o início de seu pontificado, o Papa Bento XVI havia adotado um modelo de pálio distinto dos demais Metropolitas, com cruzes vermelhas ao invés de negras, para evidenciar a dignidade própria do Romano Pontífice. Porém, desde junho deste ano, Francisco voltou a usar um pálio igual ao dos demais Arcebispos.

Papa Francisco com o pálio idêntico ao dos demais Arcebispos (2014)

O termo "pálio" refere-se também a um objeto litúrgico, sobre o qual tratamos aqui.

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