terça-feira, 12 de novembro de 2013

Ângelus: Solenidade de Todos os Santos (2013)

Solenidade de Todos os Santos
Papa Francisco
Ângelus 
Sexta-feira, 1° de novembro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A Solenidade de Todos os Santos, que celebramos hoje, recorda-nos que a meta da nossa existência não é a morte, mas o Paraíso! Escreve o Apóstolo João: «Ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se verificar, seremos semelhantes a Deus, porque o veremos como Ele é» (1Jo 3,2). Os Santos, os amigos de Deus, asseguram-nos que esta promessa não desilude. Com efeito, na sua existência terrena eles viveram em profunda comunhão com Deus. No semblante dos irmãos mais pequeninos e desprezados viram o Rosto de Deus e agora contemplam-no face a face na sua beleza gloriosa.

Os Santos não são super-homens, nem nasceram perfeitos. Eles são como nós, como cada um de nós, são pessoas que antes de alcançar a glória do Céu levaram uma vida normal, com alegrias e sofrimentos, dificuldades e esperanças. Mas o que mudou a sua vida? Quando conheceram o amor de Deus, seguiram-no com todo o seu coração, de maneira incondicional, sem hipocrisias; dedicaram a própria vida ao serviço do próximo, suportaram sofrimentos e adversidades sem ódio, respondendo ao mal com o bem, difundindo alegria e paz. Esta é a vida dos Santos: pessoas que, por amor a Deus, na sua vida não lhe puseram condições; não foram hipócritas; consagraram a própria vida ao serviço dos outros, para servir o próximo; padeceram muitas adversidades, mas sem ódio. Os Santos nunca odiaram. Compreendei bem isto: o amor é de Deus, mas de quem provém o ódio? O ódio não vem de Deus, mas do diabo! E os Santos afastaram-se do diabo; os Santos são homens e mulheres que têm alegria no seu coração e que a transmitem aos outros. Nunca odiar, mas servir os outros, os mais necessitados; rezar e viver na alegria: eis o caminho da santidade!

Ser Santo não é um privilégio de poucos, como se alguém tivesse recebido uma grande herança; no Batismo, todos nós recebemos a herança de poder tornar-nos Santos. A santidade é uma vocação para todos. Por isso, todos nós somos chamados a caminhar pela vereda da santidade, e esta senda tem um nome, um semblante: o rosto de Jesus Cristo. É Ele que nos ensina a tornar-nos Santos. É Ele que, no Evangelho, nos indica o caminho: a via das Bem-Aventuranças (Mt 5,1-12). Com efeito, o Reino dos Céus é para quantos não depositam a sua segurança nas coisas, mas no amor de Deus; para aqueles que têm um coração simples e humilde, sem a presunção de ser justos, sem julgar os outros; para aqueles que sabem sofrer com quantos sofrem e alegrar-se com quantos se alegram; para quantos não são violentos, mas misericordiosos e procuram ser artífices de reconciliação e de paz. O Santo, a Santa, é artífice de reconciliação e de paz; ajuda sempre as pessoas a reconciliar-se entre si, contribui sempre para que haja paz. Deste modo, a santidade é bonita, é um bom caminho!

Na festa de hoje, os Santos transmitem-nos uma mensagem e dizem-nos: confiai no Senhor, porque o Senhor não desilude! Nunca decepciona, é um bom amigo, sempre ao nosso lado. Com o seu testemunho, os Santos encorajam-nos a não ter medo de ir contra a corrente, nem de sermos incompreendidos e ridicularizados quando falamos d’Ele e do Evangelho; demonstram-nos com a sua vida que quantos permanecem fiéis a Deus e à sua Palavra experimentam já nesta terra a consolação do seu amor e, depois, o «cêntuplo» na eternidade. É isto que nós esperamos e pedimos ao Senhor para os nossos irmãos e irmãs defuntos. Com sabedoria, a Igreja inseriu em sequência imediata a Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos. À nossa prece de louvor a Deus e de veneração dos espíritos bem-aventurados une-se a oração de sufrágio por aqueles que nos precederam na passagem deste mundo para a vida eterna.

Confiemos a nossa prece à intercessão de Maria, Rainha de todos os Santos.


Fonte: Santa Sé.

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