sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ângelus: XX Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 18 de agosto de 2013

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Na Liturgia de hoje ouvimos estas palavras da Carta aos Hebreus: «Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus» (Hb 12,1). É uma expressão que devemos frisar de modo especial neste Ano da Fé. Também nós, durante este ano inteiro, mantenhamos o olhar fixo em Jesus porque a fé, que é o nosso «sim» à relação filial com Deus, provém d’Ele, de Jesus. Ele é o único mediador desta relação entre nós e o nosso Pai que está nos céus. Jesus é o Filho e nós somos filhos n’Ele.

Mas a Palavra de Deus deste domingo contém inclusive uma parábola de Jesus que nos põe em crise e deve ser explicada; caso contrário, pode gerar equívocos. Jesus diz aos discípulos: «Vós pensais que Eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, Eu vos digo, vim trazer a divisão» (Lc 12,51). O que isto significa? Que a fé não é algo decorativo, ornamental; viver a fé não significa decorar a vida com um pouco de religião, como se fosse um bolo que se decora com o glacê. Não, a fé não consiste nisto. A fé exige que se escolha Deus como critério-base da vida, e Deus não é vazio, Deus não é neutro, Deus é sempre positivo, Deus é amor, e o amor é positivo! Depois que Jesus veio ao mundo, não podemos fazer como se não conhecêssemos Deus. Como se fosse algo abstrato, vazio, de referência puramente nominal; não, Deus tem um rosto concreto, tem um nome: Deus é misericórdia, Deus é fidelidade, é vida que se doa a todos nós. Por isso, Jesus diz: vim para trazer a separação; Jesus não quer dividir os homens entre si, pelo contrário: Jesus é a nossa paz, é a nossa reconciliação! Mas esta paz não é a paz dos sepulcros, não é neutralidade, Jesus não traz a neutralidade, esta paz não é um compromisso a todo o custo. Seguir Jesus comporta a renúncia ao mal, ao egoísmo, e a escolha do bem, da verdade e da justiça, mesmo quando isto exige sacrifício e renúncia aos próprios interesses. E isto sim, divide; como sabemos, divide até os vínculos mais estreitos. Mas atenção: não é Jesus que divide! Ele propõe o critério: viver para si mesmo ou para Deus e para o próximo; ser servido ou servir; obedecer ao próprio eu ou obedecer a Deus. Eis em que sentido Jesus é «sinal de contradição» (Lc 2,34).

Portanto, esta palavra do Evangelho não autoriza de modo algum o uso da força para propagar a fé. É precisamente o contrário: a verdadeira força do cristão é o vigor da verdade e do amor, que requer a renúncia a toda a violência. Fé e violência são incompatíveis! Fé e violência são incompatíveis! Fé e fortaleza, ao contrário, caminham juntas. O cristão não é violento, mas forte. E com que força? Da mansidão, a força da mansidão, a força do amor.

Prezados amigos, inclusive entre os parentes de Jesus havia alguns que, a certa altura, não compartilhavam o seu modo de viver e de pregar, como nos diz o Evangelho (cf. Mc 3,20-21). Mas a sua Mãe seguiu-o sempre fielmente, mantendo fixo o olhar do seu Coração em Jesus, o Filho do Altíssimo, e sobre o seu mistério. E no final, graças à fé de Maria, os familiares de Jesus começaram a fazer parte da primeira comunidade cristã (cf. At 1,14). Peçamos a Maria que ajude também a nós a manter o olhar bem fixo em Jesus e a segui-lo sempre, mesmo quando for difícil.


Fonte: Santa Sé.

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