terça-feira, 7 de maio de 2024

Regina Coeli: VI Domingo da Páscoa - Ano B

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 05 de maio de 2024

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o Evangelho fala-nos de Jesus que diz aos Apóstolos: “Já não vos chamo servos, mas amigos” (Jo 15,15). O que significa isto?

Na Bíblia, os “servos” de Deus são pessoas especiais, a quem Ele confia missões importantes, como por exemplo Moisés (cf. Ex 14,31), o rei Davi (2Sm 7,8), o profeta Elias (1Rs 18,36), até a Virgem Maria (Lc 1,38). São pessoas em cujas mãos Deus coloca os seus tesouros (Mt 25,21). Mas, segundo Jesus, tudo isto não basta para dizer quem somos para Ele; não é suficiente, é preciso mais, é preciso algo maior, que vai além dos bens e dos próprios projetos: é preciso a amizade.

Já quando crianças aprendemos como é bela esta experiência: oferecemos aos amigos os nossos brinquedos e os presentes mais bonitos; depois, à medida que crescemos, como adolescentes, confidenciamos-lhes os nossos primeiros segredos; como jovens oferecemos lealdade; como adultos partilhamos satisfações e preocupações; como idosos partilhamos as recordações, as considerações e os silêncios de dias longos. A Palavra de Deus, no Livro dos Provérbios, diz-nos que «o perfume e o incenso alegram o coração, e o conselho do amigo adoça a alma» (Pr 27,9). Pensemos por um momento nos nossos amigos, nas nossas amigas, e agradeçamos ao Senhor! Um espaço para pensar neles...

A amizade não é o resultado de um cálculo, nem de uma obrigação: ela surge espontaneamente quando reconhecemos no outro algo de nós próprios. E, se for verdadeira, a amizade é tão forte que não esmorece nem sequer perante a traição. «Um amigo ama sempre» (Pr 17,17) - diz ainda o Livro dos Provérbios -, como nos mostra Jesus quando diz a Judas, que o trai com um beijo: «Amigo, é por isso que estás aqui!» (Mt 26,50). Um verdadeiro amigo não te abandona, nem sequer quando cometes um erro: corrige-te, talvez te repreenda, mas perdoa-te e não te abandona.

E hoje Jesus, no Evangelho, diz-nos que para Ele nós somos precisamente isto, amigos: pessoas queridas, para além de qualquer mérito e expectativa, a quem Ele estende a mão e oferece o seu amor, a sua Graça, a sua Palavra; com quem - conosco, amigos - partilha o que lhe é mais caro, tudo o que ouviu do Pai (cf. Jo 15,15). Até o ponto de se tornar frágil por nós, de se colocar nas nossas mãos sem defesas e sem pretensões, porque nos ama. O Senhor ama-nos, como amigo quer o nosso bem e quer que participemos do seu.

Perguntemo-nos então: que rosto tem o Senhor para mim? O rosto de um amigo ou de um desconhecido? Sinto-me amado por Ele como uma pessoa querida? E qual é o rosto de Jesus que eu testemunho aos outros, especialmente àqueles que erram e precisam de perdão?

Que Maria nos ajude a crescer na amizade com o seu Filho e a difundi-la à nossa volta.

Jesus com os Apóstolos, seus amigos
(Eugène Burnand)

Fonte: Santa Sé.

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