segunda-feira, 31 de março de 2014

Catequese do Papa sobre a Ordem

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 26 de Março de 2014

Estimados irmãos e irmãs
Já tivemos a ocasião de recordar que os três Sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Eucaristia, juntos, constituem o mistério da «iniciação cristã», um único e grande acontecimento de graça que nos regenera em Cristo. Esta é a vocação fundamental que irmana todos na Igreja, como discípulos do Senhor Jesus. Além disso, há dois Sacramentos que correspondem a duas vocações específicas: eles são o da Ordem e do Matrimónio. Eles constituem dois caminhos grandiosos através dos quais o cristão pode fazer da própria vida um dom de amor, a exemplo e no nome de Cristo, cooperando assim para a edificação da Igreja.
Cadenciada nos três graus de episcopado, presbiterado e diaconado, a Ordem é o Sacramento que habilita para o exercício do ministério, confiado pelo Senhor Jesus aos Apóstolos, de apascentar a sua grei, no poder do Espírito e segundo o seu coração. Apascentar o rebanho de Jesus não com o poder da força humana, nem com o próprio poder, mas com o poder do Espírito, e segundo o seu coração, o coração de Jesus, que é um coração de amor. O sacerdote, o bispo e o diácono devem apascentar a grei do Senhor com amor. Se não o fizerem com amor é inútil. E neste sentido, os ministros que são escolhidos e consagrados para este serviço prolongam no tempo a presença de Jesus, se o fizerem com o poder do Espírito Santo, em nome de Deus e com amor.
Um primeiro aspecto. Quem é ordenado é posto como chefe da comunidade. No entanto, é «chefe», mas para Jesus significa pôr a própria autoridade ao serviço, como Ele mesmo demonstrou e ensinou aos seus discípulos com estas palavras: «Vós sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja vosso servo. E quem quiser tornar-se o primeiro entre vós, seja vosso escravo. Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos» (Mt 20, 25-28; Mc 10, 42-45). O bispo que não está ao serviço da comunidade não pratica o bem; o sacerdote, o presbítero que não está ao serviço da sua comunidade não faz bem, erra.
Outra característica que deriva sempre desta união sacramental com Cristo é o amor apaixonado pela Igreja. Pensemos naquele trecho da Carta aos Efésios, onde são Paulo diz que Cristo «amou a Igreja e se entregou por ela, para a santificar, purificando-a pela água do baptismo com a palavra, e para a apresentar a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante» (5, 25-27). Em virtude da Ordem, o ministro dedica-se inteiramente à própria comunidade, amando-a com todo o seu coração: é a sua família. O bispo e o sacerdote amam a Igreja na sua comunidade, amam-na fortemente. Como? Como o próprio Cristo ama a Igreja. São Paulo dirá a mesma coisa acerca do matrimónio: o esposo ama a sua esposa como Cristo ama a Igreja. Trata-se de um grande mistério de amor: do ministério sacerdotal e do matrimónio, dois Sacramentos que constituem a vereda pela qual, habitualmente, as pessoas se encaminham rumo ao Senhor.
Um último aspecto. O apóstolo Paulo recomenda ao discípulo Timóteo que não descuide, aliás, que reavive sempre o seu dom. A dádiva que lhe foi confiada mediante a imposição das mãos (cf. 1 Tm 4, 14; 2 Tm 1, 6). Quando não se alimenta o ministério, o ministério do bispo, o ministério do sacerdote com a oração, com a escuta da Palavra de Deus e com a celebração quotidiana da Eucaristia, mas também com uma frequentação do Sacramento da Penitência, acaba-se inevitavelmente por perder de vista o sentido autêntico do próprio serviço e a alegria que deriva de uma profunda comunhão com Jesus.
O bispo que não reza, o prelado que não escuta a Palavra de Deus, que não celebra todos os dias, que não se confessa regularmente e, do mesmo modo, o sacerdote que não age assim, a longo prazo perdem a união com Jesus, adquirindo uma mediocridade que não é positiva para a Igreja. Por isso, devemos ajudar os bispos e os sacerdotes a rezar, a ouvir a Palavra de Deus, que é pão quotidiano, a celebrar todos os dias a Eucaristia e a confessar-se de maneira habitual. Isto é muito importante porque diz respeito precisamente à santificação dos bispos e dos presbíteros.
Gostaria de concluir com um pensamento que me vem à mente: mas como se deve fazer para ser sacerdote, onde se vende o acesso ao sacerdócio? Não, não se vende! Trata-se de uma iniciativa que o Senhor toma. É o Senhor que chama. E chama cada um daqueles que Ele deseja como presbíteros. Talvez aqui haja alguns jovens que sentiram no seu coração este apelo, o desejo de se tornar sacerdotes, a vontade de servir os outros em tudo aquilo que vem de Deus, o desejo de estar durante a vida inteira ao serviço para catequizar, baptizar, perdoar, celebrar a Eucaristia, curar os enfermos... e assim durante a vida inteira! Se algum de vós sentiu isto no seu coração, foi Jesus que o pôs ali. Esmerai-vos por este convite e rezai a fim de que ele prospere e dê frutos na Igreja inteira.


Fonte: Santa Sé 

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