quarta-feira, 30 de julho de 2014

Ângelus do Papa: XVI Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 20 de julho de 2014

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Durante estes domingos a Liturgia propõe algumas parábolas evangélicas, ou seja, breves narrações que Jesus utilizava para anunciar o Reino dos céus às multidões. Entre aquelas presentes no Evangelho de hoje, há uma bastante complexa, cuja explicação Jesus oferece aos discípulos: é a do trigo e do joio, que enfrenta o problema do mal no mundo, pondo em evidência a paciência de Deus (Mt 13,24-30.36-43). A cena desenrola-se num campo onde o senhor lança a semente; mas certa noite chega o inimigo e semeia o joio, termo que em hebraico deriva da mesma raiz do nome «Satanás», evocando o conceito de divisão. Todos nós sabemos que o diabo é um «semeador de joio», aquele que procura sempre dividir as pessoas, as famílias, as nações e os povos. Os empregados gostariam de arrancar imediatamente a erva daninha, mas o senhor impede-o com a seguinte motivação: «Ao extirpardes o joio, correis o risco de arrancar também o trigo» (v. 29). Pois todos nós sabemos que o joio, quando cresce, se assemelha muito ao trigo, e existe o perigo de se confundirem.

O ensinamento da parábola é dúplice. Antes de tudo recorda que o mal existente no mundo não deriva de Deus, mas do seu inimigo, o Maligno. É curioso, o Maligno sai à noite para semear o joio, na escuridão, na confusão; sai para semear o joio onde não há luz. Este inimigo é astuto: semeou o mal no meio do bem, de tal forma que para nós, homens, é impossível separá-lo claramente; mas no final Deus conseguirá fazê-lo!

E aqui chegamos ao segundo tema: a oposição entre a impaciência dos empregados e a espera paciente do dono do campo, que representa Deus. Às vezes temos uma grande pressa de julgar, classificar, pôr de um lado os bons e do outro os maus. Mas recordai-vos da oração daquele homem soberbo: «Graças a Vós ó Deus, eu sou bom, não sou como os outros homens, maus...» (cf. Lc 18,11-12). Ao contrário, Deus sabe esperar. Ele olha para o «campo» da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: vê muito melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera com confiança que eles amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. Como isto é bom! O nosso Deus é um Pai paciente que nos espera sempre, que nos aguarda com o coração na mão para nos receber e perdoar. Perdoa-nos sempre se formos ter com Ele.

A atitude do dono do campo é aquela da esperança fundada na certeza de que o mal não é a primeira nem a última palavra. E é graças a esta esperança paciente de Deus que o próprio joio, ou seja, o coração maldoso, com muitos pecados, no final pode tornar-se uma boa semente. Mas atenção: a paciência evangélica não é indiferença diante do mal; não se pode fazer confusão entre o bem e o mal! Perante o joio presente no mundo, o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência de Deus, a alimentar a esperança com o alento de uma confiança inabalável na vitória final do bem, ou seja, de Deus.

Com efeito, no final o mal será arrancado e eliminado: no tempo da colheita, isto é do juízo, os ceifeiros cumprirão a ordem do senhor, separando o joio para queimá-lo (Mt 13,30). Naquele dia da ceifa final o Juiz será Jesus, Aquele que lançou a boa semente no mundo e, tornando-se Ele mesmo «grão de trigo», morreu e ressuscitou. No final, todos nós seremos julgados com a mesma medida com a qual tivermos julgado: a misericórdia que tivermos usado em relação aos outros será utilizada também para conosco. Peçamos a Nossa Senhora, nossa Mãe, que nos ajude a crescer na paciência, na esperança e na misericórdia com todos os irmãos.


Fonte: Santa Sé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário