quarta-feira, 11 de setembro de 2013

As cores litúrgicas

As cores litúrgicas estão presentes na maioria dos paramentos e em algumas das alfaias para simbolizar a diversidade dos mistérios celebrados ao longo do Ano Litúrgico:

“As diferentes cores das vestes sagradas visam a manifestar externamente o caráter dos mistérios celebrados e também a consciência de uma vida cristã que progride com o desenrolar do ano litúrgico” (IGMR, n. 345).

Esquema do Ano Litúrgico com as várias cores
Desde o Antigo Testamento é expressivo o uso de cores no culto divino, como pode ser observado no livro do Êxodo. Os primeiros cristãos, porém, não organizaram um cânon de cores litúrgicas, pois utilizavam-se das vestes civis para o culto. As representações iconográficas alusivas a este período foram, pois, coloridas à escolha do artista.

Escritos do século IV, como as Constituições Apostólicas de Hipólito de Roma, mencionam a beleza das vestes litúrgicas. Supõe-se que neste período estas já recebiam variedade de cores. Em contrapartida, até o século VIII a cor predominante é o branco, por ser a cor natural do linho e o símbolo da pureza.

Mosaico do século VI, retratando a corte do Imperador Justiniano de Constantinopla.
Os clérigos estão à esquerda do rei, usando vestes brancas. O bispo veste uma casula dourada.
A divisão das cores conforme as várias festas do Ano Litúrgico começa a ser feita no século IX. Contudo, neste período cada igreja particular adotava um cânon de cores próprio. A unificação das cores para o Rito Romano só seria feita no século XIII, quando o Papa Inocêncio III em seu livro De sacro altaris Mysterio (O sagrado mistério do altar), define as cinco cores litúrgicas: branco, vermelho, verde, roxo e preto.

A Reforma Litúrgica do Concílio de Trento (século XVI), sob o Papa Pio V, fixa a lista de Inocêncio III, acrescentando a cor rosa, que na prática já era usada desde o século XIII. Uma última mudança foi feita em 1864, quando a Santa Sé autorizou o uso da cor azul como um especial privilégio à Espanha.

Papa Inocêncio III, unificador das cores litúrgicas
Atualmente só permitem-se mudanças nas cores litúrgicas nos casos em que uma determinada cor não possui significado para um determinado povo. Porém, uma mudança só pode ser feita se autorizado pela Santa Sé:

“No que se refere às cores litúrgicas, as conferências dos bispos podem determinar e propor à Sé Apostólica adaptações que correspondam às necessidades e ao caráter de cada povo” (IGMR, n. 346).

Cumpre notar que as cores litúrgicas só podem ser empregadas onde são prescritas: nos paramentos e em algumas alfaias. Não se utilize as cores litúrgicas nas toalhas do altar, nas velas, em vestes usadas por ministros leigos, entre outros. Da mesma forma, não se usem paramentos de várias cores, cuja cor própria não seja claramente identificada.

Casulas nas 4 principais cores litúrgicas
Ao longo dos próximos dias, publicaremos breves artigos sobre as cores litúrgicas, com exemplos de seu uso nas celebrações:
  1. Branco
  2. Vermelho
  3. Verde 
  4. Roxo
  5. Rosa 
  6. Preto
  7. Azul

REFERÊNCIAS:

Introdução Geral do Missal Romano (3ª edição típica). Capítulo VI: Requisitos para a celebração da Missa. Parte IV: As vestes sagradas. n. 335-347.

RIGHETTI, M. Historia de la Liturgia. Introduccion General, Parte III: Liturgia Romana. Capítulo VIII: Las vestiduras litúrgicas. § VI: Los colores litúrgicos. Madrid: Pontificia Universidad de Salamanca, 1955. vol. I. p. 559-562.

8 comentários:

  1. Olá, o ambão (mesa da palavra), quando revestido de uma toalha ou algo similar, pode ser de cor na qual se segue a cor litúrgica ?, Se não, qual cor deve ser está toalha ?

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    1. O Elenco das Leituras da Missa, espécie de Introdução ao Lecionário, afirma no n. 33: "Convém que o ambão, de acordo com a sua estrutura, seja adornado com sobriedade, ou de maneira permanente ou, ao menos ocasionalmente, nos dias mais solenes".
      Deste número se deduz que o ambão pode ser adornado de um frontal, seja na cor litúrgica do ofício celebrado ou sempre branco.
      Porém, se o ambão já for devidamente artístico (como, por exemplo, o ambão da Basílica de São Pedro), não é necessário usar um frontal.

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  2. Como deve ser às vestes dos leitores ?, Elas podem seguir a cor litúrgica ?

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    1. Não existe uma norma sobre as vestes dos ministros leigos: a Introdução Geral do Missal Romano (3ª ed.) deixa esse assunto à cargo das Conferências Episcopais (n. 339).
      Não convém, porém, que essas vestes sigam as cores litúrgicas como as vestes dos ministros ordenados. Uma das funções das vestes é distinguir os diversos ministérios.
      Assim, fica mais adequado aos leitores, que estão exercendo o seu sacerdócio batismal, usarem suas vestes cotidianas ou, no máximo, uma veste própria na cor branca (recordando a veste branca recebida no Batismo).

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  3. O corporal e o sanguíneo pode ser inteiro verde ou inteiro vermelho?

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    1. Não. Embora o atual Missal Romano não especifique, as normas anteriores indicavam que o corporal e o sanguíneo deveriam ser sempre de linho branco (ou, ao menos, de tecido branco), de forma a identificar facilmente eventuais manchas de vinho/Sangue do Senhor.

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  4. Boa tarde. As alfaias precisam seguir as cores litúrgicas ou não existe essa obrigatoriedade? Por exemplo, posso usar um jogo de alfaias com a pala vermelha num domingo de tempo comum?

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    1. A Instrução Geral sobre o Missal Romano (3ª edição) em seu n. 118 indica que o véu do cálice pode ser da cor do dia ou sempre branco. O mesmo pode se aplicar às demais alfaias, como a pala, o véu do sacrário e detalhes no corporal e no sanguíneo (estes dois últimos são sempre brancos, podendo no máximo ter alguns detalhes na cor litúrgica).

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