PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA
GERAL
Praça de
São Pedro
Quarta-feira, 3 de Março de 2013
Quarta-feira, 3 de Março de 2013
Prezados irmãos e
irmãs
Bom dia!
Bom dia!
Hoje retomamos as Catequeses do Ano da fé.
No Credo nós repetimos esta expressão:
«Ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras». É precisamente o
acontecimento que estamos a celebrar: a Ressurreição de Jesus, centro da
mensagem cristã, que ressoou desde os primórdios e foi transmitido para que
chegue até nós. São Paulo escreve aos cristãos de Corinto: «Transmiti-vos
primeiramente o que eu mesmo tinha recebido: que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia,
segundo as Escrituras; depois, apareceu a Cefas e em seguida aos Doze» (1
Cor 15, 3-5). Esta breve
confissão de fé anuncia precisamente o Mistério pascal, com as primeiras
aparições do Ressuscitado a Pedro e aos Doze: a
Morte e a Ressurreição de Jesus são exactamente o coração da nossa esperança.
Sem esta fé na morte e na ressurreição de Jesus, a nossa esperança será frágil,
mas não será sequer esperança, e precisamente a morte e a ressurreição de Jesus
são o coração da nossa esperança. O Apóstolo afirma: «Se Cristo não
ressuscitou, a vossa fé é inútil, e ainda viveis nos vossos pecados» (v. 17).
Infelizmente, muitas vezes procurou-se obscurecer a fé na Ressurreição de
Jesus, e também entre os próprios crentes se insinuaram dúvidas. Um pouco
daquela fé «diluída», como dizemos; não é a fé forte. E isto por
superficialidade, às vezes por indiferença, preocupados com muitas coisas que
se consideram mais importantes que a fé, ou então devido a uma visão apenas
horizontal da vida. Mas é precisamente a Ressurreição que nos abre à maior
esperança, porque abre a nossa vida e a vida do mundo para o futuro eterno de
Deus, para a felicidade plena, para a certeza de que o mal, o pecado e a morte
podem ser derrotados. E isto leva a viver com maior confiança as realidades
diárias, a enfrentá-las com coragem e compromisso. A Ressurreição de Cristo
ilumina com uma luz nova estas realidades quotidianas. A Ressurreição de Cristo
é a nossa força!
Mas como nos foi transmitida a verdade de fé da Ressurreição de
Cristo? Há dois tipos de testemunhos no Novo Testamento: alguns têm a forma de
profissão de fé, isto é, de fórmulas sintéticas que indicam o âmago da fé;
outros, ao contrário, têm a forma de narração do acontecimento da Ressurreição
e dos a eventos a ela ligados. O primeiro: a forma da profissão de fé, por
exemplo, é aquele que há pouco ouvimos, ou seja, o da Carta aos Romanos, em que são Paulo escreve: «Se com a
tua boca professares: “Jesus é o Senhor!”, e no teu coração creres que Deus o
ressuscitou dentre os mortos, serás salvo!» (10, 9). Desde os primeiros passos
da Igreja, é bem sólida e clara a fé no Mistério de Morte e Ressurreição de
Jesus. Hoje, porém, gostaria de meditar sobre o segundo, sobre os testemunhos
na forma de narração, que encontramos nos Evangelhos. Antes de tudo, observemos
que as primeiras testemunhas deste acontecimento foram as mulheres. De
madrugada, elas vão ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus e encontram o
primeiro sinal: o túmulo vazio (cf. Mc 16, 1). Depois, segue-se o encontro
com um Mensageiro de Deus que anuncia: Jesus de Nazaré, o Crucificado, não está
aqui, ressuscitou (cf. vv. 5-6). As mulheres são impelidas pelo amor e sabem
acolher este anúncio com fé: acreditam e imediatamente transmitem-no; não o
conservam para si mesmas, mas transmitem-no. A alegria de saber que Jesus está vivo,
a esperança que enche o coração, não podem ser contidas. Isto deveria
verificar-se também na nossa vida. Sintamos a alegria de ser cristãos!
Acreditemos num Ressuscitado que venceu o mal e a morte! Tenhamos a coragem de
«sair» para levar esta alegria e esta luz a todos os lugares da nossa vida! A
Ressurreição de Cristo é a nossa maior certeza; é o tesouro mais precioso! Como
não compartilhar com os outros este tesouro, esta certeza? Não é somente para
nós, devemos transmiti-la, comunicá-la aos outros, compartilhá-la com o
próximo. Consiste precisamente nisto o nosso testemunho.
Outro elemento. Nas profissões de fé do Novo Testamento, como
testemunhas da Ressurreição, são recordados apenas homens, os Apóstolos, mas
não as mulheres. Isto porque, segundo a Lei judaica daquela época, as mulheres
e as crianças não podiam dar um testemunho confiável, credível. Nos Evangelhos,
ao contrário, as mulheres desempenham um papel primário, fundamental. Aqui
podemos entrever um elemento a favor da historicidade da Ressurreição: se fosse
um episódio inventado, no contexto daquele tempo não estaria vinculado ao
testemunho das mulheres. Os evangelistas, ao contrário, narram simplesmente o
que aconteceu: as primeiras testemunhas são as mulheres. Isto diz que Deus não
escolhe segundo os critérios humanos: as primeiras testemunhas do nascimento de
Jesus são os pastores, pessoas simples e humildes; as primeiras testemunhas da
Ressurreição são as mulheres. E isto é bonito. Esta é um pouco a missão das
mulheres: mães e mulheres! Dar testemunho aos filhos e aos pequenos netos, de
que Jesus está vivo, é o Vivente, ressuscitou. Mães e mulheres, ide em frente
com este testemunho! Para Deus o que conta é o coração, quanto estamos abertos
a Ele, se somos filhos que confiam. Mas isto leva-nos a meditar inclusive sobre
o modo como as mulheres, na Igreja e no caminho de fé, tiveram e ainda hoje
desempenham um papel especial na abertura das portas ao Senhor, no seu
seguimento e na comunicação do seu Rosto, pois o olhar de fé tem sempre necessidade
do olhar simples e profundo do amor. Os apóstolos e os discípulos têm
dificuldade de acreditar. As mulheres não. Pedro corre até ao sepulcro, mas
detém-se diante do túmulo vazio; Tomás deve tocar com as suas mãos as chagas do
corpo de Jesus. Também no nosso caminho de fé é importante saber e sentir que
Deus nos ama, não ter medo de o amar: a fé professa-se com a boca e com o
coração, com a palavra e com o amor.
Depois das aparições às mulheres, seguem-se outras mais: Jesus
torna-se presente de modo novo: é o Crucificado, mas o seu corpo é glorioso;
não voltou para a vida terrena, mas sim para uma nova condição. No início não o
reconhecem, e os seus olhos só se abrem através das suas palavras e dos seus
gestos: o encontro com o Ressuscitado transforma, dá uma nova força à fé, um
fundamento inabalável. Também para nós existem muitos sinais em que o
Ressuscitado se faz reconhecer: a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os outros
Sacramentos, a caridade, os gestos de amor que trazem um raio de luz do Ressuscitado.
Deixemo-nos iluminar pela Ressurreição de Cristo, deixemo-nos transformar pela
sua força, para que também através de nós, no mundo, os sinais de morte deixem
o lugar aos sinais de vida. Vejo que há muitos jovens na praça. Ei-los!
Digo-vos: levai em frente esta certeza: o Senhor está vivo e caminha ao nosso
lado na vida. Esta é a vossa missão! Levai em frente esta esperança. Permanecei
alicerçados nesta esperança, nesta âncora que está no céu; segurai com força a
corda, permanecei ancorados e levai em frente a esperança. Vós, testemunhas de
Jesus, deveis levar em frente o testemunho de que Jesus está vivo, e isto
dar-nos-á esperança, dará esperança a este mundo um pouco envelhecido devido às
guerras, ao mal e ao pecado. Em frente, jovens!
Fonte: Santa Sé
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