quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Ângelus: XXII Domingo do Tempo Comum - Ano C (2025)

Papa Leão XIV
Ângelus
Praça de São Pedro
Domingo, 31 de agosto de 2025

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
Estar à mesa juntos, especialmente nos dias de descanso e de festa, é um sinal de paz e comunhão, em todas as culturas. No Evangelho deste domingo (Lc 14,1.7-14), Jesus é convidado por um dos chefes dos fariseus para um almoço. Receber convidados amplia o espaço do coração e ser convidado requer a humildade de entrar no mundo do outro. Uma cultura do encontro se alimenta desses gestos que aproximam.

Encontrar-se nem sempre é fácil. O evangelista observa que os convidados “observavam” Jesus (v. 1), que geralmente era visto com certa desconfiança pelos intérpretes mais rigorosos da tradição. Apesar disso o encontro acontece, porque Jesus se aproxima realmente, não permanece alheio à situação. Ele torna-se verdadeiramente hóspede, com respeito e autenticidade. Renuncia àquelas “boas maneiras” que são meras formalidades para evitar o envolvimento mútuo. Assim, no seu estilo próprio, com uma parábola, descreve o que vê e convida aqueles que o observavam a pensar. Com efeito, Jesus percebeu que há uma corrida para ocupar os primeiros lugares. Isto também acontece hoje, não na família, mas nas ocasiões em que é importante “ser notado”; então, o estar juntos transforma-se em uma competição.

Irmãos e irmãs, sentar-nos juntos à mesa eucarística, no dia do Senhor, significa também para nós deixar a palavra a Jesus. Ele torna-se de bom grado nosso hóspede e pode descrever-nos como nos vê. É muito importante ver-nos com o seu olhar: repensar como muitas vezes reduzimos a vida a uma competição; como mudamos quem somos para obter algum reconhecimento; como nos comparamos inutilmente uns aos outros. Parar para refletir, deixar-nos abalar por uma Palavra que questiona as prioridades que ocupam o nosso coração, é uma experiência libertadora. E Jesus nos chama à liberdade.

No Evangelho, Ele usa a palavra “humildade” para descrever a forma plena da liberdade (cf. v. 11). A humildade é, em verdade, a liberdade de si mesmo. Ela nasce quando o Reino de Deus e a sua justiça realmente despertam o nosso interesse e podemos nos permitir olhar para longe: não para a ponta dos nossos pés, mas para longe! Quem se exalta, em geral, parece não ter encontrado nada mais interessante do que si mesmo e, no fundo, é muito inseguro. Mas quem compreendeu ser tão precioso aos olhos de Deus, quem sente profundamente ser filho ou filha de Deus, tem coisas maiores pelas quais se exaltar e tem uma dignidade que brilha por si mesma. Ela vem em primeiro plano, está em primeiro lugar, sem esforço e sem estratégias, cada vez que aprendemos a servir, em vez de nos servirmos das situações.

Queridos irmãos, peçamos hoje que a Igreja seja para todos uma academia de humildade, ou seja, aquela casa onde todos são sempre bem-vindos, onde os lugares não precisam ser conquistados, onde Jesus ainda pode tomar a palavra e educar-nos na sua humildade, na sua liberdade. Maria, a quem agora rezamos, é verdadeiramente a Mãe dessa casa.

Jesus à mesa na casa do fariseu
(Paolo Veronese)

Fonte: Santa Sé.

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