“Jesus Cristo ontem e hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8).
Dentro de alguns dias terá início o Jubileu Ordinário de
2025 com a Abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro na Missa da Noite
de Natal. No domingo seguinte, por sua vez, terá
início o Jubileu nas Dioceses (cf. Bula Spes non confundit).
Já recordamos aqui em nosso blog o Rito de Abertura da Porta Santa Basílica de São Pedro presidido pelo Papa São João Paulo II no dia 24 de
dezembro de 1999. Nesta postagem, por sua vez, recordaremos o Rito de
Abertura do Grande Jubileu do Ano 2000 nas Igrejas Particulares (Dioceses e
outras circunscrições eclesiásticas).
Como estabelecido na Bula Incarnationis mysterium
essa celebração teve lugar no dia 25 de dezembro de 1999, com a Missa do Dia de
Natal presidida pelo Bispo Diocesano na Catedral:
“Estabeleço que a inauguração do Jubileu nas Igrejas
Particulares seja celebrada no dia santíssimo do Natal do Senhor Jesus, com uma
solene Liturgia Eucarística presidida pelo Bispo Diocesano na Catedral e também
na concatedral... Uma vez que o rito de abertura da Porta Santa é
próprio da Basílica Vaticana e das Basílicas Patriarcais, será conveniente que,
na inauguração do período jubilar em cada uma das Dioceses, tenha preferência a
statio em outra igreja de onde partirá a peregrinação para a Catedral, a
valorização litúrgica do Livro dos Evangelhos, a leitura de alguns parágrafos
desta Bula...” (Incarnationis mysterium, n. 6).
Apresentamos a seguir as linhas gerais do rito, publicado no
subsídio “Bendito seja Deus para sempre: Celebrações e orações para o Ano
Santo”, publicado pela Comissão Central do Grande Jubileu do Ano 2000 e
traduzido para o Brasil pela Editora Paulinas.
Vale lembrar que esses textos foram aprovados
especificamente para o Grande Jubileu do Ano 2000. Sua publicação aqui serve à
memória histórica e ao estudo da Liturgia. Para o rito a ser utilizado neste
ano de 2024, confira o subsídio publicado pela CNBB, “Jubileu 2025: Textos
litúrgicos”.
Rito de Abertura do Grande Jubileu do Ano 2000 nas Igrejas Particulares
25 de dezembro de 1999
A celebração teve início em uma igreja ou outro lugar
adequado fora da Catedral, de onde partiu a procissão. Se a Missa foi celebrada
no fim da tarde, os fiéis podiam levar velas acesas.
Quando o Bispo, acompanhado dos ministros, chegou ao local
onde os fiéis estão reunidos, podia ser entoado um refrão ou um canto adequado.
O Bispo, ao invés da casula, podia revestir o pluvial.
O celebrante principal (CP), isto é, o Bispo, iniciou a
celebração com o sinal da cruz, a aclamação à Trindade e a saudação:
CP: Bendito sejais Deus, Pai do Senhor nosso Jesus Cristo,
que nos abençoais com todas as bênçãos espirituais nos céus, em Cristo.
R. Bendito seja Deus para sempre!
CP: Bendito sejais, Filho Unigênito, gerado de Maria Virgem
para a salvação do mundo.
R. Bendito seja Deus para sempre!
CP: Bendito sejais, Espírito Santo, que conduzis a Igreja à
plenitude da verdade.
R: Bendito seja Deus para sempre!
Ou:
CP: Glória a Deus Pai e ao Filho, Rei do universo. Glória ao
Espírito, digno de louvor e todo santo.
R. Bendito seja Deus para sempre!
CP: A misericórdia do Pai, o amor do Verbo encarnado e a
comunhão do Espírito Santo estejam convosco.
R. Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
Imagem da Trindade alusiva ao Grande Jubileu |
Seguiu-se uma monição introdutória, igualmente proferida
pelo Bispo, e uma oração:
CP: Prezados irmãos e irmãs, o Natal de nosso Senhor Jesus
Cristo encontra-se diante de nós. Aquilo que aconteceu dois mil anos atrás é
revivido por nós no mistério: Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre.
Esta assembleia litúrgica, enquanto celebra o Verbo que se
fez homem, em comunhão com a Igreja universal, abre solenemente o Grande
Jubileu para a nossa Igreja diocesana, prelúdio de uma experiência profunda de
graça e de misericórdia divina que se prolongará até a conclusão do Ano Santo.
Escutemos com alegria o anúncio da boa-nova que o Senhor
Jesus, nascido de mulher, proclamou para todos: a sua Palavra torne-se luz para
nossos passos em direção ao terceiro milênio e o Reino que vem.
Oremos
CP: Ó Deus, nosso Pai, no vosso desígnio de misericórdia
quisestes que a vinda do vosso Filho neste mundo marcasse o início do novo
tempo; concedei ao vosso povo a alegria do Espírito para que acolha com
renovada esperança a proclamação do ano da graça. Por Cristo, nosso Senhor. R.
Amém.
Em seguida o diácono proclamou o Evangelho (Lc
4,14-21), como na Missa,. Após um instante
de silêncio, se fosse oportuno, um leitor leu alguns parágrafos da Bula Incarnationis
mysterium (por exemplo, os nn. 1.2.6.14).
Após a leitura teve lugar a procissão até a Catedral,
precedida de uma monição proferida pelo diácono ou outro ministro:
D: Irmãos e irmãs, sigamos em nome de Cristo: Ele é o
caminho que conduz no ano de graça e de misericórdia. Ele é a porta que abre
aos que creem o acesso luminoso à celebração dos santos mistérios.
Procissão até a Basílica de São Pedro no Grande Jubileu |
Durante a procissão podiam ser entoados os Salmos 14, 23, 83,
94, 117 (vv. 19-21), 121 e 135, intercalados com as antífonas indicadas abaixo,
a Ladainha de Todos os Santos ou outros cantos adequados.
Antífonas
Jesus Cristo ontem, hoje, sempre,
a Ele a honra e a glória para sempre.
Alegra-te, ó Virgem, filha de Sião:
de ti nasceu Cristo, sol da justiça,
para ti resplandece a salvação do mundo.
Grandes e admiráveis são as vossas obras,
Senhor do universo,
justos e verdadeiros os vossos caminhos,
ó Rei de todos os povos.
Ao chegar na Catedral, a procissão parou diante da porta
principal já aberta, que podia ser ornada com elementos da cultura local
(flores, ramos...).
O Bispo recebeu do diácono o Livro dos Evangelhos e,
parado na soleira da porta, o elevou primeiro em direção ao exterior e em
seguida em direção ao interior da igreja, enquanto se entoava a antífona Ego
sum ostium (Eu sou a porta) ou outro texto adequado.
Eu sou a porta, diz o Senhor,
quem passar por mim será salvo;
entrará e sairá e encontrará pastagens (cf. Jo 10,9).
Seguiu-se a procissão até o altar, precedida pelos
acólitos com o incenso, a cruz e as velas, o Bispo com o Livros dos
Evangelhos, os demais ministros e os fiéis. Enquanto isso entoou-se o Salmo 95
(vv.1-6) com a antífona de entrada da Missa do Dia de Natal (Puer natus est):
“Um menino nasceu para nós: um filho nos foi dado...” (Is 9,6).
Chegando ao presbitério, o Bispo depôs o Livro dos
Evangelhos em um “trono” ou outro lugar adequado (onde o mesmo deveria
permanecer durante todo o Ano Santo) e o incensou. Depõs então o pluvial (se o
usou), revestiu a casula e venerou e incensou o altar, como de costume,
dirigindo-se em seguida à cátedra.
Evangeliário em destaque na Basílica de São Pedro |
O diácono ou um cantor entoou então a Proclamação do
Grande Jubileu (Proclamatio Iubilaei Magni), composta
especificamente para essa celebração, a qual já havia sido entoada na Missa da
Noite presidida pelo Papa, substituindo a tradicional “Kalenda” ou
“Anúncio do Natal”.
O texto preparado para a ocasião constava de cinco estrofes intercaladas com versos do Sl 99, inspirado na Sagrada Escritura e
nos textos de alguns Padres da Igreja e centrado no “hoje” histórico-salvífico
do mistério da Encarnação:
Proclamação do Grande Jubileu
1. Anuncio-vos uma grande alegria: nasceu hoje, carne da
nossa carne, nosso Senhor Jesus Cristo. Anunciai-o também vós a todo o mundo: um
Rebento brotou da raiz de Jessé; nasceu o Príncipe da paz, cujo reino não terá
fim.
Coro: Aclamai ao Senhor, a terra inteira, servi ao Senhor
com alegria; ide a Ele com cantos jubilosos.
2. É o dia do nascimento do nosso Salvador, estabelecido
pelo Deus Altíssimo antes da criação do mundo, preparado pelo Espírito com
sapiente amor. É o dia do nascimento temporal da eterna Luz, prefigurado pelos
Patriarcas, prometido pelos Profetas, esperado por Israel, o povo eleito, por
todo o cosmos ardentemente desejado.
Coro: Sabei que o Senhor é Deus, foi Ele quem nos fez e
somos seus, nós somos o seu povo e seu rebanho.
3. Hoje, no tempo, nasceu Jesus Cristo, da Virgem Maria, para
conduzir-nos ao eterno esplendor do Pai: Deus se fez homem para que o homem se
faça Deus. Hoje surgiu o dia luminoso da nova redenção, dia da espera antiga,
dia da felicidade eterna.
Coro: Entrai por suas portas dando graças, entrai
cantando hinos em seus átrios; agradecei e bendizei o seu nome.
4. Hoje no céu alegram-se os anjos, trema no inferno o
Inimigo do gênero humano, na terra se levante o homem caído, alegre pela
esperança da salvação. Exulte o santo, porque se aproxima a vitória. Exulte o
pecador, porque é convidado ao perdão. Reanime-se o pagão, porque é chamado à
vida.
Coro: Sim, o Senhor é bom, sim, para sempre é seu amor, para
sempre o Senhor é fiel.
5. Vinte séculos se passaram daquele dia feliz; por isso a
Igreja, recordando e agradecendo, celebra o bimilenário do nascimento de Cristo
com um ano jubilar: ano agradável ao Senhor, ano de misericórdia e de graça, ano
de reconciliação e de perdão, de salvação e de paz. Celebremos, pois, o Natal
do Senhor, advento da nossa redenção. Celebremos o início do Grande Jubileu. Alegremo-nos
todos e, unidos aos coros celestes, cantemos o hino dos Anjos:
Glória a Deus nas alturas...
Após o Glória o Bispo recitou a oração do dia (coleta)
e a Missa prosseguiu como de costume., com as leituras e demais orações
do Dia de Natal. Após a oração, se os fiéis tinham velas acesas nas mãos, podiam
apagá-las.
Fonte:
Comissão Central do Grande Jubileu do Ano 2000. Bendito
seja Deus para sempre: Celebrações e orações para o Ano Santo. São Paulo:
Paulinas, 1999, pp. 81-97.
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