quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Abertura do Grande Jubileu do Ano 2000 nas Dioceses

“Jesus Cristo ontem e hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8).

Dentro de alguns dias terá início o Jubileu Ordinário de 2025 com a Abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro na Missa da Noite de Natal. No domingo seguinte, por sua vez, terá início o Jubileu nas Dioceses (cf. Bula Spes non confundit).

Já recordamos aqui em nosso blog o Rito de Abertura da Porta Santa Basílica de São Pedro presidido pelo Papa São João Paulo II no dia 24 de dezembro de 1999. Nesta postagem, por sua vez, recordaremos o Rito de Abertura do Grande Jubileu do Ano 2000 nas Igrejas Particulares (Dioceses e outras circunscrições eclesiásticas).


Como estabelecido na Bula Incarnationis mysterium essa celebração teve lugar no dia 25 de dezembro de 1999, com a Missa do Dia de Natal presidida pelo Bispo Diocesano na Catedral:

“Estabeleço que a inauguração do Jubileu nas Igrejas Particulares seja celebrada no dia santíssimo do Natal do Senhor Jesus, com uma solene Liturgia Eucarística presidida pelo Bispo Diocesano na Catedral e também na concatedral... Uma vez que o rito de abertura da Porta Santa é próprio da Basílica Vaticana e das Basílicas Patriarcais, será conveniente que, na inauguração do período jubilar em cada uma das Dioceses, tenha preferência a statio em outra igreja de onde partirá a peregrinação para a Catedral, a valorização litúrgica do Livro dos Evangelhos, a leitura de alguns parágrafos desta Bula...” (Incarnationis mysterium, n. 6).

Apresentamos a seguir as linhas gerais do rito, publicado no subsídio “Bendito seja Deus para sempre: Celebrações e orações para o Ano Santo”, publicado pela Comissão Central do Grande Jubileu do Ano 2000 e traduzido para o Brasil pela Editora Paulinas.

Vale lembrar que esses textos foram aprovados especificamente para o Grande Jubileu do Ano 2000. Sua publicação aqui serve à memória histórica e ao estudo da Liturgia. Para o rito a ser utilizado neste ano de 2024, confira o subsídio publicado pela CNBB, “Jubileu 2025: Textos litúrgicos”.

Rito de Abertura do Grande Jubileu do Ano 2000 nas Igrejas Particulares
25 de dezembro de 1999

A celebração teve início em uma igreja ou outro lugar adequado fora da Catedral, de onde partiu a procissão. Se a Missa foi celebrada no fim da tarde, os fiéis podiam levar velas acesas.

Quando o Bispo, acompanhado dos ministros, chegou ao local onde os fiéis estão reunidos, podia ser entoado um refrão ou um canto adequado. O Bispo, ao invés da casula, podia revestir o pluvial.

O celebrante principal (CP), isto é, o Bispo, iniciou a celebração com o sinal da cruz, a aclamação à Trindade e a saudação:

CP: Bendito sejais Deus, Pai do Senhor nosso Jesus Cristo, que nos abençoais com todas as bênçãos espirituais nos céus, em Cristo.
R. Bendito seja Deus para sempre!
CP: Bendito sejais, Filho Unigênito, gerado de Maria Virgem para a salvação do mundo.
R. Bendito seja Deus para sempre!
CP: Bendito sejais, Espírito Santo, que conduzis a Igreja à plenitude da verdade.
R: Bendito seja Deus para sempre!
Ou:
CP: Glória a Deus Pai e ao Filho, Rei do universo. Glória ao Espírito, digno de louvor e todo santo.
R. Bendito seja Deus para sempre!

CP: A misericórdia do Pai, o amor do Verbo encarnado e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco.
R. Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.

Imagem da Trindade alusiva ao Grande Jubileu

Seguiu-se uma monição introdutória, igualmente proferida pelo Bispo, e uma oração:

CP: Prezados irmãos e irmãs, o Natal de nosso Senhor Jesus Cristo encontra-se diante de nós. Aquilo que aconteceu dois mil anos atrás é revivido por nós no mistério: Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre.
Esta assembleia litúrgica, enquanto celebra o Verbo que se fez homem, em comunhão com a Igreja universal, abre solenemente o Grande Jubileu para a nossa Igreja diocesana, prelúdio de uma experiência profunda de graça e de misericórdia divina que se prolongará até a conclusão do Ano Santo.
Escutemos com alegria o anúncio da boa-nova que o Senhor Jesus, nascido de mulher, proclamou para todos: a sua Palavra torne-se luz para nossos passos em direção ao terceiro milênio e o Reino que vem.

Oremos
CP: Ó Deus, nosso Pai, no vosso desígnio de misericórdia quisestes que a vinda do vosso Filho neste mundo marcasse o início do novo tempo; concedei ao vosso povo a alegria do Espírito para que acolha com renovada esperança a proclamação do ano da graça. Por Cristo, nosso Senhor. R. Amém.

Em seguida o diácono proclamou o Evangelho (Lc 4,14-21), como na Missa,. Após um instante de silêncio, se fosse oportuno, um leitor leu alguns parágrafos da Bula Incarnationis mysterium (por exemplo, os nn. 1.2.6.14).

Após a leitura teve lugar a procissão até a Catedral, precedida de uma monição proferida pelo diácono ou outro ministro:

D: Irmãos e irmãs, sigamos em nome de Cristo: Ele é o caminho que conduz no ano de graça e de misericórdia. Ele é a porta que abre aos que creem o acesso luminoso à celebração dos santos mistérios.

Procissão até a Basílica de São Pedro no Grande Jubileu

Durante a procissão podiam ser entoados os Salmos 14, 23, 83, 94, 117 (vv. 19-21), 121 e 135, intercalados com as antífonas indicadas abaixo, a Ladainha de Todos os Santos ou outros cantos adequados.

Antífonas

Jesus Cristo ontem, hoje, sempre,
a Ele a honra e a glória para sempre.

Alegra-te, ó Virgem, filha de Sião:
de ti nasceu Cristo, sol da justiça,
para ti resplandece a salvação do mundo.

Grandes e admiráveis são as vossas obras,
Senhor do universo,
justos e verdadeiros os vossos caminhos,
ó Rei de todos os povos.

Ao chegar na Catedral, a procissão parou diante da porta principal já aberta, que podia ser ornada com elementos da cultura local (flores, ramos...).

O Bispo recebeu do diácono o Livro dos Evangelhos e, parado na soleira da porta, o elevou primeiro em direção ao exterior e em seguida em direção ao interior da igreja, enquanto se entoava a antífona Ego sum ostium (Eu sou a porta) ou outro texto adequado.

Eu sou a porta, diz o Senhor,
quem passar por mim será salvo;
entrará e sairá e encontrará pastagens (cf. Jo 10,9).

Seguiu-se a procissão até o altar, precedida pelos acólitos com o incenso, a cruz e as velas, o Bispo com o Livros dos Evangelhos, os demais ministros e os fiéis. Enquanto isso entoou-se o Salmo 95 (vv.1-6) com a antífona de entrada da Missa do Dia de Natal (Puer natus est): “Um menino nasceu para nós: um filho nos foi dado...” (Is 9,6).

Chegando ao presbitério, o Bispo depôs o Livro dos Evangelhos em um “trono” ou outro lugar adequado (onde o mesmo deveria permanecer durante todo o Ano Santo) e o incensou. Depõs então o pluvial (se o usou), revestiu a casula e venerou e incensou o altar, como de costume, dirigindo-se em seguida à cátedra.

Evangeliário em destaque na Basílica de São Pedro

O diácono ou um cantor entoou então a Proclamação do Grande Jubileu (Proclamatio Iubilaei Magni), composta especificamente para essa celebração, a qual já havia sido entoada na Missa da Noite presidida pelo Papa, substituindo a tradicional “Kalenda” ou “Anúncio do Natal”.

O texto preparado para a ocasião constava de cinco estrofes intercaladas com versos do Sl 99, inspirado na Sagrada Escritura e nos textos de alguns Padres da Igreja e centrado no “hoje” histórico-salvífico do mistério da Encarnação:

Proclamação do Grande Jubileu

1. Anuncio-vos uma grande alegria: nasceu hoje, carne da nossa carne, nosso Senhor Jesus Cristo. Anunciai-o também vós a todo o mundo: um Rebento brotou da raiz de Jessé; nasceu o Príncipe da paz, cujo reino não terá fim.
Coro: Aclamai ao Senhor, a terra inteira, servi ao Senhor com alegria; ide a Ele com cantos jubilosos.

2. É o dia do nascimento do nosso Salvador, estabelecido pelo Deus Altíssimo antes da criação do mundo, preparado pelo Espírito com sapiente amor. É o dia do nascimento temporal da eterna Luz, prefigurado pelos Patriarcas, prometido pelos Profetas, esperado por Israel, o povo eleito, por todo o cosmos ardentemente desejado.
Coro: Sabei que o Senhor é Deus, foi Ele quem nos fez e somos seus, nós somos o seu povo e seu rebanho.

3. Hoje, no tempo, nasceu Jesus Cristo, da Virgem Maria, para conduzir-nos ao eterno esplendor do Pai: Deus se fez homem para que o homem se faça Deus. Hoje surgiu o dia luminoso da nova redenção, dia da espera antiga, dia da felicidade eterna.
Coro: Entrai por suas portas dando graças, entrai cantando hinos em seus átrios; agradecei e bendizei o seu nome.

4. Hoje no céu alegram-se os anjos, trema no inferno o Inimigo do gênero humano, na terra se levante o homem caído, alegre pela esperança da salvação. Exulte o santo, porque se aproxima a vitória. Exulte o pecador, porque é convidado ao perdão. Reanime-se o pagão, porque é chamado à vida.
Coro: Sim, o Senhor é bom, sim, para sempre é seu amor, para sempre o Senhor é fiel.

5. Vinte séculos se passaram daquele dia feliz; por isso a Igreja, recordando e agradecendo, celebra o bimilenário do nascimento de Cristo com um ano jubilar: ano agradável ao Senhor, ano de misericórdia e de graça, ano de reconciliação e de perdão, de salvação e de paz. Celebremos, pois, o Natal do Senhor, advento da nossa redenção. Celebremos o início do Grande Jubileu. Alegremo-nos todos e, unidos aos coros celestes, cantemos o hino dos Anjos:
Glória a Deus nas alturas...

Após o Glória o Bispo recitou a oração do dia (coleta) e a Missa prosseguiu como de costume., com as leituras e demais orações do Dia de Natal. Após a oração, se os fiéis tinham velas acesas nas mãos, podiam apagá-las.

Vitral em memória do Grande Jubileu

Fonte:
Comissão Central do Grande Jubileu do Ano 2000. Bendito seja Deus para sempre: Celebrações e orações para o Ano Santo. São Paulo: Paulinas, 1999, pp. 81-97.

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