Neste Ano Jubilar de 2025, assim como em 2024, as meditações para a tradicional oração da Via Sacra junto ao Coliseu na noite da Sexta-feira Santa foram escritas pelo Papa Francisco. Este foi um dos últimos textos do Pontífice, falecido na segunda-feira, 21 de abril.
Para saber mais, confira nossas postagem sobre a Via Sacra e sobre a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
Sexta-feira Santa
Via Sacra no Coliseu
18 de abril de 2025
Meditações do Papa Francisco
Canto inicial
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi: quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo. R: Amém.
Introdução
O caminho para o
Calvário passa pelas estradas do nosso dia-a-dia. Nós, Senhor, vamos
normalmente na direção oposta à vossa. Por isso mesmo pode acontecer que
encontremos o vosso rosto e que cruzemos com o vosso olhar. Caminhamos como de
costume e Vós vindes ao nosso encontro. Os vossos olhos leem o nosso coração.
Hesitamos, então, em continuar como se nada tivesse acontecido. Podemos dar
meia-volta, olhar para Vós e vos seguir. Podemos nos identificar com o vosso
caminho e perceber que é melhor mudar de rumo.
Do Evangelho
segundo Marcos (Mc 10,21)
Jesus olhou para ele com amor, e disse: «Só uma
coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro
no céu. Depois vem e segue-me!».
Jesus é o vosso
nome e verdadeiramente em Vós «Deus salva». O Deus de Abraão que chama, o Deus
de Isaac que provê, o Deus de Jacó que abençoa, o Deus de Israel que liberta:
no vosso olhar, Senhor, que percorreis Jerusalém, há toda uma revelação. Nos
vossos passos que saem da cidade está o nosso êxodo para uma nova terra.
Viestes para mudar o mundo: para nós isso significa mudar de direção, ver a
bondade dos vossos passos, deixar trabalhar no nosso coração a memória do vosso
olhar.
A Via Sacra é a
oração de quem está em movimento. Interrompe os nossos caminhos habituais, para
que do cansaço passemos à alegria. É verdade que nos custa trilhar o caminho de
Jesus: neste mundo que tudo calcula, a gratuidade tem um preço elevado. No dom
gratuito, porém, tudo volta a florescer: uma cidade dividida em facções e
dilacerada por conflitos caminha em direção à reconciliação; uma religiosidade
estéril redescobre a fecundidade das promessas de Deus; até um coração de pedra
pode transformar-se em um coração de carne. Basta ouvir o convite: «Vem e
segue-me!», e confiar nesse olhar de amor.
I Estação: Jesus é condenado à morte
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,13-16)
Pilatos convocou os sumos sacerdotes, os chefes e o povo, e
lhes disse: «Vós me trouxestes
este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem! Já o interroguei diante
de vós e não encontrei nele nenhum dos crimes de que o acusais; nem Herodes,
pois o mandou de volta para nós. Como podeis ver, ele nada fez para merecer a morte.
Portanto, vou castigá-lo e o soltarei».
Não foi assim que
aconteceu. Pilatos não vos libertou. E, no entanto, poderia ter sido diferente.
É o jogo dramático da nossa liberdade. Aquilo pelo qual, Senhor, tanto nos
estimastes. Confiastes em Herodes, em Pilatos, nos amigos e nos inimigos. Sois
irrevogável na confiança com que vos colocais nas nossas mãos. Disso podemos
tirar consequências maravilhosas: libertando quem é injustamente acusado,
aprofundando a complexidade das situações, contrariando os juízos que matam.
Até Herodes poderia ter seguido a santa inquietação que o atraiu a Vós; mas não
o fez, nem mesmo quando finalmente esteve na vossa presença. Pilatos poderia
vos ter libertado: já vos tinha absolvido. Mas não o fez. O caminho da cruz,
Jesus, é uma possibilidade que já abandonamos demasiadas vezes. Confessamo-lo:
prisioneiros de ocupações que não quisemos abandonar, preocupados com o
inconveniente de uma mudança de direção. Vós continuais, silenciosamente,
diante de nós: em cada irmão e irmã expostos a julgamentos e preconceitos.
Regressam os argumentos religiosos, as querelas jurídicas, o aparente bom senso
que não se envolve no destino dos outros: inúmeras razões nos puxam para o lado
de Herodes, dos sacerdotes, de Pilatos e da multidão. Contudo, pode ser
diferente. Vós, Senhor Jesus, não lavais as mãos. Continuais a amar, em
silêncio. Fizestes a vossa escolha, e agora é a nossa vez.
Oremos dizendo: Abri
o meu coração, Jesus.
Quando diante de
mim há uma pessoa julgada...
Quando as minhas
certezas são preconceitos...
Quando estou
condicionado pela rigidez...
Quando o bem me
atrai secretamente...
Quando desejo ser
corajoso, mas tenho medo de perder...
Pai nosso...
II Estação: Jesus carrega a cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos
bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 9,43b-45)
Todos estavam admirados com todas as
coisas que Jesus fazia. Então Ele disse a seus discípulos: «Prestai bem atenção
às palavras que vou dizer: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos
homens». Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. O sentido lhes
ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer
perguntas sobre o assunto.
Durante meses, talvez anos, Senhor
Jesus, aquele fardo estava sobre os vossos ombros. Quando faláveis dele,
ninguém vos prestava atenção: uma resistência invencível, até mesmo para
intuir. Não procurastes a cruz, mas, de modo cada vez mais evidente, sentistes
que ela se aproximava de vós. Se a aceitastes, foi porque, além do peso,
sentíeis a responsabilidade. O caminho da vossa cruz, Senhor Jesus, não é
apenas uma subida. É a vossa descida em direção àqueles que amastes, ao mundo
amado por Deus. É uma resposta, um assumir a responsabilidade. Custa, como
custam as relações mais verdadeiras, os amores mais bonitos. O peso que
carregais fala-nos do sopro que vos move, do Espírito que é «Senhor que dá a
vida». Quem sabe por que razão, tememos até mesmo vos interrogar. Na realidade,
somos nós que estamos sem fôlego, por fugirmos à responsabilidade. Bastaria não
fugir e ficar: no meio daqueles que nos destes, nos contextos em que nos
colocastes. Relacionarmo-nos, sentindo que só assim deixamos de ser prisioneiros
de nós mesmos. O egoísmo pesa mais do que a cruz e a indiferença mais do que a
partilha. O profeta o tinha anunciado: «Cansam-se as crianças e param, os
jovens tropeçam e caem, mas os que esperam no Senhor renovam suas forças, criam
asas como as águias, correm sem se cansar, caminham sem parar» (Is 40,30-31).
Oremos dizendo: Livrai-nos do
cansaço, Senhor.
Se nos fatigamos em torno a nós mesmos...
Se parece que nos faltam as forças para
nos dedicarmos aos outros...
Se arranjamos desculpas para fugir da
responsabilidade...
Se temos talentos e capacidades para
pôr à disposição...
Se o nosso coração ainda se comove
diante das injustiças...
Pai nosso...
Cuius ánimam geméntem, / contristátam et doléntem,
/ pertransívit gládius.
III Estação: Jesus cai pela primeira vez
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 10,13-15)
«Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!
Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram
feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de
cilício e sentando-se sobre cinzas. Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e
Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. Ai de ti, Cafarnaum! Serás
elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno».
Foi como se, pela
primeira vez, tivesses tocado o fundo do poço, Senhor Jesus, e de Vós saíram
palavras duras para aqueles lugares que vos eram tão queridos. A semente da
vossa palavra parecia ter caído no vazio, assim como cada um dos vossos gestos
de libertação. Todos os profetas se sentiram cair no vazio do fracasso, para
depois novamente avançar nos caminhos de Deus. A vossa vida, Senhor Jesus, é
uma parábola: nunca cai em vão na nossa terra. Mesmo naquela primeira vez, a
desilusão foi logo interrompida pela alegria daqueles que havíeis enviado: eles
regressaram da missão e vos contaram os sinais do Reino de Deus. Então,
espontaneamente, exultastes de alegria transbordante, que faz saltar com uma
energia contagiante. Louvastes o Pai, que esconde os seus desígnios aos sábios
e inteligentes e os revela aos pequeninos. Também o caminho da Cruz está
marcado a fundo na terra: os grandes afastam-se dele, gostariam de tocar o céu.
Em vez disso, o céu está aqui, abaixado, o encontramos até mesmo caindo, permanecendo
no chão. Os construtores de Babel nos dizem que não se pode errar e que quem
cai está perdido. É o canteiro de obras do inferno. A economia de Deus, pelo
contrário, não mata, nem descarta, nem esmaga. É humilde, fiel à terra. O vosso
caminho, Senhor Jesus, é a via das bem-aventuranças. Não destrói, mas cultiva,
repara, guarda.
Oremos dizendo: Venha
o vosso Reino.
Para aqueles que se
sentem fracassados...
Para contrastar uma
economia que mata...
Para dar força aos
que caíram...
Nas sociedades
competitivas e para quem procura os primeiros lugares...
Para os que estão
nas fronteiras e sentem terminada a viagem...
Pai nosso...
O quam tristis et afflícta / fuit illa benedícta /
Mater Unigéniti!
IV Estação: Jesus encontra a sua Mãe
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 8,19-21)
A mãe e os irmãos de Jesus
aproximaram-se, mas não podiam chegar perto d’Ele, por causa da multidão. Então
anunciaram a Jesus: «Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver».
Jesus respondeu: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de
Deus, e a põem em prática».
No caminho da cruz, a vossa Mãe está
presente: ela foi a vossa primeira discípula. Ali está a vossa Mãe, com
delicada determinação, com a sua inteligência que guarda e medita tudo no
coração. Desde o momento em que lhe foi proposto acolher-vos no seu seio, ela
voltou-se, converteu-se a vós. Ela ajustou os seus caminhos aos vossos. Não foi
uma renúncia, mas uma descoberta contínua, até o Calvário: seguir-vos é
deixar-vos ir; ter-vos é dar lugar à vossa novidade. Todas as mães sabem: um
filho surpreende. Como Filho amado, reconheceis que a vossa Mãe e os vossos
irmãos são aqueles que escutam e se deixam transformar. Eles não falam, eles
fazem. Em Deus, as palavras são ações, as promessas são realidade: no caminho
da cruz, ó Mãe, és das poucas que se lembram disto. Agora é o Filho que precisa
de ti: Ele sente que tu não desesperas. Sente que continuas a gerar a Palavra
no seu seio. Também nós, Senhor Jesus, somos capazes de vos seguir, gerados por
quem vos seguiu. Também nós somos reinseridos no mundo pela fé da vossa Mãe e
de inúmeras testemunhas que geram a vida mesmo onde tudo fala de morte. Daquela
vez, na Galileia, eram eles que vos queriam ver. Agora, ao subires ao Calvário,
vós mesmo procurais o olhar de quem escuta e põe em prática. Compreensão
indizível. Aliança indissolúvel.
Oremos dizendo: Eis a minha mãe.
Maria escuta e fala...
Maria pergunta e medita...
Maria sai de casa e viaja com
determinação...
Maria se alegra e consola...
Maria acolhe e cuida...
Maria arrisca e protege...
Maria não teme julgamentos e
insinuações...
Maria espera e permanece...
Maria orienta e acompanha...
Maria não concede nada à morte...
Pai nosso...
Quae maerébat et dolébat / pia Mater, cum
vidébat / Nati poenas íncliti.
V Estação: Jesus é ajudado pelo Cireneu a carregar a cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho
segundo Lucas (Lc 23,26)
Enquanto levavam
Jesus, pegaram certo Simão, de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a
cruz para carregá-la atrás de Jesus.
Ele não se
ofereceu, «o pegaram». Simão regressava do seu trabalho e puseram-lhe aos
ombros a cruz de um condenado. Talvez tivesse o físico apropriado, mas
certamente o seu caminho era outro, e outra a sua agenda. Deus pode
surpreender-nos assim. Sabe-se lá, Senhor Jesus, por que razão aquele nome -
Simão de Cirene - depressa se tornou inesquecível entre os vossos discípulos.
No caminho da cruz, eles não estavam lá, e muito menos nós, mas Simão estava.
Isto é verdade até hoje: enquanto alguém se oferece por inteiro, pode-se estar
em outro lugar, até mesmo fugindo, ou pode-se acabar envolvido no evento.
Acreditamos, Senhor Jesus, que o nome de Simão é recordado porque esse
acontecimento inesperado o fez mudar para sempre. Já não deixou de pensar em
Vós. Tornou-se parte do vosso Corpo, testemunha em primeira mão da vossa
diferença em relação a qualquer outro condenado. Simão de Cirene viu-se
carregando a vossa cruz sem a ter pedido, como o jugo de que tinhas falado um
dia: «O meu jugo é suave e o meu fardo é leve» (Mt 11,30). Até os
animais trabalham melhor se caminham juntos. E Vós, Senhor Jesus, gostais de
nos envolver no vosso trabalho, lavrando a terra para que seja semeada de novo.
Precisamos dessa surpreendente leveza. Precisamos de quem nos faça parar, por
vezes, e nos ponha aos ombros um pedaço de realidade que simplesmente tem de
ser carregado. É possível trabalhar todo o dia, mas, sem Vós, tudo se dispersa.
Em vão trabalham os construtores, em vão vigiam as sentinelas da cidade que
Deus não edifica (cf. Sl 126). Eis que no caminho da cruz se
ergue a nova Jerusalém. E nós, como Simão de Cirene, mudamos de rumo e trabalhamos
convosco.
Oremos dizendo: Parai
a nossa corrida, Senhor.
Quando seguimos o
nosso caminho, sem olhar ninguém...
Quando as notícias
não nos comovem mais...
Quando as pessoas
se tornam números...
Quando nunca há
tempo para ouvir...
Quando estamos com
pressa para decidir...
Quando não
admitimos mudança de planos...
Pai nosso...
Quis est homo qui non fleret, / Matrem
Christi si vidéret / in tanto supplício?
VI Estação: Verônica enxuga o rosto de Jesus
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 9,29-31)
Enquanto rezava, seu rosto mudou de
aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. Eis que dois homens
estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. Eles apareceram revestidos
de glória e conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer em Jerusalém.
Do Livro dos Salmos (Sl 26,8-9a)
Meu coração fala convosco confiante, e
os meus olhos vos procuram.
Senhor, é vossa face que eu procuro;
não me escondais a vossa face!
Senhor Jesus, no vosso rosto vemos o
vosso coração. A vossa decisão vê-se nos olhos, define o vosso rosto, faz dos
vossos traços uma expressão de atenção inconfundível. Como percebeis a Verônica,
assim me percebeis. Procuro o vosso rosto, que revela a decisão de nos amardes
até ao último suspiro, e mesmo para além dele, pois o amor é forte como a morte
(cf. Ct 8,6). O que muda o nosso coração é o vosso rosto, que eu
gostaria de contemplar e guardar. Vós vos entregais a nós, dia após dia, no
rosto de cada ser humano, memória viva da vossa Encarnação. Sempre que nos
voltamos para o menor dos nossos irmãos, damos atenção aos vossos membros e Vós
permaneceis conosco. Assim, iluminais o nosso coração e a expressão do nosso
rosto. Em vez de rejeitarmos, passamos a acolher. No caminho da cruz, o nosso
rosto, como o vosso, pode finalmente tornar-se radiante e espalhar bênçãos.
Gravastes em nós a lembrança disso, um presságio do vosso regresso, quando nos
reconhecereis à primeira vista, um a um. Então, talvez nos assemelhemos a Vós.
E estaremos face a face, em um diálogo sem fim, na intimidade da qual nunca nos
cansaremos: a família de Deus.
Oremos dizendo: Imprimi em nós a
vossa memória, Senhor.
Se o nosso rosto não tem expressão...
Se o nosso coração está distante...
Se os nossos gestos dividem...
Se as nossas escolhas ferem...
Se os nossos projetos excluem...
Pai nosso...
Quis non posset contristári, / Christi Matrem
contemplári, / doléntem cum Filio?
VII Estação: Jesus cai pela segunda vez
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho
segundo Lucas (Lc 15,2-6)
Os fariseus e os
mestres da Lei criticavam Jesus: «Este homem acolhe os pecadores e faz refeição
com eles». Então Jesus contou-lhes esta parábola: «Se um de vós tem cem ovelhas
e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se
perdeu, até encontrá-la? Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, e,
chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: “Alegrai-vos comigo!
Encontrei a minha ovelha que estava perdida!”».
Cair e levantar-se;
cair e voltar a levantar-se. Foi assim, Senhor Jesus, que nos ensinastes a
entender a aventura da vida humana. Humana porque é aberta. Nós não permitimos
que as máquinas cometam erros: pretendemos que sejam perfeitas. As pessoas, ao
contrário, vacilam, distraem-se, perdem-se. Porém, conhecem a alegria: a dos
recomeços, dos renascimentos. Os seres humanos não nascem de modo mecânico, mas
artesanal: somos peças únicas, um entrelaçamento de graça e responsabilidade.
Senhor, vos fizestes um de nós, não tivestes medo de tropeçar e de cair.
Aqueles que se envergonham disso, aqueles que ostentam a infalibilidade,
aqueles que escondem as suas próprias quedas e não perdoam as dos outros, negam
o caminho que escolhestes. Vós sois, Senhor Jesus, o Senhor da alegria. Em Vós
somos todos reencontrados e conduzidos a casa, como a única ovelha que se tinha
perdido. É desumana a economia em que noventa e nove valem mais do que um. E,
apesar disso, construímos um mundo que funciona assim: um mundo de cálculos e
algoritmos, de lógicas frias e interesses implacáveis. A lei da vossa casa,
Senhor, a economia divina, é outra coisa. Voltar-se para Vós, que caís e
voltais a vos levantar, é uma mudança de rumo e uma mudança de ritmo. Conversão
que devolve a alegria e nos leva a casa.
Oremos dizendo: Levantai-nos,
ó Deus, nossa salvação.
Somos crianças que
por vezes choram...
Somos adolescentes
que se sentem inseguros...
Somos jovens que
muitos adultos desprezam...
Somos adultos que
cometeram erros...
Somos idosos que
ainda querem sonhar...
Pai nosso...
Pro peccátis suae gentis / vidit Iesum in
torméntis / et flagéllis súbditum.
VIII Estação: Jesus encontra-se com as mulheres de Jerusalém
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,27-31)
Seguia Jesus uma grande multidão do
povo e de mulheres que batiam no peito e choravam por Ele. Jesus, porém,
voltou-se e disse: «Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós
mesmas e por vossos filhos! Porque dias virão em que se dirá: “Felizes as
mulheres que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à luz e os seios
que nunca amamentaram”. Então começarão a pedir às montanhas: “Caí sobre nós!”
e às colinas: “Escondei-nos!” Porque, se fazem assim com a árvore verde, o que
não farão com a árvore seca?».
Sempre reconhecestes nas mulheres,
Senhor Jesus, uma semelhança especial com o coração de Deus. É por isso que, na
grande multidão de pessoas que mudaram de direção e vos seguiram naquele dia,
vistes imediatamente as mulheres e, mais uma vez, estabelecestes com elas uma
especial empatia. A cidade é diferente quando se levam os seus habitantes no
colo, quando os seus filhos amamentam: quando, em suma, não se conhece apenas a
lógica do domínio, mas se experimentam as coisas a partir do seu interior. Vós
atingis o coração das mulheres que, por dever, cumprem o ritual da compaixão. É
no coração, com efeito, que se interconectam os acontecimentos e nascem os
pensamentos e as decisões. «Não choreis por mim». O coração de Deus vibra pelo
seu povo, gera uma nova cidade: «Chorai por vós mesmas e por vossos filhos».
Com efeito, há um choro no qual tudo renasce. Mas são necessárias lágrimas de
reflexão, das quais não devemos nos envergonhar, lágrimas que não devem ser
mantidas em segredo. A nossa convivência ferida, Senhor, neste mundo
despedaçado, precisa das lágrimas sinceras, não das de circunstância. Caso
contrário, verifica-se o que os apocalípticos previram: não geramos mais nada
e, logo, tudo se desmorona. A fé, pelo contrário, move montanhas. Os montes e
as colinas não caem sobre nós, mas no meio deles abre-se uma estrada. É a vossa
estrada, Senhor Jesus: um caminho íngreme, no qual os Apóstolos vos
abandonaram, mas as vossas discípulas - mães da Igreja - vos seguiram.
Oremos dizendo: Dai-nos um coração
de mãe, Senhor.
Povoastes com santas mulheres a
história da Igreja...
Repudiastes a prepotência e o domínio...
Recolhestes e consolastes as lágrimas
das mães...
Confiastes às mulheres a boa nova da
Ressurreição...
Inspirastes na Igreja novos carismas e
sensibilidades...
Pai nosso...
Eia, Mater, fons amóris, / me sentíre vim
dolóris / fac, ut tecum lúgeam.
IX Estação: Jesus cai pela terceira vez
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 7,44-49)
Jesus disse a Simão: «Estás vendo esta
mulher? Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés;
ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. Tu não me
deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus
pés. Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com
perfume. Por esta razão, te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão
perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco
amor». E Jesus disse à mulher: «Teus pecados estão perdoados». Então, os
convidados começaram a pensar: «Quem é este que até perdoa pecados?».
Não apenas uma ou duas vezes, Senhor
Jesus: Vós continuais a cair. Caíeis já quando éreis criança, como todas as
crianças. Assim, compreendestes e aceitastes a nossa humanidade, que cai e
torna a cair. Se o pecado nos afasta, a vossa existência sem pecado vos aproxima
de cada pecador, vos une indissoluvelmente às suas quedas. E isso leva à
conversão. Escândalo para aqueles que se afastam dos outros e de si mesmos.
Escândalo para quem vive dividido em dois, entre o que deveria ser e o que
realmente é. Diante da vossa misericórdia, Senhor Jesus, cai toda a hipocrisia.
As máscaras, as belas fachadas já não são necessárias. Deus vê o coração. Ele
ama o coração. Aquece o coração. Por isso, me ergueis e me pondes novamente a
caminho por vias nunca trilhadas, audazes, generosas. Quem sois, Senhor Jesus,
que até perdoais os pecados? Novamente por terra, no caminho da cruz, sois o
Salvador desta nossa terra. Não só a habitamos, mas somos formados a partir
dela. Vós, por terra, continuais a moldar-nos, como um talentoso oleiro.
Oremos dizendo: Somos barro nas
vossas mãos.
Quando as coisas parecem não poder
mudar, lembrai-nos...
Quando não se vê o fim dos conflitos,
lembrai-nos...
Quando a tecnologia faz que nos
julguemos onipotentes, lembrai-nos...
Quando os sucessos nos desconectam da
terra, lembrai-nos...
Quando nos importa mais a aparência que
o coração, lembrai-nos...
Pai nosso...
Fac ut árdeat cor meum / in amándo Christum
Deum, / ut sibi compláceam.
X Estação: Jesus é despojado das suas vestes
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Livro de Jó (Jó 1,20-22)
Então Jó levantou-se, rasgou o manto,
rapou a cabeça, caiu por terra e, prostrado, disse: «Nu eu saí do ventre de
minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do
agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor!». Apesar de
tudo isso, Jó não cometeu pecado nem se revoltou contra Deus.
Não vos despis, sois despojado das
vestes. A diferença é clara para todos nós, Senhor Jesus. Só quem nos ama pode
acolher a nossa nudez nas suas mãos e no seu olhar. Pelo contrário, tememos o
olhar de quem não nos conhece e só sabe possuir. Vós sois desnudado e exposto
diante de todos, mas até a humilhação transformais em familiaridade. Quereis
revelar-vos íntimo até mesmo daqueles que vos destroem, olhais para aqueles que
vos despojam das vestes como os amados que o Pai vos deu. Há aqui mais do que a
paciência de Jó, muito mais do que a sua fé. Em Vós está o Esposo que se deixa
tomar, tocar e transforma tudo em bem. Deixai-nos as vossas vestes, como
relíquias de um amor consumado. Estão nas nossas mãos, pois estivestes na nossa
casa e entre nós. Nós mantivemos em nosso poder as vossas vestes e agora
lançamo-las à sorte. Porém, a sorte, aqui, não é favorável só a um, mas a
todos. Vós nos conhecei um a um, para salvar todos: todos! E se, para Vós, a
Igreja se apresenta hoje como uma túnica rasgada, ensinai-nos a tecer de novo a
nossa fraternidade, fundada no vosso dom. Somos o vosso Corpo, a vossa túnica
inconsútil, a vossa Esposa. Somo-lo juntos. Para nós, a sorte caiu em lugares
aprazíveis; a nossa herança é preciosa (cf. Sl 15,6).
Oremos dizendo: Dai paz e unidade à
vossa Igreja.
Senhor Jesus, que vedes os vossos
discípulos divididos...
Senhor Jesus, que carregais as feridas
da nossa história...
Senhor Jesus, que conheceis a
fragilidade dos nossos amores...
Senhor Jesus, que nos quereis membros
do vosso Corpo...
Senhor Jesus, que vestis a túnica da
misericórdia...
Pai nosso...
Sancta Mater, istud agas, / Crucifíxi fige
plagas / cordi meo válide.
XI Estação: Jesus é pregado na cruz
Nós vos adoramos,
Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela
vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho
segundo Lucas (Lc 23,32-34a)
Levavam também
outros dois malfeitores para serem mortos junto com Jesus. Quando chegaram ao
lugar chamado “Calvário”, ali crucificaram Jesus e os malfeitores: um à sua
direita e outro à sua esquerda. Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem
o que fazem!».
Nada nos assusta
mais do que a imobilidade. E Vós estais pregado, imobilizado, preso. Mas estais
com outros: nunca sozinho e sempre determinado a vos revelar, até mesmo na
cruz, como o Deus conosco. A revelação não fica parada, não se deixa pregar.
Vós, Senhor Jesus, mostrai-nos que em cada circunstância há uma escolha a
fazer. Esta é a vertigem da liberdade. Nem sequer na cruz sois neutralizado:
Vós decidis por quem ali estais. Dais atenção a um e a outro dos crucificados
convosco: deixais passar os insultos de um e acolheis a invocação do outro.
Dais atenção àquele que vos crucifica e sabeis ler o coração daquele que não
sabe o que está fazendo. Prestais atenção ao céu: gostaríeis que fosse mais
claro, mas rompeis a barreira das trevas com a luz da intercessão. Pregado na
cruz, em realidade, intercedeis: vos colocai entre as partes, entre os opostos.
E os levai a Deus, porque a vossa cruz derruba muros, perdoa dívidas, anula
julgamentos, estabelece a reconciliação. Vós sois o verdadeiro Jubileu. Convertei-nos
a Vós, Senhor Jesus, que pregado ao madeiro tudo podeis.
Oremos dizendo: Ensinai-nos
a amar.
Quando temos forças
e quando nos parece já não as ter...
Quando somos
imobilizados por leis ou decisões injustas...
Quando somos
confrontados por quem não quer a verdade e a justiça...
Quando nos sentimos
tentados a perder a esperança...
Quando se diz que
não há mais nada a fazer...
Pai nosso...
Tui Nati vulneráti, / tam dignáti pro me
pati, / poenas mecum dívide.
XII Estação: Jesus morre na cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,45-49)
O sol parou de brilhar. A cortina do
santuário rasgou-se pelo meio, e Jesus deu um forte grito: «Pai, em tuas mãos
entrego o meu espírito». Dizendo isso, expirou. O oficial do exército romano
viu o que acontecera e glorificou a Deus dizendo: «De fato! Este homem era
justo!». E as multidões, que tinham acorrido para assistir, viram o que havia
acontecido, e voltaram para casa, batendo no peito. Todos os conhecidos de
Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galileia, ficaram à
distância, olhando essas coisas.
No Calvário, onde estamos nós? Debaixo
da cruz? A alguma distância? Longe? Ou talvez, como os Apóstolos, nem sequer
estamos lá. Vós expirais, e esta respiração, última e primeira, pede apenas
para ser acolhida. Senhor Jesus, orientai os nossos caminhos para o vosso dom.
Não permitais que o vosso sopro de vida se disperse. As nossas trevas procuram
luz. Os nossos templos querem permanecer definitivamente abertos. Agora o Santo
já não está por detrás do véu: o seu segredo é oferecido a todos. Percebe-o um
soldado que, observando atentamente como morreis, reconhece uma nova força.
Compreende-o a multidão que tinha gritado contra Vós: antes distante, encontra
agora o espetáculo de um amor jamais visto, de uma beleza que faz acreditar de
novo. Dais tempo àqueles que vos veem morrer, Senhor Jesus, para que regressem
batendo no peito: atingindo o próprio coração a fim de que a sua dureza se
desfaça. A nós, Senhor Jesus, que muitas vezes ainda vos vemos de longe,
concedei que vivamos fazendo memória de Vós, para que um dia, quando vierdes,
até mesmo a morte nos encontre vivos.
Oremos dizendo: Vinde Espírito
Santo!
Mantivemo-nos distantes das chagas do
Senhor...
Diante do irmão caído, voltamo-nos para
o outro lado...
Os misericordiosos e os pobres de
espírito parecem-nos fracassados...
Crentes e não crentes estão em pé
diante do crucifixo...
O mundo inteiro procura um novo começo...
Pai nosso...
Vidit suum dulcem Natum / moriéntem
desolátum, / cum emísit spíritum.
XIII Estação: Jesus é deposto da cruz
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho
segundo Lucas (Lc 23,50-53a)
Havia um homem bom
e justo, chamado José, membro do Conselho, o qual não
tinha aprovado a decisão nem a ação dos outros membros. Ele era de Arimateia,
uma cidade da Judeia, e esperava a vinda do Reino de Deus. José foi ter com
Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Desceu o corpo da cruz e enrolou-o em um
lençol.
Por fim, o vosso
corpo está nas mãos de um homem bom e justo. Estais envolto no sono da morte,
Senhor Jesus, mas, para se encarregar de Vós, há um coração vivo, que fez uma
escolha. José não era daqueles que dizem e não fazem. «Não tinha aprovado a
decisão nem a ação dos outros», diz o Evangelho. E é uma boa notícia: quem vos
abraça, Senhor Jesus, não abraçou a opinião comum. Encarrega-se de Vós alguém
que se encarregou da própria responsabilidade. No colo de José de Arimateia,
que «esperava a vinda do Reino de Deus», estais no vosso lugar, Senhor Jesus.
Estais no vosso lugar entre aqueles que ainda têm esperança, entre aqueles que
não se resignam a pensar que a injustiça é inevitável. Vós, Senhor Jesus,
quebrais a cadeia do inevitável, quebrais os automatismos que destroem a casa
comum e a fraternidade. Dais àqueles que esperam o vosso Reino a coragem de se
apresentarem à autoridade: como Moisés ao Faraó, como José de Arimateia a
Pilatos. Capacitai-nos para grandes responsabilidades, tornai-nos corajosos. Assim,
morrestes e continuais a reinar. E para nós, Senhor Jesus, servir-vos é reinar.
Oremos dizendo: Servir-vos
é reinar.
Dando de comer aos
famintos...
Dando de beber aos
sedentos...
Vestindo os nus...
Acolhendo os
estrangeiros...
Visitando os
doentes...
Visitando os
prisioneiros...
Sepultando os
mortos...
Pai nosso...
Fac me vere tecum flere, / Crucifíxo
condolére, / donec ego víxero.
XIV Estação: Jesus é colocado no sepulcro
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo,
e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,53-56)
Enrolou-o em um lençol e colocou-o em um
túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado. Era o dia da
Preparação da Páscoa, e o sábado já estava começando. As mulheres, que tinham
vindo da Galileia com Jesus, foram com José, para ver o túmulo e como o corpo
de Jesus ali fora colocado. Depois voltaram para casa e prepararam perfumes e
bálsamos. E, no sábado, elas descansaram, conforme ordenava a Lei.
Em um sistema que jamais se detém,
Senhor Jesus, viveis o vosso sábado. Vivem-no também as mulheres, a quem os
aromas e os perfumes gostariam de falar já de ressurreição. Ensinai-nos a não
fazer nada, quando nos é pedido apenas para esperar. Educai-nos nos tempos da
terra, que não são aqueles artificiais. Deposto no túmulo, Senhor Jesus,
partilhais a condição que a todos nos iguala, e atingis as profundezas que
tanto nos assustam. Vede como fugimos delas, multiplicando as nossas
atividades. Andamos muitas vezes em vão, mas o sábado brilha com as suas luzes:
educa-nos e pede-nos descanso. Vida divina, vida à escala humana, aquela que
conhece a paz do sábado. «Cada qual se sentará debaixo de sua videira e de sua
figueira, sem que venha alguém molestá-los» (Mq 4,4), profetizou
Miqueias. E Zacarias faz-lhe eco: «Naquele dia - oráculo do Senhor dos
exércitos - um amigo convidará o outro para debaixo da videira e da figueira» (Zc
3,10). Senhor Jesus, que pareceis dormir no mundo tempestuoso, levai-nos a
todos para a paz do sábado. Então toda a criação nos aparecerá muito bela e
boa, destinada à ressurreição. E haverá paz sobre o teu povo e entre todas as
nações.
Oremos dizendo: Venha a vossa paz.
Para a terra, o ar e as águas...
Para os justos e os injustos
Para quem é invisível e não tem voz...
Para quem não possui poder nem dinheiro...
Para quem espera que brote um rebento
de justiça...
Pai nosso...
Quando corpus moriétur / fac ut ánimae
donétur / paradísi glória. Amen.
Invocação final
«“Laudato si’, mi’ Signore -
Louvado sejas, meu Senhor”, cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso
cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar a uma irmã...
Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos» (Laudato si’, nn. 1-2).
«“Fratelli Tutti”: escrevia São
Francisco de Assis, dirigindo-se a seus irmãos e irmãs para lhes propor uma
forma de vida com sabor a Evangelho» (Fratelli tutti, n. 1)
«“Amou-nos”, diz São Paulo referindo-se
a Cristo... para nos ajudar a descobrir que nada “será capaz de nos separar”
desse amor» (Dilexit nos, n. 1).
Percorremos a Via Sacra; voltamo-nos
para o amor do qual nada nos pode separar. Agora, enquanto o Rei dorme e um
grande silêncio desce sobre toda a terra, fazendo nossas as palavras de São
Francisco, invoquemos o dom da conversão do coração:
Deus altíssimo e glorioso, iluminai as
trevas do meu coração.
Dai-me fé reta, esperança certa, caridade
perfeita e profunda humildade.
Dai-me, Senhor, sabedoria e
discernimento para cumprir a vossa verdadeira e santa vontade. Amém.
Bênção
Canto final: Crux fidelis...
Fonte: Santa Sé (com pequenas correções do autor deste blog).
Como ilustrações propomos os ícones das estações da Via Sacra realizados pela artista Giusy Cristofolini para a Paróquia de Santa Maria Assunta em Montecchio di Vallefoglia (Itália).
Confira outros modelos de meditações em nossa postagem sobre a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
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