Em suas Catequeses nn. 60-61 sobre Jesus Cristo, o Papa São João Paulo II refletiu sobre como o Filho liberta o homem “para a liberdade na verdade” e “para uma vida nova”.
Para acessar a Introdução desta série, com os links para todas as Catequeses, clique aqui.
Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO
60. Cristo liberta o homem para a liberdade na verdade
João Paulo II - 03 de agosto de 1988
1. Cristo é o Salvador; de fato;
Ele veio ao mundo para libertar o homem da escravidão do pecado à custa do seu
sacrifício pascal, como vimos na Catequese anterior. Se o conceito de “libertação”,
por um lado, se refere ao mal, libertados do qual encontramos a “salvação”, por
outro lado diz respeito ao bem, para cuja obtenção fomos libertados
por Cristo, Redentor do homem e do mundo com o homem e no homem. “Conhecereis a
verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8,32). Estas palavras de Jesus
especificam de modo muito conciso o bem para o qual o homem foi
libertado por obra do Evangelho no âmbito da redenção de Cristo. É a liberdade
na verdade. Essa constitui o bem essencial da salvação realizada por Cristo.
Através deste bem o Reino de Deus realmente “está próximo” do homem e da sua história
terrena.
Jesus Cristo Redentor (El Greco) |
2. A libertação salvífica que
Cristo realiza em relação ao homem contém em si mesma, em certo sentido, as duas
dimensões: libertação “do” (mal) e libertação “para”
(o bem), que estão intimamente unidas, se condicionam e integram reciprocamente.
Retornando ao mal do qual Cristo liberta
o homem - isto é, o mal do pecado -, é preciso acrescentar que, mediante os “sinais”
extraordinários do seu poder salvífico (isto é, os milagres), realizados curando
os doentes de diversas enfermidades, Ele sempre indicou, ao menos indiretamente, essa libertação
essencial, que é a libertação do pecado, a sua remissão. Isto aparece
claramente na cura do paralítico, ao qual Jesus primeiro diz: “Teus pecados estão
perdoados”, e só depois: “Levanta-te, pega tua maca e vai para tua casa” (Mc 2,5.11).
Realizando este milagre, Jesus se dirige aos que o rodeavam (especialmente aos
que o acusavam de blasfêmia, posto que só Deus pode perdoar os pecados): “Para
que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados...”
(v. 10).
3. Nos Atos dos Apóstolos
lemos que Jesus “passou fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados
pelo diabo, pois Deus estava com Ele” (At 10,38). Com efeito, resulta
dos Evangelhos que Jesus curava os doentes de muitas enfermidades - como, por exemplo,
a mulher encurvada, “totalmente incapaz de endireitar-se” (cf. Lc 13,10-16).
Quando lhe acontecia de “expulsar os espíritos maus” e o acusavam de fazê-lo
com a ajuda do mal, Ele respondia demostrando o absurdo de tal insinuação, dizendo:
“Se Eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, é porque já chegou para vós o Reino
de Deus” (Mt 12,28; cf. Lc 11,20). Ao libertar
os homens do mal do pecado, Jesus desmascara aquele que é o “pai do
pecado”. Justamente nele, no espírito maligno, tem início a “escravidão do
pecado” na qual se encontram os homens. “Em verdade, em verdade vos digo: todo aquele
que comete pecado é escravo do pecado. O escravo não permanece para sempre na
casa, mas o filho permanece nela para sempre. Se, pois, o Filho vos
libertar, sereis verdadeiramente livres” (Jo 8,34-36).
4. Diante da oposição dos seus ouvintes,
Jesus acrescenta: “(...) é da parte de Deus que Eu saí e vim. Eu não vim por mim
mesmo; foi Ele que me enviou. Por que não entendeis a minha fala? É porque não sois
capazes de escutar minha palavra. Vós tendes por pai o diabo, e
quereis fazer o que vosso pai deseja. Ele era homicida desde o
princípio e não permaneceu na verdade, porque nele não há verdade. Quando
ele fala mentira, fala o que é próprio dele, pois é mentiroso e pai
da mentira” (Jo 8,42-44). É difícil encontrar um texto no qual o
mal do pecado seja apresentado de maneira tão forte em sua raiz de falsidade
diabólica.
5. Escutemos mais uma vez as palavras
de Jesus: “Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres”
(Jo 8,36). “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente
meus discípulos, e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”
(vv. 31-32). Jesus Cristo veio para libertar o homem do mal do pecado. Este mal
fundamental tem seu início no “pai da mentira” - como se vê já no Livro do Gênesis
(cf. Gn 3,4). Por isso a libertação do mal do pecado, realizada
até suas raízes, deve ser a libertação para a verdade e por meio da
verdade. Jesus Cristo revela esta verdade. Ele mesmo é “a Verdade” (Jo 14,6).
Esta verdade porta consigo a verdadeira liberdade: é a liberdade do
pecado e da mentira. Aqueles que eram “escravos do pecado”, porque se encontravam
sob a influência do “pai da mentira”, são libertados mediante a participação
na Verdade que é Cristo, e na liberdade do Filho de Deus alcançam “a liberdade
dos filhos de Deus” (cf. Rm 8,21). São Paulo pode assegurar:
“A lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, libertou-te da lei do pecado e da morte”
(Rm 8,2).
6. Na mesma Carta aos Romanos
o Apóstolo apresenta de modo eloquente a decadência humana que o pecado
traz consigo. Vendo o mal moral do seu tempo, escreve que os homens, tendo
se esquecido de Deus, “perderam-se em seus pensamentos fúteis, e seu coração insensato
se obscureceu” (Rm 1,21); “trocaram a verdade de Deus pela mentira,
adoraram e cultuaram a criatura em lugar do Criador” (v. 25); “e, porque não
quiseram alcançar a Deus pelo conhecimento, Deus os entregou ao seu reprovado
modo de pensar, para praticar aquilo que é impróprio” (v. 28).
7. Em outras passagens da sua Carta o
Apóstolo passa da descrição exterior à análise do interior do
homem, onde lutam entre si o bem e o mal. “Não entendo o que faço, pois não
faço o que quero, mas o que detesto. Se faço o que não quero, concordo que a Lei
é boa. Nesse caso, já não sou eu que faço isso, mas o pecado que habita em mim”
(Rm 7,15-17); “sinto em meus membros outra lei, que luta contra a
lei de minha mente e me aprisiona na lei do pecado... Infeliz que sou! Quem me
libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo,
nosso Senhor!” (vv. 23-25). Desta análise paulina resulta que o pecado constitui
uma profunda alienação; em certo sentido torna o homem “estranho”
a si mesmo, em seu “eu” mais íntimo. A libertação vem com “a graça e a verdade”
(cf. Jo 1,17) trazidas por Cristo.
8. Vê-se claramente em que
consiste a libertação realizada por Cristo, para que liberdade Ele nos libertou.
A libertação realizada por Cristo se distingue daquela que esperavam seus contemporâneos
em Israel. Com efeito, antes de retornar definitivamente ao Pai, Cristo foi
interrogado por aqueles que lhe eram mais próximos: “Senhor, é este o tempo em
que restaurarás o reino para Israel?” (At 1,6). E assim, mesmo depois
da experiência dos acontecimentos pascais, eles continuavam pensando na libertação
em sentido político: sob este aspecto era esperado o Messias, descendente
de Davi.
9. Mas a libertação realizada por
Cristo ao preço da sua Paixão e Morte na cruz, tem um significado essencialmente
diverso: é a libertação daquilo que, no mais profundo do homem,
impede sua relação com Deus. Nesse nível o pecado significa escravidão; e
Cristo venceu o pecado para enxertar novamente no homem a graça da filiação
divina, a graça libertadora. “Vós não recebestes espírito de escravos, para
recairdes no medo, mas recebestes o Espírito de filhos adotivos, no qual clamamos:
‘Abbá, Pai!’” (Rm 8,15).
Essa libertação espiritual,
isto é, “a liberdade no Espírito Santo”, é, pois, o fruto da missão salvífica
de Cristo: “Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade" (2Cor 3,17).
Neste sentido somos “chamados para a liberdade” (Gl 5,13) em
Cristo e por meio de Cristo. “A fé agindo pelo amor” (v. 6) é a expressão desta
liberdade.
10. Trata-se da libertação
interior do homem, da “liberdade do coração”. A libertação em sentido
social e político não é a verdadeira obra messiânica de Cristo. Por outro lado,
é necessário constatar que sem a libertação realizada por Ele, sem a libertação
do homem do pecado - e, portanto, de toda espécie de egoísmo - não pode existir uma
libertação real no sentido sociopolítico. Nenhuma mudança puramente exterior
das estruturas leva a uma verdadeira libertação da sociedade enquanto o homem
estiver submetido ao pecado e à mentira, enquanto as paixões o dominarem, e com
elas a exploração e as várias formas de opressão.
11. Inclusive aquela que se poderia
chamar libertação em sentido psicológico não pode realizar-se plenamente
senão com as forças libertadoras que provêm de Cristo. Essa faz parte da sua
obra de redenção. Só Cristo é “a nossa paz” (Ef 2,14). Sua graça e seu
amor libertam o homem do medo existencial diante da falta de sentido da vida e
daquele tormento da consciência que é a herança do homem caído na escravidão do
pecado.
12. A libertação realizada
por Cristo com a verdade do seu Evangelho, e definitivamente com o Evangelho
da sua Cruz e Ressurreição, conservando o seu caráter sobretudo espiritual e “interior”,
pode estender-se em um raio de ação universal, e está destinada
a todos os homens. As palavras “por graça fostes salvos” (Ef 2,5)
dizem respeito a todos. Ao mesmo tempo, porém, esta libertação, que é “uma
graça”, isto é, um dom, não pode realizar-se sem a participação do homem.
Este deve acolhê-la com fé, esperança e caridade. Deve “esperar a sua salvação,
com temor e tremor” (cf. Fl 2,12). “É Deus que produz em
vós tanto o querer como o fazer, conforme o seu agrado” (v. 13). Conscientes deste
dom sobrenatural, nós mesmos devemos colaborar com a potência libertadora de Deus,
que com o sacrifício redentor de Cristo, entrou no mundo como fonte eterna de salvação.
61. Cristo liberta o homem para uma “vida nova”
João Paulo II - 10 de agosto de 1988
1. É oportuno reiterar aquilo que dissemos
nas últimas Catequeses considerando a missão salvífica de Cristo como libertação
e Jesus como Libertador. Trata-se da libertação do pecado como
mal fundamental, que “aprisiona” o homem em seu interior, submetendo-o à escravidão
daquele que é chamado por Cristo de “pai da mentira” (Jo 8,44). Trata-se,
ao mesmo tempo, da libertação para a verdade, que nos
permite participar na “liberdade dos filhos de Deus” (cf. Rm 8,21).
Jesus diz: “Se, pois, o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres”
(Jo 8,36). A “liberdade dos filhos de Deus” provém do
dom de Cristo, que possibilita ao homem a participação na filiação divina, isto
é, a participação na vida de Deus.
Assim, pois, o homem libertado por
Cristo não só recebe a remissão dos pecados, mas também é elevado a “uma vida nova”.
Cristo, como autor da libertação do homem, é o criador da “nova humanidade”. N’Ele nos
tornamos “uma nova criatura” (2Cor 5,17).
2. Nesta Catequese esclareceremos ainda
mais este aspecto da libertação salvífica, que é obra de Cristo. Ela pertence à
própria essência da sua missão messiânica. O próprio Jesus falou disso, por exemplo,
na parábola do Bom Pastor, quando dizia: “Eu vim para que (as ovelhas) tenham
vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Trata-se daquela
abundância de vida nova que é a participação na vida mesma de Deus. Também deste
modo se realiza no homem a “novidade” da humanidade de Cristo: o ser “uma nova
criatura”.
3. É o que, falando de maneira
figurada e muito sugestiva, Jesus diz em seu diálogo com a samaritana junto
ao poço de Sicar: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-me
de beber’, tu lhe pedirias, e Ele te daria a água viva”. A
mulher disse: “Senhor, não tens sequer com que tirar água, e o poço é fundo; de
onde tens essa água viva? (...)”. Jesus respondeu: “Todo o que beber desta água,
tornará a ter sede. Aquele, porém, que beber da água que Eu darei, nunca
mais terá sede, mas a água que Eu darei se tornará nele uma fonte de água
que jorra para a vida eterna” (Jo 4,10-14).
4. Também à multidão Jesus repetiu
esta verdade com palavras muito parecidas, ensinando durante a Festa das Tendas:
“Se alguém tem sede, venha a mim, e beba quem crê em mim. Conforme diz a
Escritura: Do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7,37-38).
Os “rios de água viva” são a imagem da vida
nova da qual os homens participam em virtude da Morte de Cristo na
cruz. Sob este ponto de vista a tradição patrística e a Liturgia interpretam
também o texto de João segundo o qual do Coração de Cristo, depois da sua Morte
na cruz, “saiu sangue e água”, quando um soldado romano “abriu-lhe o lado”
(Jo 19,34).
5. Mas, segundo uma interpretação cara
a grande parte dos Padres orientais e seguida ainda por vários exegetas, fluirão
rios de água viva também “do seio” do homem que bebe a “água” da verdade e da
graça de Cristo. “Do seio” significa “do coração”. Com efeito, foi criado
“um coração novo” no homem, como anunciaram de maneira muito
clara os Profetas, em particular Jeremias e Ezequiel.
Lemos no Livro de Jeremias:
“Esta é a aliança que farei com a casa de Israel a partir daqueles dias, oráculo
do Senhor: Colocarei a minha lei nas suas entranhas e a gravarei
em seu coração; Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jr 31,33).
E em Ezequiel, ainda mais explicitamente: “Eu vos darei um coração novo
e porei em vós um espírito novo. Tirarei de vosso corpo o coração de pedra e vos
darei um coração de carne. Porei em vós o meu espírito e farei com que andeis
segundo minhas leis e cuideis de observar os meus preceitos” (Ez 36,26-27).
Trata-se, pois, de uma profunda
transformação espiritual, que o próprio Deus realiza dentro do homem mediante “o
sopro do seu Espírito” (cf. Ez 36,26). Os “rios de água
viva” de que fala Jesus significam a fonte de uma vida nova que
é a vida “em Espírito e verdade”, vida digna dos “verdadeiros adoradores
do Pai” (cf. Jo 4,23-24).
6. Os escritos dos Apóstolos,
em particular as Cartas de São Paulo, estão cheios de textos sobre este
tema: “Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura. O que era antigo passou;
eis que tudo se fez novo” (2Cor 5,17). O fruto da redenção
realizada por Cristo é precisamente esta “novidade de vida”: “Já vos
despojastes do homem velho com suas obras, e vos revestistes do homem
novo, o qual vai sendo sempre renovado à imagem do seu Criador, a fim de alcançar
um conhecimento cada vez mais perfeito (de Deus)” (Cl 3,9-10). O “homem
velho” é o “homem do pecado”. O “homem novo” é aquele que graças a Cristo reencontra
em si a original “imagem e semelhança” do seu Criador. Daqui deriva também a
enérgica exortação do Apóstolo a superar tudo o que em cada um de nós é
pecado e resquício do pecado: “Agora, porém, rejeitai tudo isto: ira, furor, maldade,
ultrajes, e não saia de vossa boca nenhuma palavra indecente. Também não mintais
uns aos outros...” (Cl 3,8-9).
7. Uma exortação semelhante se encontra
na Carta aos Efésios: “É preciso deixar a vossa antiga conduta e despojar-vos
do homem velho, que vai se corrompendo ao sabor das paixões enganadoras. É
preciso renovar-vos pela transformação espiritual de vossa mente, e revestir-vos
do homem novo, criado à imagem de Deus, na justiça e santidade da verdade” (Ef 4,22-24).
“Somos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, em vista das boas obras que preparou
de antemão, para que nelas caminhemos” (Ef 2,10).
8. A redenção é,
pois, a nova criação em Cristo. Ela é dom de Deus - a
graça - e, ao mesmo tempo, porta consigo um chamado dirigido ao homem.
O homem deve cooperar na obra de libertação espiritual que Deus realizou nele
por meio de Cristo. É verdade que “é pela graça que fomos salvos, mediante a fé.
E isso não vem de nós: é dom de Deus” (cf. Ef 2,8). Certamente o
homem não pode atribuir a si mesmo a salvação, a libertação salvífica, que é
dom de Deus em Cristo. Mas, ao mesmo tempo, também deve ver nesse dom a
fonte de uma incessante exortação a realizar obras dignas de tal dom. O
quadro completo da libertação salvífica do homem comporta um profundo conhecimento
do dom de Deus na Cruz de Cristo e na Ressurreição redentora e, ao mesmo tempo,
a consciência da própria responsabilidade por esse dom: consciência dos
compromissos de natureza moral e espiritual que esse dom e esse chamado
implicam. Tocamos aqui as raízes do que podemos chamar o “ethos da redenção”.
9. A redenção realizada por
Cristo, que atua com a potência do seu Espírito de verdade (Espírito do Pai e do
Filho, Espírito de verdade), possui uma dimensão pessoal, que diz respeito
a cada homem, e ao mesmo tempo uma dimensão inter-humana e social,
comunitária e universal.
É um tema desenvolvido na Carta
aos Efésios, onde é descrita a reconciliação das duas “partes” da humanidade
em Cristo: isto é, de Israel, povo escolhido da antiga aliança, e de todos os
demais povos da terra: “Ele (Cristo) é a nossa paz: de dois povos fez um só,
em sua carne, derrubando o muro da inimizade que os separava e abolindo a Lei
com seus mandamentos e preceitos. Ele quis, assim, dos dois povos formar em
si mesmo um só homem novo, estabelecendo a paz e reconciliando ambos
com Deus, em um só corpo, mediante a cruz, na qual matou a inimizade” (Ef 2,14-16).
10. Essa é a definitiva dimensão da
“nova criatura” e da “novidade de vida” em Cristo: a libertação da divisão, a “demolição
do muro” que separava Israel dos demais povos. Em Cristo todos são “o povo escolhido”, porque
em Cristo o homem é escolhido. Cada homem, sem exceção e distinção, é
reconciliado com Deus e, portanto, chamado a participar na eterna promessa de salvação
e de vida. A humanidade inteira é novamente criada como o “homem novo” “criado
à imagem de Deus, na justiça e santidade da verdade” (Ef 4,24). A
reconciliação de todos com Deus por meio de Cristo deve se tornar a reconciliação
de todos entre si; uma dimensão comunitária e universal da redenção, plena
expressão do “ethos da redenção”.
Cristo oferece à Samaritana a “água viva” (Angelica Kauffmann) |
Tradução nossa a partir do texto italiano
divulgado no site da Santa Sé (03 de agosto e 10 de agosto de 1988).
Nenhum comentário:
Postar um comentário