Há uma semana publicamos a Catequese proferida pelo Papa São João Paulo II (†2005) há vinte anos, durante a Semana Santa de 2004. Nesta postagem trazemos sua Catequese da semana seguinte, proferida no contexto da Oitava da Páscoa:
Papa João Paulo II
Audiência Geral
Quarta-feira, 14 de abril de 2004
Encontrar Cristo Crucificado e Ressuscitado para sermos artífices da sua misericórdia
1. A sequência pascal retoma e relança o anúncio de esperança que
ecoou na solene Vigília Pascal: “Dux Vitae mortuus, Regnat vivus” -
“O Senhor da vida estava morto, mas agora, vivo, triunfa!”. Estas
palavras guiam a reflexão deste nosso encontro, que se coloca no clima
luminoso da Oitava da Páscoa.
Cristo triunfa sobre o mal e sobre a morte. Eis o grito
de júbilo que irrompe nestes dias no coração da Igreja. Vitorioso sobre a
morte, Jesus oferece a vida que jamais perece a quantos o acolhem e creem n’Ele.
Por conseguinte, a sua Morte e a sua Ressurreição constituem o fundamento da fé
da Igreja.
2. As narrações evangélicas referem, por vezes com riqueza de
pormenores, os encontros do Senhor Ressuscitado com as mulheres que foram ao
sepulcro e, em seguida, com os Apóstolos. Sendo testemunhas oculares, serão
precisamente elas que proclamam primeiro o Evangelho da sua Morte e Ressurreição.
Depois de Pentecostes, sem receio, afirmarão que em Jesus de Nazaré
cumpriram-se as Escrituras relativas ao Messias prometido.
A Igreja, depositária deste mistério universal de salvação,
transmite-o de geração em geração aos homens e mulheres de todos os tempos e
lugares. Também na nossa época é necessário que, graças ao compromisso dos
crentes, ressoe com vigor o anúncio de Cristo morto que, pela força do seu
Espírito, agora está vivo e triunfa.
3. Para que os cristãos possam cumprir plenamente este mandamento
que lhes foi confiado, é indispensável que se encontrem pessoalmente com o
Crucificado e Ressuscitado, e se deixem transformar pelo poder do seu amor.
Quando isto se verifica, a tristeza transforma-se em alegria, o receio cede o
lugar ao fervor missionário.
O evangelista João nos narra, por exemplo, o encontro comovedor do Ressuscitado com Maria Madalena que, tendo ido de manhã cedo, encontra o sepulcro aberto e vazio. Receia que o corpo do Senhor tenha sido roubado, e por isso chora desconsolada. Mas imprevistamente alguém, que inicialmente ela pensa ser “o jardineiro”, chama-a pelo nome: “Maria!”. Então, ela reconhece-o como o Mestre - “Rabuni” - e, vencendo imediatamente o desconforto e a desorientação, apressa-se em levar com entusiasmo este anúncio aos Onze: “Vi o Senhor” (cf. Jo 20,11-18).
4. “Surrexit Christus spes mea” - “Cristo, minha
esperança, ressuscitou”. Com estas palavras a sequência realça um
aspecto do Mistério Pascal que a humanidade de hoje tem necessidade de
compreender mais profundamente. Marcados por ameaças dominantes de violência e
de morte, os homens estão em busca de alguém que lhes dê serenidade e
segurança. Mas onde se pode encontrar paz a não ser em Cristo, o inocente, que
reconciliou os pecadores com o Pai?
No Calvário, a misericórdia divina manifestou o seu rosto de amor
e de perdão por todos. No Cenáculo, depois da sua Ressurreição, Jesus confiou
aos Apóstolos a tarefa de ser ministros dessa misericórdia, fonte de
reconciliação entre os homens.
Santa Faustina Kowalska, na sua humildade, foi escolhida para
anunciar essa mensagem de luz particularmente adequada para o mundo de hoje. É
uma mensagem de esperança que convida a abandonar-se nas mãos do Senhor. “Jesus,
confio em ti!”, gostava de repetir a Santa.
Maria, Mulher da esperança e Mãe de misericórdia, nos obtenha a
graça de encontrarmos pessoalmente o seu Filho Morto e Ressuscitado. Faça com
que sejamos artífices incansáveis da sua misericórdia e da sua paz.
São João Paulo II no Domingo de Páscoa de 2004 |
Fonte: Santa Sé.
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