terça-feira, 14 de novembro de 2023

Ângelus: XXXII Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 12 de novembro de 2023

Amados irmãos e irmãs, bom domingo!
O Evangelho de hoje oferece-nos uma história que diz respeito ao sentido da vida de cada pessoa. É a parábola das dez virgens, chamadas a sair ao encontro do esposo (Mt 25,1-13). Viver é isto: uma grande preparação para o dia em que seremos chamados a sair ao encontro de Jesus! Na parábola, porém, dessas dez virgens, cinco são sábias e cinco insensatas. Vejamos em que consistem a sabedoria e a insensatez. A sabedoria da vida e a insensatez da vida.

Todas aquelas damas de honra estão ali para acolher o esposo, isto é, querem encontrá-lo, tal como nós também desejamos uma realização feliz da vida: a diferença entre a sabedoria e a insensatez não reside, portanto, na boa vontade. Nem na pontualidade com que se chega ao encontro: todas estavam lá. A diferença entre as sábias e as insensatas é outra: a preparação. O texto diz: as sábias «juntamente com as suas lâmpadas, levaram também o azeite» (v. 4); as insensatas não o fizeram. Eis a diferença: o óleo. E qual é uma das características do óleo? O fato de não se ver: está dentro das lâmpadas, não dá nas vistas, mas sem ele as lâmpadas não dão luz.

Olhemos para nós mesmos e vejamos que a nossa vida corre o mesmo risco: muitas vezes estamos muito atentos às aparências, o importante é cuidar bem da nossa imagem, causar uma boa impressão perante os outros. Mas Jesus diz que a sabedoria da vida está em outro lado: no cuidado com o que não se vê, mas, mais importante, no cuidado com o coração. O cuidado da vida interior. Trata-se de saber parar e escutar o coração, de vigiar sobre os pensamentos e os sentimentos. Quantas vezes não sabemos o que se passa dentro do nosso coração nesse dia. O que se passa dentro de cada um de nós? A sabedoria é saber dar espaço ao silêncio, é saber ouvirmo-nos a nós mesmos e aos outros. É saber renunciar ao tempo passado diante da tela do celular para fitar a luz nos olhos dos outros, no nosso próprio coração, no olhar de Deus sobre nós. Significa não nos deixarmos aprisionar pelo ativismo, mas dedicar tempo ao Senhor, à escuta da sua Palavra.

E o Evangelho dá-nos o conselho certo para não negligenciarmos o óleo da vida interior, “o óleo da alma”: diz-nos que é importante prepará-lo. De fato, na narração vemos que as virgens já têm as lâmpadas, mas devem preparar o óleo: devem ir aos negociantes, comprá-lo, colocá-lo nas lâmpadas... (vv. 7.9). Assim é para nós: a vida interior não pode ser improvisada, não é uma questão de um momento, de uma vez ou outra, de uma vez por todas; deve ser preparada dedicando um pouco de tempo todos os dias, com constância, como se faz para todas as coisas importantes.

Então podemos perguntar-nos: o que estou preparando neste momento da vida? Dentro de mim, o que estou preparando? Talvez esteja tentando poupar, esteja pensando em uma casa ou carro novo, em projetos concretos... São coisas boas, não são más. Mas será que estou pensando também em dedicar tempo ao cuidado do coração, à oração, ao serviço dos outros, ao Senhor que é o objetivo da vida? Em suma, como está o óleo da minha alma? Perguntemo-nos cada um de nós: como está o óleo da minha alma? Alimento-o, conservo-o bem?
Que Nossa Senhora nos ajude a conservar o óleo da vida interior.

As dez virgens (Walter Rane)

Fonte: Santa Sé.

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