sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Sugestão de leitura: Projetar o espaço sagrado

Em nossa sugestão de leitura mensal gostaríamos de apresentar nos meses de fevereiro e março duas obras sobre arquitetura e arte sacra que foram publicadas pelas Edições CNBB durante o ano de 2019.

Começamos com a primeira delas, intitulada “Projetar o espaço sagrado: O que é e como se constrói uma igreja”, de autoria do Padre Fernando López Arias, formado tanto em Arquitetura como em Teologia e professor da Pontifícia Universidade Santa Cruz em Roma.

O autor possui uma abordagem original do tema do espaço sagrado: parte das celebrações litúrgicas, particularmente da dedicação da igreja, para fazer-nos compreender como a Liturgia interpela a arquitetura.

O objetivo da obra é propor o diálogo entre os vários responsáveis pela construção de edifícios sagrados: pastores, teólogos, arquitetos, a fim de que a arquitetura litúrgica seja um meio eficaz de evangelização e de diálogo com a cultura do nosso tempo.

A seguir apresentamos brevemente os três capítulos que compõem a obra:

1. Um espaço para a Liturgia romana (pp. 15-80)

Neste primeiro capítulo o autor analisa as principais celebrações litúrgicas do Rito Romano, indicando como elas interpelam o espaço sagrado. As exigências espaciais específicas de cada celebração devem fundamentar o projeto de construção da igreja.

A primeira celebração estudada é a Eucaristia, “fonte e ápice” da vida da Igreja. Parte-se dos dois espaços fundamentais, presbitério e nave, que são, respectivamente, os espaços de exercício do sacerdócio ministerial e do sacerdócio batismal.

Segue-se a reflexão sobre as ações realizadas na Celebração Eucarística, primeiramente as ações individuais, que são as posições corporais dos fiéis durante o rito e as ações do sacerdote junto ao altar. Em seguida, as ações comunitárias, com ênfase nas procissões.

A explanação sobre a Missa conclui-se com uma referência ao lugar da proclamação da Palavra, isto é, ao ambão, e ao espaço para o canto e a música.

Na sequência analisam-se algumas celebrações particulares ao longo do Ano Litúrgico: Apresentação do Senhor, Domingo de Ramos, Missa da Ceia do Senhor, Celebração da Paixão e Vigília Pascal, com especial referência ao átrio e à porta da igreja.

Como prolongamento natural da Missa, na sequência aborda-se o culto do mistério eucarístico, centrando a reflexão naturalmente na capela do Santíssimo.

A partir deste momento passa-se às exigências litúrgico-espaciais dos sacramentos, começando com a Iniciação Cristã. Aqui o centro é sem dúvida o Batismo e o espaço para a sua celebração: a pia batismal ou batistério.

Passando aos demais sacramentos, a reflexão dedica mais tempo ao sacramento da Reconciliação, pois este exige um espaço adequado que ao mesmo tempo preserve a discrição do fiel e expresse a dimensão eclesial do sacramento.

O capítulo encerra-se com a análise dos sacramentais, particularmente das bênçãos, instituições de ministérios e exéquias, e da Liturgia das Horas.

2. Introdução à dedicação da igreja (pp. 81-106)

O segundo capítulo, o mais breve da obra, introduz o tema da dedicação de igreja, que será explanado pormenorizadamente no capítulo seguinte. Primeiramente se apresenta um pouco da história desta celebração, para em seguida refletir sobre os seus fundamentos teológicos, conforme expressos na Introdução (Praenotanda) do Ritual (cf. Pontifical Romano, pp. 430-438).

3. A celebração da dedicação da igreja (pp. 107-228)

Neste terceiro capítulo, o mais longo, o autor analisa cada passo do ritual da dedicação de igreja (cf. Pontifical Romano, pp. 439-461), indicando como cada gesto e palavra deste rito interpela o espaço sagrado e nos fala de sua teologia.

Parte-se, naturalmente, da procissão de entrada, onde se faz referência à fachada da igreja, à porta e ao átrio. Em seguida, ainda dentro dos ritos iniciais, reflete-se sobre a bênção da água e a aspersão dos fiéis, das paredes e do altar, tecendo ao mesmo tempo considerações sobre o lugar dos sacramentos do Batismo e da Reconciliação. A análise dos ritos iniciais conclui-se com um estudo sobre a oração do dia ou coleta.

Passamos então à Liturgia da Palavra, onde se estuda o lugar da sua proclamação, isto é, o ambão. Aqui o autor reflete também sobre as leituras da celebração, que aprofundam a teologia do templo cristão: Ne 8,1-4a.5-6.8-10; Sl 18; 1Pd 2,4-9; Jo 4,19-24.

A terceira parte trata dos dois elementos centrais do rito (além da celebração da Eucaristia): a oração de dedicação e as unções, precedidos pela Ladainha dos santos e pela deposição das relíquias sob o altar. A prece de dedicação é analisada detalhadamente, em suas duas seções - anamnética e epiclética -, ao passo que ao tratar das unções se reflete também sobre o sentido do altar e das paredes da igreja.

A reflexão prossegue com os demais ritos simbólicos que se seguem à unção: a incensação e a iluminação, que também fazem referência tanto ao altar quanto às paredes da igreja.

Passando à Liturgia Eucarística, que é o momento central da celebração, o autor analisa mais detalhadamente alguns textos: a oração sobre as oferendas, o prefácio e a intercessão pelo povo de Deus na Oração Eucarística.

Por fim, nos ritos de conclusão, após analisar a oração após a Comunhão, reflete-se sobre a inauguração da capela do Santíssimo Sacramento, concluindo-se a celebração em seguida com a bênção e a despedida.

Conclusão: Para o projeto do espaço sagrado (pp. 229-234)

Esta breve conclusão retoma as linhas gerais apresentadas ao longo da obra, sobretudo nos capítulos 1 e 3. Aqui se resumem as principais orientações para um projeto do espaço sagrado: para o presbitério, para a nave e para o átrio.



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