Em nossa sugestão de leitura mensal gostaríamos de
apresentar nos meses de fevereiro e março duas obras sobre arquitetura e arte
sacra que foram publicadas pelas Edições CNBB durante o ano de 2019.
Começamos com a primeira delas, intitulada “Projetar
o espaço sagrado: O que é e como se constrói uma igreja”, de autoria do
Padre Fernando López Arias, formado
tanto em Arquitetura como em Teologia e professor da Pontifícia Universidade
Santa Cruz em Roma.
O autor possui uma abordagem original do tema do espaço
sagrado: parte das celebrações litúrgicas, particularmente da dedicação da
igreja, para fazer-nos compreender como a Liturgia interpela a arquitetura.
O objetivo da obra é propor o diálogo entre os vários responsáveis
pela construção de edifícios sagrados: pastores, teólogos, arquitetos, a fim de
que a arquitetura litúrgica seja um meio eficaz de evangelização e de diálogo
com a cultura do nosso tempo.
A seguir apresentamos brevemente os três capítulos que
compõem a obra:
1. Um espaço para a
Liturgia romana (pp. 15-80)
Neste primeiro capítulo o autor analisa as principais
celebrações litúrgicas do Rito Romano, indicando como elas interpelam o espaço
sagrado. As exigências espaciais específicas de cada celebração devem
fundamentar o projeto de construção da igreja.
A primeira celebração estudada é a Eucaristia, “fonte e
ápice” da vida da Igreja. Parte-se dos dois espaços fundamentais, presbitério e
nave, que são, respectivamente, os espaços de exercício do sacerdócio
ministerial e do sacerdócio batismal.
Segue-se a reflexão sobre as ações realizadas na Celebração
Eucarística, primeiramente as ações individuais, que são as posições corporais
dos fiéis durante o rito e as ações do sacerdote junto ao altar. Em seguida, as
ações comunitárias, com ênfase nas procissões.
A explanação sobre a Missa conclui-se com uma referência ao
lugar da proclamação da Palavra, isto é, ao ambão, e ao espaço para o canto e a
música.
Na sequência analisam-se algumas celebrações particulares ao
longo do Ano Litúrgico: Apresentação do Senhor, Domingo de Ramos, Missa da Ceia
do Senhor, Celebração da Paixão e Vigília Pascal, com especial referência ao
átrio e à porta da igreja.
Como prolongamento natural da Missa, na sequência aborda-se o
culto do mistério eucarístico, centrando a reflexão naturalmente na capela do
Santíssimo.
A partir deste momento passa-se às exigências
litúrgico-espaciais dos sacramentos, começando com a Iniciação Cristã. Aqui o
centro é sem dúvida o Batismo e o espaço para a sua celebração: a pia batismal
ou batistério.
Passando aos demais sacramentos, a reflexão dedica mais
tempo ao sacramento da Reconciliação, pois este exige um espaço adequado que ao
mesmo tempo preserve a discrição do fiel e expresse a dimensão eclesial do
sacramento.
O capítulo encerra-se com a análise dos sacramentais,
particularmente das bênçãos, instituições de ministérios e exéquias, e
da Liturgia das Horas.
2. Introdução à
dedicação da igreja (pp. 81-106)
O segundo capítulo, o mais breve da obra, introduz o tema
da dedicação de igreja, que será explanado pormenorizadamente no capítulo seguinte. Primeiramente se apresenta um pouco da história desta
celebração, para em seguida refletir sobre os seus fundamentos teológicos,
conforme expressos na Introdução (Praenotanda)
do Ritual (cf. Pontifical Romano, pp.
430-438).
3. A celebração da
dedicação da igreja (pp. 107-228)
Neste terceiro capítulo, o mais longo, o autor analisa cada
passo do ritual da dedicação de igreja (cf.
Pontifical Romano, pp. 439-461), indicando como cada gesto e palavra deste rito
interpela o espaço sagrado e nos fala de sua teologia.
Parte-se, naturalmente, da procissão de entrada, onde se faz
referência à fachada da igreja, à porta e ao átrio. Em seguida, ainda dentro
dos ritos iniciais, reflete-se sobre a bênção da água e a aspersão dos fiéis,
das paredes e do altar, tecendo ao mesmo tempo considerações sobre o lugar dos
sacramentos do Batismo e da Reconciliação. A análise dos ritos iniciais conclui-se
com um estudo sobre a oração do dia ou coleta.
Passamos então à Liturgia da Palavra, onde se estuda o lugar
da sua proclamação, isto é, o ambão. Aqui o autor reflete também sobre as
leituras da celebração, que aprofundam a teologia do templo cristão: Ne
8,1-4a.5-6.8-10; Sl 18; 1Pd 2,4-9; Jo 4,19-24.
A terceira parte trata dos dois elementos centrais do rito
(além da celebração da Eucaristia): a oração de dedicação e as unções, precedidos pela Ladainha dos santos e pela deposição das relíquias
sob o altar. A prece de dedicação é analisada detalhadamente, em
suas duas seções - anamnética e epiclética -, ao passo que ao tratar das unções
se reflete também sobre o sentido do altar e das paredes da igreja.
A reflexão prossegue com os demais ritos simbólicos que se
seguem à unção: a incensação e a iluminação, que também fazem referência tanto
ao altar quanto às paredes da igreja.
Passando à Liturgia Eucarística, que é o momento central da
celebração, o autor analisa mais detalhadamente alguns textos: a
oração sobre as oferendas, o prefácio e a intercessão pelo povo de Deus na
Oração Eucarística.
Por fim, nos ritos de conclusão, após analisar a oração após
a Comunhão, reflete-se sobre a inauguração da capela do Santíssimo Sacramento,
concluindo-se a celebração em seguida com a bênção e a despedida.
Conclusão: Para o
projeto do espaço sagrado (pp.
229-234)
Esta breve conclusão retoma as linhas gerais apresentadas ao
longo da obra, sobretudo nos capítulos 1 e 3. Aqui se resumem as principais
orientações para um projeto do espaço sagrado: para o presbitério, para a nave
e para o átrio.
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