domingo, 23 de fevereiro de 2020

Comemoração de Abraão no Jubileu do ano 2000: Rito

Durante o Grande Jubileu do ano 2000, o Papa João Paulo II desejava realizar uma peregrinação aos lugares associados à história da salvação, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.

Como o Pontífice descreveu na Carta que promulgou sobre este tema, seria uma peregrinação em três etapas: a primeira a Ur dos Caldeus, no atual Iraque, de onde partiu Abraão; a segunda ao Monte Sinai, no Egito; e a terceira à Terra Santa, aos locais associados à vida de Jesus (Nazaré, Belém, Jerusalém).

O Papa realizou a segunda e a terceira etapas desta peregrinação respectivamente nos meses de fevereiro e março do ano 2000. A primeira etapa, porém, não foi possível, devido a conflitos no território do Iraque.

Assim, com o desejo de realizar uma “peregrinação espiritual” seguindo os passos de Abraão, no dia 23 de fevereiro de 2000, véspera de sua viagem ao Egito, o Papa João Paulo II presidiu uma celebração em honra do grande patriarca na sala Paulo VI.

No local foi exposto o ícone da Trindade de Andrej Rublev, que recorda a hospitalidade de Abraão a três anjos, figura da Trindade; alguns carvalhos em recordação ao carvalho de Mambré, onde se deu o encontro; e uma pedra-altar, simbolizando o local do “sacrifício” de Isaac.

A Comemoração de Abraão, “nosso pai na fé”, de caráter ecumênico e inter-religioso, seguiu a estrutura de uma Liturgia da Palavra. Após a procissão de entrada com o Livro dos Evangelhos, o Santo Padre iniciou a celebração com o sinal da cruz, uma invocação trinitária e uma monição introdutória.

Seguiu-se a 1ª leitura, formada por três perícopes do livro do Gênesis: a genealogia de Abraão (Gn 11,27-32), sua vocação (Gn 12,1-9) e a aliança com Deus (Gn 15,1-19). Após a leitura houve alguns momentos de silêncio para meditação, durante os quais foram projetadas imagens de lugares da vida de Abraão.

A 2ª leitura foi também tomada do livro do Gênesis: o “sacrifício” de Isaac (Gn 22,1-18), seguida de um canto interlecional inspirado na Carta aos Hebreus (Hb 11,8-10; 11-12; 17-18), recordando a fé de Abraão.

A Liturgia da Palavra coroou-se com as leituras do Novo Testamento: a 3ª leitura, tomada da Carta aos Romanos (Rm 4,13.16-25), e o Evangelho (Jo 8,51-58), ao qual se seguiu a homilia do Santo Padre.

Após a homilia foi oferecido aos fiéis mais um tempo para a meditação, desta vez com a projeção de representações da vida de Abraão na arte, desde as catacumbas cristãs até a época contemporânea.

A celebração conclui-se com uma oração de louvor à Trindade em várias línguas, acompanhada da oferta do incenso diante do ícone sobre a pedra-altar, a oração do Pai nosso e a bênção do Papa.

Ícone da Trindade exposto na ocasião

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