quinta-feira, 9 de maio de 2024

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio: Jesus Cristo 43

Confira nesta postagem as Catequeses nn. 66-67 do Papa São João Paulo II sobre Jesus Cristo, que integram a seção sobre o sentido e o valor da sua Morte.

Confira também a postagem introdutória desta série, com os links para as demais Catequeses, clicando aqui.

Catequeses do Papa João Paulo II sobre o Creio
CREIO EM JESUS CRISTO

66. A morte de Cristo como acontecimento histórico
João Paulo II - 28 de setembro de 1988

1. Nós professamos a nossa fé na verdade central da missão messiânica de Jesus Cristo: Ele é o Redentor do mundo mediante sua morte na cruz. Professamo-la com as palavras do Símbolo Niceno-Constantinopolitano, segundo o qual Jesus “por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado”. Ao professar esta fé, comemoramos a morte de Cristo também como um evento histórico, que, como a sua vida, nos é dado conhecer por fontes históricas seguras e autorizadas. Baseando-nos nessas fontes podemos e queremos conhecer e compreender também as circunstâncias históricas dessa morte, que cremos ter sido “o preço” da redenção do homem de todos os tempos.

2. Antes de tudo, como se chegou à morte de Jesus de Nazaré? Como se explica o fato de que Ele tenha sido condenado à morte pelos representantes da sua nação, que o entregaram ao “procurador” romano, cujo nome, transmitido pelos Evangelhos, consta também nos Símbolos da fé?

Por ora busquemos colher as circunstâncias que explicam “humanamente” a morte de Jesus. O evangelista Marcos, descrevendo o processo de Jesus diante de Pôncio Pilatos, anota que Ele foi entregue “por inveja” e que Pilatos era consciente desse fato: “Ele sabia que os sumos sacerdotes o haviam entregue por inveja” (Mc 15,10). Perguntemo-nos: por que esta inveja? Podemos encontrar suas raízes no ressentimento, não só pelo que Jesus ensinava, mas pelo modo como fazia. Se, segundo diz Marcos, Ele “ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas” (Mc 1,22), esta circunstância devia mostrá-lo, aos olhos destes últimos, como uma “ameaça” ao seu próprio prestígio.

Cristo condenado por Pilatos (Antonio Ciseri)

3. De fato, sabemos que já o início do ensinamento de Jesus em sua cidade natal leva a um conflito. O Nazareno de trinta anos, com efeito, tomando a palavra na sinagoga, indica a si mesmo como Aquele no qual se cumpre o anúncio do Messias pronunciado por Isaías (cf. Lc 4,16ss). Isso provoca o espanto dos ouvintes e em seguida indignação, de modo que querem lançá-lo do monte “sobre o qual sua cidade estava construída”. Mas Ele, “passando pelo meio deles, continuou o seu caminho” (vv. 29-30).

4. Esse incidente é só o início: é o primeiro sinal das sucessivas hostilidades. Recordemos as principais. Quando Jesus dá a entender que tem o poder de perdoar os pecados, os escribas veem nisto uma blasfêmia porque só Deus tem tal poder (cf. Mc 2,6). Quando Ele realiza milagres em dia de sábado, afirmando que “o Filho do homem é senhor do sábado” (Mt 12,8), a reação é análoga à anterior. Já desde então transparece a intenção de matar Jesus (cf. Mc 3,6): “Procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5, 18). Que outra coisa podiam significar as palavras: “Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão existisse, Eu sou”? (Jo 8,58). Os ouvintes sabiam o que significava aquela denominação: “Eu sou”. Por isso de novo Jesus corre o risco da lapidação. Esta vez, porém, Ele “escondeu-se e saiu do templo” (v. 59).

5. O fato que definitivamente fez precipitar a situação e levou à decisão de matar Jesus foi a ressurreição de Lázaro em Betânia. O Evangelho de João nos dá a conhecer que na seguinte reunião do Sinédrio se constatou: “Este homem faz muitos sinais. Se o deixarmos continuar assim, todos crerão nele, e os romanos virão destruir nosso Lugar Santo e nossa nação” (Jo 11,47-48). Diante dessas previsões e temores, o sumo sacerdote Caifás pronunciou esta sentença: “Não considerais ser melhor para vós que um só morra pelo povo e não pereça a nação inteira?” (v. 50). E o evangelista acrescenta: “Caifás não falou isso por si mesmo, mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus haveria de morrer pela nação, e não só pela nação, mas também para reconduzir à unidade os filhos de Deus dispersos”. E conclui: “A partir desse dia, decidiram matar Jesus” (vv. 51-53).

João nos dá a conhecer desse modo um duplo aspecto do posicionamento de Caifás. Do ponto de vista humano, que mais precisamente se poderia chamar “oportunista”, era uma tentativa de justificar a decisão de eliminar um homem considerado politicamente perigoso, sem preocupar-se com a sua inocência. De um ponto de vista superior, assumido e anotado pelo evangelista, as palavras de Caifás, independentemente das suas intenções, tinham um conteúdo autenticamente profético, referente ao mistério da morte de Cristo segundo o desígnio salvífico de Deus.

6. Aqui consideramos o desenvolvimento humano dos acontecimentos. Naquela reunião do Sinédrio se tomou a decisão de matar Jesus de Nazaré, aproveitando sua presença em Jerusalém durante as festas pascais.

Judas, um dos Doze, traiu Jesus por trinta moedas de prata, indicando o lugar onde poderiam prendê-lo. Uma vez preso, Jesus foi conduzido diante do Sinédrio. À pergunta capital do sumo sacerdote: “Eu te conjuro pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Jesus deu a grande resposta: “Tu o disseste” (Mt 26,63-64; cf. Mc 14,62; Lc 22,70). Nesta declaração o Sinédrio viu uma blasfêmia evidente e sentenciou que Jesus era “réu de morte” (Mc 14,64).

7. O Sinédrio, porém, não podia executar a sentença sem o consenso do procurador romano. Pilatos está pessoalmente convencido de que Jesus é inocente, e o dá a entender várias vezes. Depois de resistir hesitantemente às pressões do Sinédrio, por fim cede por medo de arriscar a desaprovação de César, sobretudo porque a multidão, agitada pelos promotores da eliminação de Jesus, pretende agora a crucificação: “Crucifige eum!” - “Crucifica-o!”. E assim Jesus é condenado à morte mediante a crucificação.

8. Os homens indicados nominalmente pelos Evangelhos, ao menos em parte, são historicamente responsáveis por esta morte. O próprio Jesus o declara quando diz a Pilatos durante o processo: “Quem me entregou a ti tem maior pecado” (Jo 19,11). E em outra passagem: “O Filho do homem se vai, como está escrito a seu respeito. Porém, ai daquele por quem o Filho do homem é entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!” (Mc 14,21; Mt 26,24; Lc 22,22). Jesus alude às várias pessoas que, de diversos modos, serão os artífices de sua morte: Judas, os representantes do Sinédrio, Pilatos, entre outros... Também Simão Pedro, em seu discurso após o Pentecostes, imputará aos chefes do Sinédrio a morte de Jesus: “(...) entregue pelas mãos dos ímpios, vós o matastes, pregando-o numa cruz” (At 2,23).

9. No entanto, não se pode estender essa imputação para além do círculo de pessoas verdadeiramente responsáveis. Lemos em um documento do Concílio Vaticano II: “Ainda que as autoridades dos judeus, com seus seguidores, tenham insistido na morte de Cristo (Jo 19,6), todavia, o que se perpetrou em sua Paixão não pode ser indistintamente imputado a todos os judeus que então viviam, nem (muito menos) aos judeus de hoje” (Declaração Nostra aetate, n. 4).

Quando se trata de avaliar a responsabilidade das consciências, não podemos esquecer as palavras de Cristo na cruz: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Encontramos o eco dessas palavras em outro discurso pronunciado por Pedro após o Pentecostes: “Ora, irmãos, eu sei que agistes por ignorância, assim como vossos chefes” (At 3,17). Que sentido de discrição diante do mistério da consciência humana, mesmo no caso do maior delito cometido na história, a morte de Cristo!

10. Seguindo o exemplo de Jesus e Pedro, embora seja difícil negar a responsabilidade daqueles homens que provocaram voluntariamente a morte de Cristo, também nós veremos as coisas à luz do desígnio eterno de Deus, que pedia a seu Filho amado a oferta de si como vítima pelos pecados de todos os homens. Nesta perspectiva superior nos damos conta de que todos, por causa dos nossos pecados, somos responsáveis pela morte de Cristo na cruz: todos, na medida em que, mediante o pecado contribuímos a que Cristo morresse por nós como vítima de expiação. Também neste sentido podem ser entendidas as palavras de Jesus: “O Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão, mas no terceiro dia ressuscitará” (Mt 17,22).

11. A cruz de Cristo, portanto, é para todos uma recordação realista do fato expresso pelo Apóstolo João com as palavras: “O sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dizemos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos e a verdade não está em nós” (1Jo 1,7-8). A cruz de Cristo não cessa de ser para cada um de nós este chamado, misericordioso e ao mesmo tempo severo, a reconhecer e confessar a própria culpa. É um chamado a viver na verdade.

67. A consciência que Cristo tinha de sua vocação ao sacrifício redentor
João Paulo II - 05 de outubro de 1988

1. “Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado”. Na última Catequese, fazendo referência a estas palavras do Símbolo da fé, consideramos a morte de Cristo como um acontecimento que possui sua dimensão histórica, e que se explica também à luz das circunstâncias históricas nas quais ocorreu. O Símbolo nos dá indicações igualmente a este respeito, fazendo eco aos Evangelhos, onde se encontram dados mais abundantes. Mas o Símbolo destaca também o fato de que a morte de Cristo na cruz ocorreu como sacrifício pelos pecados e, portanto, tornou-se o “preço” da redenção do homem: “Por nós foi crucificado”, “por nós, homens, e para nossa salvação”.

É espontâneo perguntar-se que consciência tinha Jesus desta finalidade da sua missão: quando e como Ele percebeu a vocação a oferecer-se em sacrifício pelos pecados do mundo. A esse respeito, é preciso dizer antes de tudo que não é fácil penetrar na evolução histórica da consciência de Jesus: o Evangelho faz alusão a ela (cf. Lc 2,52), mas sem oferecer dados precisos para determinar as etapas.

Muitos textos evangélicos, citados nas Catequeses anteriores, documentam essa consciência já clara de Jesus sobre a sua missão: uma consciência de tal forma viva que reage com vigor e até mesmo com dureza a quem tentava, inclusive por afeto a Ele, afastá-lo desse caminho, como ocorreu com Pedro, ao qual Jesus não hesitou em opor-lhe seu “Vade retro me, Satana!” - “Vai para longe de mim, Satanás!” (Mc 8,33).

2. Jesus sabe que será batizado com um “batismo” de sangue (cf. Lc 12,50), antes ainda de ver que a sua pregação e o seu comportamento encontram oposição e suscitam a hostilidade dos círculos do seu povo que têm o poder de decidir o seu destino. Ele é consciente de que paira sobre sua cabeça um “oportet” (“deveria”) correspondente ao eterno desígnio do Pai (cf. Mc 8,31), muito antes de que as circunstâncias históricas levem a cumprimento o que está previsto. Jesus sem dúvida se absteve durante um tempo de anunciar sua morte, embora fosse consciente da sua messianidade desde o princípio, como atesta sua apresentação na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,16-21); Ele sabe que a razão de ser da Encarnação, a finalidade da sua vida, é aquela contemplada no eterno desígnio de Deus sobre a salvação. “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45).

3. Nos Evangelhos podemos encontrar outras abundantes provas da consciência de Jesus sobre seu destino futuro, dependente do plano divino da salvação. Já a resposta de Jesus aos doze anos por ocasião do “reencontro” no templo é, de certa forma, a primeira expressão desta sua consciência. O Menino, com efeito, explicando a Maria e a José seu dever de ocupar-se com “aquilo que é de seu Pai” (cf. Lc 2,49), dá a entender que está interiormente orientado aos acontecimentos futuros, enquanto, embora tendo apenas doze anos, parece querer preparar seus seres mais queridos para o porvir, especialmente sua Mãe.

Quando chega o tempo de dar início à atividade messiânica, Jesus se encontra na fila daqueles que recebem o batismo de penitência de João no Jordão. Ele busca fazer entender, apesar do protesto do Batista, que se sente enviado para fazer-se “solidário” com os pecadores, para assumir o jugo dos pecados da humanidade, corno indica, ademais, a apresentação que João faz d’Ele: “Eis o Cordero de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Nestas palavras se encontra o eco e, de certa forma, a síntese do que Isaías havia anunciado sobre o Servo do Senhor, “ferido por causa de nossas iniquidades, esmagado por causa de nossos crimes... O Senhor descarregou sobre ele a iniquidade de todos nós... Como cordeiro que é levado ao matadouro... E o justo, meu servo, há de justificar a muitos, pois ele mesmo carregará os seus pecados” (Is 53,5-7.11). Em dúvida havia sintonia entre a consciência messiânica de Jesus e aquelas palavras do Batista, que expressavam a profecia e a expectativa do Antigo Testamento.

4. Na sequência, os Evangelhos nos apresentam outros momentos e outras palavras, dos quais resulta a orientação da consciência de Jesus para a morte sacrifical. Pensemos naquela imagem dos amigos do “noivo” (ou “esposo”), seus discípulos, que não deviam “jejuar” enquanto o noivo está com eles: “Dias virão, porém, em que o noivo lhes será tirado. Então - prossegue Jesus -, naquele dia, jejuarão” (Mc 2,20). É uma alusão significativa, que deixa transparecer o estado de consciência de Cristo.

Além disso, resulta dos Evangelhos que Jesus nunca aceitou nenhum pensamento ou discurso que pudesse deixar vislumbrar a esperança do êxito terreno da sua obra. Os “sinais” divinos que Ele oferecia, os milagres que realizava, podiam criar um terreno propício para tal expectativa. Mas Jesus não hesitou em desmentir toda intenção e dissipar toda ilusão a respeito, porque sabia que sua missão messiânica não podia realizar-se senão através do sacrifício.

5. Com seus discípulos, Jesus seguia o método de uma oportuna “pedagogia”. Isto se vê de modo particularmente claro no momento em que os Apóstolos pareciam ter chegado à convicção de que Jesus era o verdadeiro Messias (o “Cristo”), convicção expressa naquela exclamação de Simão Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16), que podia ser considerada como o ponto culminante do caminho de amadurecimento dos Doze na já notável experiência adquirida no seguimento de Jesus. E eis que, precisamente após esta confissão (ocorrida próximo a Cesareia de Filipe), Cristo pela primeira vez fala da sua Paixão e Morte: “E começou a ensinar que o Filho do homem deveria sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos escribas, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar” (Mc 8,31; cf. Mt 16,21; Lc 9,22).

6. Também as palavras de severa repreensão dirigidas a Pedro, que não queria aceitar aquilo que ouvia - “Senhor, que isso nunca te aconteça!” (Mt 16,22) -, provam quanto a consciência de Jesus estava identificada com a certeza do futuro sacrifício. O ser Messias para Ele queria dizer “dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Desde o início Jesus sabia que este era o sentido definitivo da sua missão e da sua vida. Por isso rejeitava tudo o que poderia ser ou aparecer como negação desse propósito salvífico. Isso se vislumbra já na hora da tentação, quando Jesus rejeita resolutamente aquele que tenta desviá-lo para a busca de sucessos terrenos (cf. Mt 4,5-10; Lc 4,5-12).

7. Devemos notar, porém, que nos textos citados, quando Jesus anuncia sua Paixão e Morte, faz questão de falar também da Ressurreição que ocorrerá “ao terceiro dia”. É um acréscimo que em nada altera o significado essencial do sacrifício messiânico mediante a morte na cruz, mas que destaca seu significado salvífico e vivificante. Digamos desde já que isso pertence à mais profunda essência da missão de Cristo: o Redentor do mundo é Aquele no qual se deve realizar a “`Páscoa”, isto é, a passagem do homem para uma vida nova em Deus.

8. Neste mesmo espírito Jesus forma os seus Apóstolos e delineia a perspectiva em que deverá mover-se sua futura Igreja. Os Apóstolos, seus sucessores e todos os seguidores de Cristo, nos passos do Mestre crucificado, deverão percorrer o caminho da cruz: “Sereis entregues aos tribunais e castigados nas sinagogas; por minha causa comparecereis diante de governadores e reis, para dar testemunho diante deles” (Mc 13,9); “Então vos entregarão à tribulação e vos matarão. Por causa do meu nome sereis odiados por todas as nações” (Mt 24,9). Mas tanto aos Apóstolos quanto aos seus futuros seguidores, que participarão da Paixão e Morte redentora do seu Senhor, Jesus também anuncia: “Em verdade, em verdade vos digo... vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria” (Jo 16 20). Tanto os Apóstolos como a Igreja são chamados, em todos os tempos, a tomar parte no Mistério Pascal de Cristo em sua totalidade. É um mistério no qual, do sofrimento e da “tristeza” e “aflição” de quem participa no sacrifício da cruz, nasce a “alegria” da vida nova em Deus.

Ícone de Cristo como “Homem das Dores”
Também conhecido como Ícone do “Esposo” ou “Noivo” (Nymphios)

Tradução nossa a partir do texto italiano divulgado no site da Santa Sé (28 de setembro e 05 de outubro de 1988).

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