“Ecclesia de Eucharistia vivit” - “A Igreja vive da Eucaristia”.
Recordando a eleição de São João Paulo II como Bispo de Roma (16 de outubro de 1978) e os 20 anos do início do Ano da Eucaristia (17 de outubro de 2004), uma das últimas iniciativas do Papa polonês, repropomos sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia, promulgada na Quinta-feira Santa de 2003.
Por sua importância e extensão, publicaremos o documento dividido em duas partes. Confira a seguir a Introdução e os Capítulos 1-3 (nn. 1-33):
Papa João Paulo II
Encíclica Ecclesia de Eucharistia
Sobre a Eucaristia na sua relação com a Igreja
Introdução
1. A Igreja vive da Eucaristia [Ecclesia de Eucharistia vivit]. Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: «Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo» (Mt 28,20); mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. Desde o Pentecostes, quando a Igreja, povo da nova aliança, iniciou a sua peregrinação para a pátria celeste, este sacramento divino foi ritmando os seus dias, enchendo-os de consoladora esperança.
O Concílio Vaticano II justamente afirmou que o sacrifício eucarístico é «fonte e centro de toda a vida cristã» (Constituição Dogmática Lumen gentium, n. 11). Com efeito, «na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo» (Decreto Presbyterorum ordinis, n. 5). Por isso, o olhar da Igreja volta-se continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do Altar, onde descobre a plena manifestação do seu imenso amor.
2. Durante o Grande Jubileu do Ano 2000 pude celebrar a Eucaristia no Cenáculo de Jerusalém, onde, segundo a tradição, o próprio Cristo a realizou pela primeira vez. O Cenáculo é o lugar da instituição deste santíssimo sacramento. Foi lá que Jesus tomou nas suas mãos o pão, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, dizendo: «Tomai todos e comei: Isto é o meu Corpo que será entregue por vós» (cf. Mt 26,26; Lc 22,19; 1Cor 11,24). Depois, tomou nas suas mãos o cálice com vinho e disse-lhes: «Tomai todos e bebei: Este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados» (cf. Mc 14,24; Lc 22,20; 1Cor 11,25). Dou graças ao Senhor Jesus por me ter permitido repetir no mesmo lugar, obedecendo ao seu mandato: «Fazei isto em memória de mim» (Lc 22,19), as palavras pronunciadas por Ele há dois mil anos.
Teriam os Apóstolos, que tomaram parte na Última Ceia, entendido o significado das palavras saídas dos lábios de Cristo? Talvez não. Aquelas palavras seriam esclarecidas plenamente só no fim do Triduum Sacrum, ou seja, aquele período de tempo que vai da tarde de Quinta-feira Santa até à manhã do Domingo de Páscoa. Nestes dias, está contido o mysterium paschale; neles está incluído também o mysterium eucharisticum.
3. Do Mistério Pascal nasce a Igreja. Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por excelência do Mistério Pascal, está colocada no centro da vida eclesial. Isto é visível desde as primeiras imagens da Igreja que nos dão os Atos do Apóstolos: «Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fração do pão e às orações» (At 2,42). Na «fração do pão» é evocada a Eucaristia. Dois mil anos depois continuamos a realizar aquela imagem primordial da Igreja. E, ao fazê-lo na Celebração Eucarística, os olhos da alma voltam-se para o Tríduo Pascal: para o que se realizou na noite de Quinta-feira Santa, durante a Última Ceia, e nas horas sucessivas. De fato, a instituição da Eucaristia antecipava sacramentalmente os acontecimentos que teriam lugar pouco depois, a começar da agonia no Getsêmani. Revemos Jesus que sai do Cenáculo, desce com os discípulos, atravessa a torrente do Cedron e chega ao Horto das Oliveiras. Existem ainda hoje naquele lugar algumas oliveiras muito antigas; talvez tenham sido testemunhas do que aconteceu junto delas naquela noite, quando Cristo, em oração, sentiu uma angústia mortal «e o seu suor tornou-se como grossas gotas de sangue, que caíam na terra» (Lc 22,44). O Sangue que, pouco antes, tinha entregue à Igreja como vinho de salvação no sacramento eucarístico, começava a ser derramado; a sua efusão se completaria depois no Gólgota, tornando-se o instrumento da nossa redenção: «Cristo, vindo como Sumo Sacerdote dos bens futuros... entrou uma vez só no Santo dos Santos, não com o sangue dos carneiros ou dos bezerros, mas com o seu próprio sangue, tendo obtido uma redenção eterna» (Hb 9,11-12).
4. A hora da nossa redenção. Embora profundamente turvado, Jesus não foge ao ver chegar a sua «hora»: «E que direi Eu? Pai, salva-me desta hora? Mas por causa disto é que cheguei a esta hora!» (Jo 12,27). Quer que os discípulos lhe façam companhia, mas deve experimentar a solidão e o abandono: «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo. Vigiai e orai para não cairdes em tentação» (Mt 26,40-41). Aos pés da cruz, estará apenas João ao lado de Maria e das piedosas mulheres. A agonia no Getsêmani foi o prelúdio da agonia na cruz de Sexta-feira Santa. A hora santa, a hora da redenção do mundo. Quando se celebra a Eucaristia na Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém, volta-se de modo quase palpável à «hora» de Jesus, a hora da cruz e da glorificação. Até àquele lugar e àquela hora se deixa transportar em espírito cada presbítero ao celebrar a Santa Missa, juntamente com a comunidade cristã que nela participa.
«Foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia». Estes artigos da profissão de fé ecoam nas seguintes palavras de contemplação e proclamação: «Ecce lignum crucis in quo salus mundi pependit. Venite adoremus» - «Eis o madeiro da Cruz, do qual pendeu a salvação do mundo. Vinde adoremos!». É o convite que a Igreja faz a todos na tarde de Sexta-feira Santa. E, quando voltar novamente a cantar já no Tempo Pascal, será para proclamar: «Surrexit Dominus de sepulcro qui pro nobis pependit in ligno. Alleluia» - «Ressuscitou do sepulcro o Senhor que por nós esteve suspenso no madeiro. Aleluia».
5. «Mysterium fidei!» - «Mistério da fé!». Quando o sacerdote pronuncia ou canta estas palavras, os presentes aclamam: «Anunciamos, Senhor, a vossa Morte e proclamamos a vossa Ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!».
Com estas palavras ou outras semelhantes, a Igreja, ao mesmo tempo que apresenta Cristo no mistério da sua Paixão, revela também o seu próprio mistério: Ecclesia de Eucharistia. Se é com o dom do Espírito Santo, no Pentecostes, que a Igreja nasce e se encaminha pelas estradas do mundo, um momento decisivo da sua formação foi certamente a instituição da Eucaristia no Cenáculo. O seu fundamento e a sua fonte é todo o Triduum Paschale, mas este está de certo modo guardado, antecipado e «concentrado» para sempre no dom eucarístico. Neste, Jesus Cristo entregava à Igreja a atualização perene do Mistério Pascal. Com ele, instituía uma misteriosa «contemporaneidade» entre aquele Triduum e todo o arco dos séculos.
Este pensamento suscita em nós sentimentos de grande e reconhecido enlevo. Há, no evento pascal e na Eucaristia que o atualiza ao longo dos séculos, uma «capacidade» realmente imensa, na qual está contida a história inteira, enquanto destinatária da graça da redenção. Este enlevo deve invadir sempre a assembleia eclesial reunida para a Celebração Eucarística; mas, de maneira especial, deve inundar o ministro da Eucaristia, o qual, pela faculdade recebida na Ordenação sacerdotal, realiza a consagração; é ele, com o poder que lhe vem de Cristo, do Cenáculo, que pronuncia: «Isto é o meu Corpo que será entregue por vós»; «Este é o cálice do meu Sangue... que será derramado por vós». O sacerdote pronuncia estas palavras ou, antes, coloca a sua boca e a sua voz à disposição d'Aquele que as pronunciou no Cenáculo e quis que fossem repetidas de geração em geração por todos aqueles que, na Igreja, participam ministerialmente do seu sacerdócio.
6. É este «enlevo» eucarístico que desejo despertar com esta Encíclica, que dá continuidade à herança jubilar que quis entregar à Igreja com a Carta Apostólica Novo millennio ineunte e sua coroação mariana, a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae. Contemplar o rosto de Cristo e contemplá-lo com Maria é o «programa» que propus à Igreja na aurora do terceiro milênio, convidando-a a fazer-se ao largo no mar da história, lançando-se com entusiasmo na nova evangelização. Contemplar Cristo implica saber reconhecê-lo onde quer que Ele se manifeste, com as suas diversas presenças, mas sobretudo no sacramento vivo do seu Corpo e do seu Sangue. A Igreja vive de Jesus eucarístico, é nutrida por Ele, é iluminada por Ele. A Eucaristia é mistério de fé e, ao mesmo tempo, «mistério de luz» (cf. Rosarium Virginis Mariae, n. 21). Sempre que a Igreja a celebra, os fiéis podem de certo modo reviver a experiência dos dois discípulos de Emaús: «Abriram-se os olhos e o reconheceram» (Lc 24,31).
7. Desde quando iniciei o ministério de Sucessor de Pedro, sempre quis contemplar a Quinta-feira Santa, dia da Eucaristia e do Sacerdócio, com um sinal de particular atenção enviando uma carta a todos os sacerdotes do mundo. Neste 25º do meu Pontificado, desejo envolver mais plenamente a Igreja inteira nesta reflexão eucarística para agradecer ao Senhor especialmente pelo dom da Eucaristia e do sacerdócio: «Dom e mistério» [1]. Se, ao proclamar o Ano do Rosário, quis pôr este meu 25º ano sob o sinal da contemplação de Cristo na escola de Maria, não posso deixar passar esta Quinta-feira Santa de 2003 sem me deter diante do «rosto eucarístico» de Jesus, propondo à Igreja, com renovado ardor, a centralidade da Eucaristia. Dela vive a Igreja; nutre-se deste «pão vivo». Por isso senti a necessidade de exortar a todos a experimentá-lo sempre de novo.
8. Quando penso na Eucaristia e olho para a minha vida de sacerdote, de Bispo, de Sucessor de Pedro, espontaneamente ponho-me a recordar tantos momentos e lugares onde tive a dita de celebrá-la. Recordo a igreja paroquial de Niegowić, onde desempenhei o meu primeiro encargo pastoral, a colegiada de São Floriano em Cracóvia, a Catedral de Wawel, a Basílica de São Pedro e tantas basílicas e igrejas de Roma e do mundo inteiro. Pude celebrar a Santa Missa em capelas situadas em caminhos de montanha, nas margens dos lagos, à beira do mar; celebrei-a em altares construídos nos estádios, nas praças das cidades... Este cenário tão variado das minhas Celebrações Eucarísticas faz-me experimentar intensamente o seu caráter universal e, por assim dizer, cósmico. Sim, cósmico! Porque mesmo quando tem lugar no pequeno altar de uma igreja da aldeia, a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo. Une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação. O Filho de Deus se fez homem para, em um supremo ato de louvor, devolver toda a criação Àquele que a fez surgir do nada. Assim, Ele, o sumo e eterno Sacerdote, entrando com o sangue da sua cruz no santuário eterno, devolve ao Criador e Pai toda a criação redimida. Fá-lo através do ministério sacerdotal da Igreja, para glória da Santíssima Trindade. Verdadeiramente este é o mysterium fidei que se realiza na Eucaristia: o mundo saído das mãos de Deus criador volta a Ele redimido por Cristo.
9. A Eucaristia, presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis e seu alimento espiritual, é o que de mais precioso pode ter a Igreja no seu caminho ao longo da história. Assim se explica a cuidadosa atenção que ela sempre reservou ao mistério eucarístico, uma atenção que sobressai com autoridade no magistério dos Concílios e dos Sumos Pontífices. Como não admirar as exposições doutrinais dos decretos sobre a Santíssima Eucaristia e sobre o Santo Sacrifício da Missa promulgados pelo Concílio de Trento? Aquelas páginas guiaram a teologia e a catequese nos séculos sucessivos, permanecendo ainda como ponto de referência dogmático para a incessante renovação e crescimento do povo de Deus na sua fé e amor à Eucaristia. Em tempos mais recentes, há que mencionar três Encíclicas: Mirae caritatis de Leão XIII (28 de maio de 1902), Mediator Dei de Pio XII (20 de novembro de 1947) e Mysterium fidei de Paulo VI (03 de setembro de 1965).
O Concílio Vaticano II, embora não tenha publicado qualquer documento específico sobre o mistério eucarístico, todavia ilustra os seus vários aspectos no conjunto dos documentos, especialmente na Constituição Dogmática sobre a Igreja Lumen gentium e na Constituição sobre a sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium.
Eu mesmo, nos primeiros anos do meu ministério apostólico na Cátedra de Pedro, tive oportunidade de tratar alguns aspectos do mistério eucarístico e da sua incidência na vida daquele que é o seu ministro, com a Carta Dominicae Cenae (24 de fevereiro de 1980). Hoje retomo o fio daquele discurso com o coração transbordante de emoção e gratidão, dando eco às palavras do Salmista: «Que darei eu ao Senhor por todos os seus benefícios? Elevarei o cálice da salvação invocando o nome do Senhor» (Sl 115,12-13).
10. A este esforço de anúncio por parte do Magistério correspondeu um crescimento interior da comunidade cristã. Não há dúvida que a reforma litúrgica do Concílio trouxe grandes vantagens para uma participação mais consciente, ativa e frutuosa dos fiéis no santo sacrifício do altar. Mais ainda, em muitos lugares, é dedicado amplo espaço à adoração do Santíssimo Sacramento, tornando-se fonte inesgotável de santidade. A devota participação dos fiéis na procissão eucarística da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi) é uma graça do Senhor que anualmente enche de alegria quantos nela participam. E mais sinais positivos de fé e de amor eucarísticos se poderiam mencionar.
A par destas luzes, infelizmente não faltam sombras. De fato, há lugares onde se verifica um abandono quase completo do culto de adoração eucarística. Em um contexto eclesial ou outro, existem abusos que contribuem para obscurecer a reta fé e a doutrina católica acerca desse admirável sacramento. Às vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa. Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que assenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio. Aparecem depois, aqui e além, iniciativas ecumênicas que, embora bem intencionadas, levam a práticas na Eucaristia contrárias à disciplina que serve à Igreja para exprimir a sua fé. Como não manifestar profunda mágoa por tudo isso? A Eucaristia é um dom demasiado grande para suportar ambiguidades e reduções.
Espero que esta minha Encíclica possa contribuir eficazmente para dissipar as sombras de doutrinas e práticas não aceitáveis, a fim de que a Eucaristia continue a resplandecer em todo o fulgor do seu mistério.
Capítulo I: Mistério da fé
11. «O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue» (1Cor 11,23), instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo e Sangue. As palavras do Apóstolo Paulo recordam-nos as circunstâncias dramáticas em que nasceu a Eucaristia. Esta tem indelevelmente inscrito nela o evento da Paixão e Morte do Senhor. Não é só a sua evocação, mas presença sacramental. É o sacrifício da cruz que se perpetua através dos séculos [2]. Esta verdade está claramente expressa nas palavras com que o povo, no rito latino, responde à proclamação «Mistério da fé» feita pelo sacerdote: «Anunciamos, Senhor, a vossa Morte...».
A Igreja recebeu a Eucaristia de Cristo seu Senhor, não como um dom, embora precioso, entre muitos outros, mas como o dom por excelência, porque dom d’Ele mesmo, da sua Pessoa na humanidade sagrada, e também da sua obra de salvação. Esta não fica circunscrita no passado, pois «tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente» (Catecismo da Igreja Católica, n. 1085).
Quando a Igreja celebra a Eucaristia, memorial da Morte e Ressurreição do seu Senhor, este acontecimento central de salvação torna-se realmente presente e «realiza-se também a obra da nossa redenção» (Lumen gentium, n. 3). Este sacrifício é tão decisivo para a salvação do gênero humano que Jesus Cristo realizou-o e só voltou ao Pai depois de nos ter deixado o meio para dele participarmos como se tivéssemos estado presentes. Assim, cada fiel pode tomar parte nela, alimentando-se dos seus frutos inexauríveis. Esta é a fé que as gerações cristãs viveram ao longo dos séculos, e que o magistério da Igreja tem continuamente reafirmado com jubilosa gratidão por dom tão inestimável [3]. É esta verdade que desejo recordar mais uma vez, colocando-me convosco, meus queridos irmãos e irmãs, em adoração diante deste Mistério: mistério grande, mistério de misericórdia. Que mais poderia Jesus ter feito por nós? Verdadeiramente, na Eucaristia demonstra-nos um amor levado até ao «extremo» (cf. Jo 13,1), um amor sem medida.
12. Este aspecto de caridade universal do sacramento eucarístico está fundado nas próprias palavras do Salvador. Ao instituí-lo, não se limitou a dizer «isto é o meu Corpo», «isto é o meu Sangue», mas acrescenta: «entregue por vós... derramado por vós» (Lc 22,19-20). Não se limitou a afirmar que o que lhes dava a comer e a beber era o seu Corpo e o seu Sangue, mas exprimiu também o seu valor sacrificial, tornando sacramentalmente presente o seu sacrifício, que algumas horas depois realizaria na cruz pela salvação de todos. «A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do Corpo e Sangue do Senhor» (Catecismo da Igreja Católica, n. 1382).
A Igreja vive continuamente do sacrifício redentor, e tem acesso a ele não só através de uma lembrança cheia de fé, mas também com um contato atual, porque este sacrifício volta a estar presente, perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o oferece pela mão do ministro consagrado. Deste modo, a Eucaristia aplica aos homens de hoje a reconciliação obtida de uma vez para sempre por Cristo para humanidade de todos os tempos. Com efeito, «o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício» (ibid., n. 1367.). Já o afirmava em palavras expressivas São João Crisóstomo: «Nós oferecemos sempre o mesmo Cordeiro, e não um hoje e amanhã outro, mas sempre o mesmo. Por este motivo, o sacrifício é sempre um só... Também agora estamos a oferecer a mesma vítima que então foi oferecida e que jamais se exaurirá» (Homilias sobre a Carta aos Hebreus 17, 3).
A Missa torna presente o sacrifício da cruz; não é mais um, nem o multiplica [4]. O que se repete é a celebração memorial, a «exposição memorial», «memorialis demonstratio» (cf. Mediator Dei), de modo que o único e definitivo sacrifício redentor de Cristo se atualiza incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrificial do mistério eucarístico não pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referência apenas indireta ao sacrifício do Calvário.
13. Em virtude da sua íntima relação com o sacrifício do Gólgota, a Eucaristia é sacrifício em sentido próprio, e não apenas em sentido genérico como se se tratasse simplesmente da oferta de Cristo aos fiéis para seu alimento espiritual. Com efeito, o dom do seu amor e da sua obediência até ao extremo de dar a vida (cf. Jo 10,17-18) é em primeiro lugar um dom a seu Pai. Certamente, é um dom em nosso favor, antes em favor de toda a humanidade (cf. Mt 26,28; Mc 14,24; Lc 22,20; Jo 10,15), mas primariamente um dom ao Pai: «Sacrifício que o Pai aceitou, retribuindo esta doação total de seu Filho, que se fez “obediente até à morte” (Fl 2,8), com a sua doação paterna, ou seja, com o dom da nova vida imortal na ressurreição» (João Paulo II, Encíclica Redemptor hominis, n. 20).
Ao entregar à Igreja o seu sacrifício, Cristo quis também assumir o sacrifício espiritual da Igreja, chamada por sua vez a oferecer-se a si mesma juntamente com o sacrifício de Cristo. Assim no-lo ensina o Concílio Vaticano II: «Pela participação no sacrifício eucarístico de Cristo, fonte e centro de toda a vida cristã, [os fiéis] oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos juntamente com ela» (Lumen gentium, n. 11).
14. A Páscoa de Cristo inclui, juntamente com a Paixão e Morte, a sua Ressurreição. Assim o lembra a aclamação da assembleia depois da consagração: «Proclamamos a vossa Ressurreição». Com efeito, o sacrifício eucarístico torna presente não só o mistério da Paixão e Morte do Salvador, mas também o mistério da Ressurreição, que dá ao sacrifício a sua coroação. Por estar vivo e ressuscitado é que Cristo pode se tornar «pão da vida» (Jo 6,35.48), «pão vivo» (v. 51), na Eucaristia. Santo Ambrósio lembrava aos neófitos esta verdade, aplicando às suas vidas o acontecimento da Ressurreição: «Se hoje Cristo é teu, Ele ressuscita para ti cada dia» (De Sacramentis V, 4, 26). Por sua vez, São Cirilo de Alexandria sublinhava que a participação nos santos mistérios «é uma verdadeira confissão e recordação de que o Senhor morreu e voltou à vida por nós e em nosso favor» (Comentário ao Evangelho de João XII, 20).
15. A reprodução sacramental na Santa Missa do sacrifício de Cristo coroado pela sua Ressurreição implica uma presença muito especial, que - para usar palavras de Paulo VI - «chama-se “real”, não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem “reais”, mas por excelência, porque é substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem» (Encíclica Mysterium fidei). Reafirma-se assim a doutrina sempre válida do Concílio de Trento: «Pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo, nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; a esta mudança a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação» (Sessão XIII, Decreto sobre o sacramento da Eucaristia, cap. 4: Denzinger, n. 1642). Verdadeiramente a Eucaristia é mysterium fidei, mistério que supera os nossos pensamentos e só pode ser aceito pela fé, como lembram frequentemente as catequeses patrísticas sobre este sacramento divino. «Não hás de ver - exorta São Cirilo de Jerusalém - o pão e o vinho [consagrados] simplesmente como elementos naturais, porque o Senhor disse expressamente que são o seu Corpo e o seu Sangue: a fé te assegura, ainda que os sentidos possam sugerir-te outra coisa» (Catequeses mistagógicas IV, 6).
«Adoro te devote, latens Deitas»: continuaremos a cantar com Santo Tomás, o Doutor Angélico. Diante deste mistério de amor, a razão humana experimenta toda a sua limitação. Compreende-se como, ao longo dos séculos, esta verdade tenha estimulado a teologia a árduos esforços de compreensão.
São esforços louváveis, tanto mais úteis e incisivos se capazes de conjugarem o exercício crítico do pensamento com a «vida de fé» da Igreja, individuada especialmente «no carisma da verdade» do Magistério e na «íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais» (Constituição Dogmática Dei Verbum, n. 8) sobretudo os Santos. Permanece o limite apontado por Paulo VI: «Toda a explicação teológica que queira penetrar de algum modo neste mistério, para estar de acordo com a fé católica deve assegurar que na sua realidade objetiva, independentemente do nosso entendimento, o pão e o vinho deixaram de existir depois da consagração, de modo que a partir desse momento são o Corpo e o Sangue adoráveis do Senhor Jesus que estão realmente presentes diante de nós sob as espécies sacramentais do pão e do vinho» (Credo do Povo de Deus, 25).
16. A eficácia salvífica do sacrifício realiza-se plenamente na Comunhão, ao recebermos o Corpo e o Sangue do Senhor. O sacrifício eucarístico está particularmente orientado para a união íntima dos fiéis com Cristo através da comunhão: recebemos a Ele mesmo que se ofereceu por nós, o seu Corpo entregue por nós na cruz, o seu Sangue «derramado por muitos, para a remissão dos pecados» (Mt 26,28). Recordemos as suas palavras: «Assim como o Pai, que vive, me enviou e Eu vivo pelo Pai, assim também o que me come viverá por mim» (Jo 6,57). O próprio Jesus nos assegura que tal união, afirmada por Ele em analogia com a união da vida trinitária, se realiza verdadeiramente. A Eucaristia é verdadeiro banquete, onde Cristo se oferece como alimento. A primeira vez que Jesus anunciou este alimento, os ouvintes ficaram perplexos e desorientados, obrigando o Mestre a insistir na dimensão real das suas palavras: «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós» (Jo 6,53). Não se trata de alimento em sentido metafórico, mas «a minha carne é, em verdade, uma comida, e o meu sangue é, em verdade, uma bebida» (v. 55).
17. Através da Comunhão do seu Corpo e Sangue, Cristo comunica-nos também o seu Espírito. Escreve Santo Efrém: «Chamou o pão seu corpo vivo, encheu-o de si mesmo e do seu Espírito... E aquele que o come com fé, come Fogo e Espírito... Tomai e comei-o todos; e, com ele, comei o Espírito Santo. De fato, é verdadeiramente o meu corpo, e quem o come viverá eternamente» (Homilia IV para a Semana Santa). A Igreja pede este Dom divino, raiz de todos os outros dons, na epiclese eucarística. Assim reza, por exemplo, a Anáfora da Divina Liturgia de São João Crisóstomo: «Nós vos invocamos, pedimos e suplicamos: enviai o vosso Santo Espírito sobre todos nós e sobre estes dons... para que sirvam a quantos deles participarem de purificação da alma, remissão dos pecados, comunicação do Espírito Santo». E, no Missal Romano, o celebrante suplica: «Fazei que, alimentando-nos do Corpo e Sangue do vosso Filho, cheios do seu Espírito Santo, sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito» (Oração Eucarística III). Assim, pelo dom do seu Corpo e Sangue, Cristo aumenta em nós o dom do seu Espírito, já infundido no Batismo e recebido como «selo» no sacramento da Confirmação.
18. A aclamação do povo depois da consagração termina com as palavras «Vinde, Senhor Jesus», justamente exprimindo a tensão escatológica que caracteriza a Celebração Eucarística (cf. 1Cor 11,26). A Eucaristia é tensão para a meta, antegozo da alegria plena prometida por Cristo (cf. Jo 15,11); de certa forma, é antecipação do Paraíso, «penhor da glória futura» (II Vésperas da Solenidade de Corpus Christi, antífona do Magnificat). A Eucaristia é celebrada na ardente expectativa de Alguém, ou seja, «enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus Cristo nosso Salvador» (Missal Romano, embolismo depois do Pai nosso). Quem se alimenta de Cristo na Eucaristia não precisa esperar o Além para receber a vida eterna: já a possui na terra, como primícias da plenitude futura, que envolverá o homem na sua totalidade. De fato, na Eucaristia recebemos a garantia também da ressurreição do corpo no fim do mundo: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último dia» (Jo 6,54). Esta garantia da ressurreição futura deriva do fato de a carne do Filho do Homem, dada em alimento, ser o seu corpo no estado glorioso de ressuscitado. Pela Eucaristia, assimila-se, por assim dizer, o «segredo» da ressurreição. Por isso, Santo Inácio de Antioquia justamente definia o Pão eucarístico como «remédio de imortalidade, antídoto para não morrer» (Carta aos Efésios, 20).
19. A tensão escatológica suscitada pela Eucaristia exprime e consolida a comunhão com a Igreja celeste. Não é por acaso que, nas Anáforas orientais e nas Orações Eucarísticas latinas, se lembra com veneração Maria sempre Virgem, Mãe do nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, os anjos, os santos Apóstolos, os gloriosos Mártires e todos os Santos. Trata-se de um aspecto da Eucaristia que merece ser assinalado: ao celebrarmos o sacrifício do Cordeiro unimo-nos à Liturgia celeste, associando-nos àquela multidão imensa que grita: «A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro» (Ap 7,10). A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho.
20. Consequência significativa da tensão escatológica presente na Eucaristia é o estímulo que dá à nossa caminhada na história, lançando uma semente de ativa esperança na dedicação diária de cada um aos seus próprios deveres. De fato, se a visão cristã leva a olhar para o «novo céu» e a «nova terra» (Ap 21,1), isso não enfraquece, antes estimula o nosso sentido de responsabilidade pela terra presente (Constituição Pastoral Gaudium et spes, n. 39). Desejo reafirmá-lo com vigor ao início do novo milênio, para que os cristãos se sintam ainda mais decididos a não descurar os seus deveres de cidadãos terrenos. Têm o dever de contribuir com a luz do Evangelho para a edificação de um mundo à medida do homem e plenamente conforme ao desígnio de Deus.
Muitos são os problemas que obscurecem o horizonte do nosso tempo. Basta pensar como é urgente trabalhar pela paz, colocar sólidas premissas de justiça e solidariedade nas relações entre os povos, defender a vida humana desde a concepção até o seu término natural. E também que dizer das mil contradições de um mundo «globalizado», onde parece que os mais débeis, os mais pequenos e os mais pobres pouco podem esperar? É neste mundo que tem de brilhar a esperança cristã! Foi também para isto que o Senhor quis ficar conosco na Eucaristia, inserindo nesta sua presença sacrificial e comensal a promessa de uma humanidade renovada pelo seu amor. É significativo que, no lugar onde os Sinóticos narram a instituição da Eucaristia, o Evangelho de João proponha, ilustrando assim o seu profundo significado, a narração do «lava-pés», gesto este que faz de Jesus mestre de comunhão e de serviço (cf. Jo 13,1-20). O Apóstolo Paulo, por sua vez, qualifica como «indigna» de uma comunidade cristã a participação na Ceia do Senhor que se verifique em um contexto de discórdia e de indiferença pelos pobres (cf. 1Cor 11,17-22.27-34) [5].
Anunciar a Morte do Senhor «até que Ele venha» (1Cor 11,26) inclui, para os que participam na Eucaristia, o compromisso de transformarem a vida, de tal forma que esta se torne, de certo modo, toda «eucarística». São precisamente este fruto de transfiguração da existência e o empenho de transformar o mundo segundo o Evangelho que fazem brilhar a tensão escatológica da Celebração Eucarística e de toda a vida cristã: «Vinde, Senhor Jesus!» (cf. Ap 22,20).
Capítulo II: A Eucaristia edifica a Igreja
21. O Concílio Vaticano II veio recordar que a Celebração Eucarística está no centro do processo de crescimento da Igreja. De fato, depois de afirmar que «a Igreja, ou seja, o Reino de Cristo já presente em mistério, cresce visivelmente no mundo pelo poder de Deus» (Lumen gentium, n. 3), querendo de alguma forma responder à questão sobre o modo como cresce, acrescenta: «Sempre que no altar se celebra o sacrifício da cruz, no qual “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1Cor 5,7), realiza-se também a obra da nossa redenção. Pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em Cristo (cf. 1Cor 10,17)».
Existe um influxo causal da Eucaristia nas próprias origens da Igreja. Os evangelistas especificam que foram os Doze, os Apóstolos, que estiveram reunidos com Jesus na Última Ceia (cf. Mt 26,20; Mc 14,17; Lc 22,14). Trata-se de um detalhe de notável importância, porque os Apóstolos «foram a semente do novo Israel e ao mesmo tempo a origem da sagrada Hierarquia» (Decreto Ad gentes, n. 5). Ao oferecer-lhes o seu Corpo e Sangue como alimento, Cristo envolvia-os misteriosamente no sacrifício que iria consumar-se dentro de poucas horas no Calvário. De modo análogo à aliança do Sinai, que foi selada com um sacrifício e a aspersão do sangue [6], os gestos e as palavras de Jesus na Última Ceia lançavam os alicerces da nova comunidade messiânica, povo da nova aliança.
No Cenáculo, tendo aceito o convite de Jesus: «Tomai, comei... Bebei dele todos» (Mt 26,26.27), os Apóstolos entraram pela primeira vez em comunhão sacramental com Ele. Desde então e até ao fim dos séculos, a Igreja edifica-se através da comunhão sacramental com o Filho de Deus imolado por nós: «Fazei isto em memória de mim... Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em minha memória» (1Cor 11,24-25; cf. Lc 22,19).
22. A incorporação em Cristo, realizada pelo Batismo, renova-se e consolida-se continuamente através da participação no sacrifício eucarístico, sobretudo na sua forma plena que é a comunhão sacramental. Podemos dizer não só que cada um de nós recebe Cristo, mas também que Cristo recebe cada um de nós. Ele intensifica a sua amizade conosco: «Chamei-vos amigos» (Jo 15,14). Mais ainda, nós vivemos por Ele: «O que me come viverá por mim» (Jo 6,57). Na Comunhão eucarística, realiza-se de modo sublime a inabitação mútua de Cristo e do discípulo: «Permanecei em mim e Eu permanecerei em vós» (Jo 15,4).
Unindo-se a Cristo, o povo da nova aliança não se fecha em si mesmo; pelo contrário, torna-se «sacramento» para a humanidade (Lumen gentium, n. 1), sinal e instrumento da salvação realizada por Cristo, luz do mundo e sal da terra (cf. Mt 5,13-16) para a redenção de todos (cf. ibid., n. 9). A missão da Igreja está em continuidade com a de Cristo: «Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio» (Jo 20,21). Por isso, a Igreja tira a força espiritual de que necessita para levar a cabo a sua missão da perpetuação do sacrifício da cruz na Eucaristia e da Comunhão do Corpo e Sangue de Cristo. Deste modo, a Eucaristia apresenta-se como fonte e simultaneamente ápice de toda a evangelização, porque o seu fim é a comunhão dos homens com Cristo e, n’Ele, com o Pai e com o Espírito Santo [7].
23. Pela Comunhão eucarística, a Igreja é consolidada igualmente na sua unidade de Corpo de Cristo. A este efeito unificador que tem a participação no banquete eucarístico, alude São Paulo quando diz aos coríntios: «O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão» (1Cor 10,16-17). Concreto e profundo, São João Crisóstomo comenta: «Com efeito, o que é o pão? É o corpo de Cristo. E em que se transformam aqueles que o recebem? No corpo de Cristo; não muitos corpos, mas um só corpo. De fato, tal como o pão é um só apesar de constituído por muitos grãos, e estes, embora não se vejam, todavia estão no pão, de tal modo que a sua diferença desapareceu devido à sua perfeita e recíproca fusão, assim também nós estamos unidos reciprocamente entre nós e, todos juntos, com Cristo» (Homilias sobre a Primeira Carta aos Coríntios 24, 2; cf. Didaché IX, 4; São Cipriano, Epistula LXIII, 13). A argumentação é linear: a nossa união com Cristo, que é dom e graça para cada um, faz com que n’Ele sejamos parte também do seu Corpo total que é a Igreja. A Eucaristia consolida a incorporação em Cristo operada no Batismo pelo dom do Espírito (cf. 1Cor 12,13.27).
A ação conjunta e indivisível do Filho e do Espírito Santo, que está na origem da Igreja, tanto da sua constituição como da sua continuidade, opera na Eucaristia. Bem ciente disto, o autor da Liturgia de São Tiago, na epiclese da Anáfora, pede a Deus Pai que envie o Espírito Santo sobre os fiéis e sobre os dons, para que o Corpo e o Sangue de Cristo «sirvam a todos os que deles participarem... de santificação para as almas e os corpos». A Igreja é fortalecida pelo Paráclito divino através da santificação eucarística dos fiéis.
24. O dom de Cristo e do seu Espírito, que recebemos na comunhão eucarística, realiza plena e superabundantemente os anseios de unidade fraterna que vivem no coração humano e ao mesmo tempo eleva esta experiência de fraternidade, que é a participação comum na mesma mesa eucarística, a níveis que estão muito acima da mera experiência de um banquete humano. Pela Comunhão do corpo de Cristo, a Igreja consegue cada vez mais profundamente ser, «em Cristo, como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano» (Lumen gentium, n. 1).
Aos germes de desagregação tão enraizados na humanidade por causa do pecado, como demonstra a experiência quotidiana, contrapõe-se a força geradora de unidade do Corpo de Cristo. A Eucaristia, construindo a Igreja, cria por isso mesmo comunidade entre os homens.
25. O culto prestado à Eucaristia fora da Missa é de um valor inestimável na vida da Igreja, e está ligado intimamente com a celebração do sacrifício eucarístico. A presença de Cristo nas hóstias consagradas que se conservam após a Missa - presença essa que perdura enquanto subsistirem as espécies do pão do vinho (cf. Concílio de Trento, Sessão XIII, Decreto sobre o sacramento da Eucaristia, cân. 4: Denzinger, n. 1654) - resulta da celebração da Eucaristia e destina-se à comunhão, sacramental e espiritual (cf. Ritual Romano: Sagrada Comunhão e Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa, n. 80). Compete aos Pastores, inclusive pelo testemunho pessoal, estimular o culto eucarístico, de modo particular as exposições do Santíssimo Sacramento e também as visitas de adoração a Cristo presente sob as espécies eucarísticas (cf. ibid., nn. 86-90).
É bom demorar-se com Ele e, inclinado sobre o seu peito como o discípulo amado (cf. Jo 13,25), deixar-se tocar pelo amor infinito do seu coração. Se atualmente o Cristianismo deve se caracterizar sobretudo pela «arte da oração» (Novo millennio ineunte, n. 32), como não sentir de novo a necessidade de permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento? Quantas vezes, meus queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência, recebendo dela força, consolação, apoio!
Desta prática, muitas vezes louvada e recomendada pelo Magistério [8], deram-nos o exemplo numerosos Santos. De modo particular, distinguiu-se nisto Santo Afonso Maria de Ligório, que escrevia: «A devoção de adorar Jesus sacramentado é, depois dos sacramentos, a primeira de todas as devoções, a mais agradável a Deus e a mais útil para nós» [9]. A Eucaristia é um tesouro inestimável: não só a sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da Missa permite-nos beber na própria fonte da graça. Uma comunidade cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo, segundo o espírito que sugeri nas Cartas Apostólicas Novo millennio ineunte e Rosarium Virginis Mariae, não pode deixar de desenvolver também este aspecto do culto eucarístico, no qual perduram e se multiplicam os frutos da Comunhão do Corpo e Sangue do Senhor.
Capítulo III: A apostolicidade da Eucaristia e da Igreja
26. Se a Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia, como antes recordei, consequentemente há entre ambas uma conexão estreitíssima, podendo nós aplicar ao mistério eucarístico os atributos que dizemos da Igreja quando professamos, no Símbolo Niceno-Constantinopolitano, que é «una, santa, católica e apostólica». Também a Eucaristia é una e católica; e é santa, antes, é o Santíssimo Sacramento. Mas é principalmente sobre a sua apostolicidade que agora queremos concentrar a nossa atenção.
27. Quando o Catecismo da Igreja Católica explica em que sentido a Igreja se diz apostólica, ou seja, fundada sobre os Apóstolos, individua na expressão um tríplice sentido. O primeiro significa que a Igreja «foi e continua a ser construída sobre o “alicerce dos Apóstolos” (Ef 2,20), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo» (n. 857). Ora, no caso da Eucaristia, os Apóstolos também estão na sua base: naturalmente o sacramento remonta ao próprio Cristo, mas foi confiado por Jesus aos Apóstolos e depois transmitido por eles e seus sucessores até nós. É em continuidade com a ação dos Apóstolos e obedecendo ao mandato do Senhor que a Igreja celebra a Eucaristia ao longo dos séculos.
O segundo sentido que o Catecismo indica para a apostolicidade da Igreja é este: ela «guarda e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, a doutrina, o bom depósito, as sãs palavras recebidas dos Apóstolos» (ibid.). Também neste sentido a Eucaristia é apostólica, porque é celebrada de acordo com a fé dos Apóstolos. Diversas vezes na história bimilenária do povo da nova aliança o Magistério eclesial especificou a doutrina eucarística, nomeadamente quanto à sua exata terminologia, precisamente para salvaguardar a fé apostólica neste excelso mistério. Esta fé permanece imutável, e é essencial para a Igreja que assim continue.
28. Por último, a Igreja é apostólica enquanto «continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos até ao regresso de Cristo, graças àqueles que lhes sucedem no ofício pastoral: o Colégio dos Bispos, assistido pelos presbíteros, em união com o Sucessor de Pedro, Pastor supremo da Igreja» (ibid.). Para suceder aos Apóstolos na missão pastoral é necessário o sacramento da Ordem, graças a uma série ininterrupta, desde as origens, de Ordenações episcopais válidas (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Carta Sacerdotium ministeriale III, 2). Esta sucessão é essencial para que exista a Igreja em sentido próprio e pleno.
A Eucaristia apresenta também este sentido da apostolicidade. De fato, como ensina o Concílio Vaticano II, «os fiéis por sua parte concorrem para a oblação da Eucaristia, em virtude do seu sacerdócio real», mas é o sacerdote ministerial que «realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de todo o povo» (Lumen gentium, n. 10). Por isso se prescreve no Missal Romano que seja unicamente o sacerdote a recitar a Oração Eucarística, enquanto o povo se lhe associa com fé e em silêncio (cf. Instrução Geral do Missal Romano, 3ª edição, n. 147).
29. A afirmação feita várias vezes no Concílio Vaticano II de que «o sacerdote ministerial realiza o sacrifício eucarístico fazendo as vezes de Cristo (in persona Christi)» (Lumen gentium, nn. 10.28; Presbyterorum ordinis, n. 2), estava já bem radicada no Magistério pontifício [10]. Como já tive oportunidade de esclarecer em outras ocasiões, a expressão in persona Christi «quer dizer algo mais do que “em nome”, ou então “nas vezes” de Cristo. In persona, isto é, na específica e sacramental identificação com o Sumo e Eterno Sacerdote, que é o Autor e o principal Sujeito deste seu próprio sacrifício, no que verdadeiramente não pode ser substituído por ninguém» (Carta Dominicae Cenae, n. 8). Na economia de salvação escolhida por Cristo, o ministério dos sacerdotes que receberam o sacramento da Ordem manifesta que a Eucaristia por eles celebrada é um dom que supera radicalmente o poder da assembleia e, em todo o caso, é insubstituível para ligar validamente a consagração eucarística ao sacrifício da cruz e à Última Ceia.
A assembleia que se reúne para a celebração da Eucaristia necessita absolutamente de um sacerdote ordenado que a ela presida para poder ser verdadeiramente uma assembleia eucarística. Por outro lado, a comunidade não é capaz de dotar-se por si só do ministro ordenado. Este é um dom que ela recebe através da sucessão episcopal que remonta aos Apóstolos. É o Bispo que constitui, pelo sacramento da Ordem, um novo presbítero, conferindo-lhe o poder de consagrar a Eucaristia. Por isso, «o mistério eucarístico não pode ser celebrado em nenhuma comunidade a não ser por um sacerdote ordenado, como ensinou expressamente o IV Concílio Lateranense» [11].
30. Tanto esta doutrina da Igreja Católica sobre o ministério sacerdotal na sua relação com a Eucaristia, como a referente ao sacrifício eucarístico foram, nos últimos decênios, objeto de profícuo diálogo no âmbito da ação ecumênica. Devemos dar graças à Santíssima Trindade pelos significativos progressos e aproximações que se verificaram e que nos ajudam a esperar um futuro de plena partilha da fé. Permanece plenamente válida ainda a observação feita pelo Concílio Vaticano II acerca das Comunidades eclesiais surgidas no Ocidente depois do século XVI e separadas da Igreja Católica: «Embora falte às Comunidades eclesiais separadas a unidade plena conosco proveniente do Batismo, e embora creiamos que elas não tenham conservado a genuína e íntegra substância do mistério eucarístico, sobretudo por causa da falta do sacramento da Ordem, contudo, quando na santa Ceia comemoram a Morte e a Ressurreição do Senhor, elas confessam ser significada a vida na comunhão de Cristo e esperam o seu glorioso advento» (Decreto Unitatis redintegratio, n. 22).
Por isso, os fiéis católicos, embora respeitando as convicções religiosas destes seus irmãos separados, devem abster-se de participar na comunhão distribuída nas suas celebrações, para não dar o seu aval a ambiguidades sobre a natureza da Eucaristia e, consequentemente, faltar à sua obrigação de testemunhar com clareza a verdade. Isso acabaria por atrasar o caminho para a plena unidade visível. De igual modo, não se pode pensar em substituir a Missa do domingo por celebrações ecumênicas da Palavra, encontros de oração comum com cristãos pertencentes às referidas Comunidades eclesiais, ou pela participação no seu serviço litúrgico. Tais celebrações e encontros, em si mesmos louváveis quando em circunstâncias oportunas, preparam para a almejada comunhão plena incluindo a Comunhão eucarística, mas não podem substituí-la.
Além disso, o fato de o poder de consagrar a Eucaristia ter sido confiado apenas aos Bispos e aos presbíteros não constitui qualquer rebaixamento para o resto do povo de Deus, já que na comunhão do único corpo de Cristo, que é a Igreja, este dom resulta em benefício de todos.
31. Se a Eucaristia é centro e ápice da vida da Igreja, o é igualmente do ministério sacerdotal. Por isso, com espírito repleto de gratidão a Jesus Cristo, nosso Senhor, volto a afirmar que a Eucaristia «é a principal e central razão de ser do sacramento do Sacerdócio, que nasceu efetivamente no momento da instituição da Eucaristia e juntamente com ela» (Carta Dominicae Cenae, n. 2).
Muitas são as atividades pastorais do presbítero. Se depois pensamos nas condições socioculturais do mundo atual, é fácil ver como grava sobre ele o perigo da dispersão pelo grande número e diversidade de tarefas. O Concílio Vaticano II individuou como vínculo, que dá unidade à sua vida e às suas atividades, a caridade pastoral. Esta, acrescenta o Concílio, «flui sobretudo do sacrifício eucarístico, que permanece o centro e a raiz de toda a vida do presbítero» (Decreto Presbyterorum ordinis, n. 14). Compreende-se assim quão importante seja para a sua vida espiritual, e depois para o bem da Igreja e do mundo, que o sacerdote ponha em prática a recomendação conciliar de celebrar diariamente a Eucaristia, «porque, mesmo que não possa ter a presença dos fiéis, é ato de Cristo e da Igreja» (ibid., n. 13; Código de Direito Canônico, cân. 904; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, cân. 378). Deste modo, ele será capaz de vencer toda a dispersão ao longo do dia, encontrando no sacrifício eucarístico, verdadeiro centro da sua vida e do seu ministério, a energia espiritual necessária para enfrentar as diversas tarefas pastorais. Assim, os seus dias se tornarão verdadeiramente eucarísticos.
Da centralidade da Eucaristia na vida e no ministério dos sacerdotes deriva também a sua centralidade na pastoral em prol das vocações sacerdotais. Primeiro, porque a oração pelas vocações encontra nela o lugar de maior união com a oração de Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote; e depois porque a solícita atenção dos sacerdotes pelo ministério eucarístico, juntamente com a promoção da participação consciente, ativa e frutuosa dos fiéis na Eucaristia, constituem exemplo eficaz e estímulo para uma resposta generosa dos jovens ao apelo de Deus. Com frequência, Ele serve-se do exemplo de zelosa caridade pastoral de um sacerdote para semear e fazer crescer no coração do jovem o germe da vocação ao sacerdócio.
32. Tudo isto comprova como é triste e anômala a situação de uma comunidade cristã que, embora se apresente quanto a número e variedade de fiéis como uma paróquia, todavia não tem um sacerdote que a guie. De fato, a paróquia é uma comunidade de batizados que exprime e afirma a sua identidade, sobretudo através da celebração do sacrifício eucarístico; mas isto requer a presença de um presbítero, o único a quem compete oferecer a Eucaristia in persona Christi. Quando uma comunidade está privada do sacerdote, procura-se justamente remediar para que de algum modo continuem as celebrações dominicais; e os religiosos ou os leigos que guiam os seus irmãos e irmãs na oração exercem de modo louvável o sacerdócio comum de todos os fiéis, baseado na graça do Batismo. Mas tais soluções devem ser consideradas provisórias, enquanto a comunidade espera um sacerdote.
A deficiência sacramental destas celebrações deve, antes de tudo, levar toda a comunidade a rezar mais fervorosamente ao Senhor para que envie trabalhadores para a sua messe (cf. Mt 9,38); e estimulá-la a pôr em prática todos os demais elementos constitutivos de uma adequada pastoral vocacional, sem ceder à tentação de procurar soluções que passem pela atenuação das qualidades morais e formativas requeridas nos candidatos ao sacerdócio.
33. Quando, devido à escassez de sacerdotes, foi confiada a fiéis não ordenados uma participação no cuidado pastoral de uma paróquia, eles tenham presente que, como ensina o Concílio Vaticano II, «nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na Celebração Eucarística» (Presbyterorum ordinis, n. 6). Portanto, hão de pôr todo o cuidado em manter viva na comunidade uma verdadeira «fome» da Eucaristia, que leve a não perder qualquer ocasião de ter a celebração da Missa, valendo-se nomeadamente da presença eventual de um sacerdote não impedido pelo direito da Igreja de celebrá-la.
Notas
[1] Assim quis intitular um testemunho autobiográfico que escrevi por ocasião das Bodas de Ouro do meu sacerdócio.
[2] cf. Sacrosanctum Concilium, n. 47: «O nosso Salvador instituiu... o sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o sacrifício da cruz».
[3] cf. Paulo VI, Credo do Povo de Deus (30 de junho de 1968), 24; João Paulo II, Carta Dominicae Cenae (24 de fevereiro de 1980), n. 12.
[4] «Trata-se realmente de uma única e mesma vítima, que o próprio Jesus oferece pelo ministério dos sacerdotes, Ele que um dia se ofereceu a si mesmo na cruz; somente o modo de oferecer-se é que é diverso» (Concílio de Trento, Sessão XXII, Doutrina sobre o sacrifício da Missa, cap. 2: Denzinger, n. 1743).
[5] «Queres honrar o Corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem o honres aqui no templo com vestes de seda, enquanto lá fora o abandonas ao frio e à nudez. Aquele que disse: “Isto é o meu Corpo” (...) também afirmou: “Vistes-me com fome e não me destes de comer”, e ainda: “Na medida em que o recusastes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o recusastes”. (...) De que serviria, afinal, adornar a mesa de Cristo com vasos de ouro, se Ele morre de fome na pessoa dos pobres? Primeiro dá de comer a quem tem fome, e depois ornamenta a sua mesa com o que sobra» (São João Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de Mateus 50, 3-4); cf. João Paulo II, Encíclica Sollicitudo rei socialis (30 de dezembro de 1987), n. 31.
[6] «Moisés tomou o sangue e aspergiu com ele o povo, dizendo: “Este é o sangue da aliança que o Senhor concluiu convosco mediante todas estas palavras”» (Ex 24,8).
[7] cf. Presbyterorum ordinis, n. 5. No n. 6 do mesmo Decreto lê-se: «Nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na celebração da santíssima Eucaristia».
[8] «Durante o dia, os fiéis não deixem de visitar o Santíssimo Sacramento, que se deve conservar nas igrejas, no lugar mais digno e com as honras devidas segundo as leis litúrgicas; cada visita é prova de gratidão, sinal de amor e dever de adoração a Cristo ali presente» (Paulo VI, Encíclica Mysterium fidei, 03 de setembro de 1965).
[9] Visitas ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima, Introdução: Obras Ascéticas (Avelino, 2000), 295.
[10] «O ministro do altar age personificando Cristo cabeça, que oferece em nome de todos os membros» (Pio XII, Encíclica Mediator Dei, 20 de novembro de 1947); cf. Pio X, Exortação Apostólica Haerent animo (04 de agosto de 1908); Pio XI, Encíclica Ad catholici sacerdotii (20 de dezembro de 1935).
[11] Congregação para a Doutrina da Fé, Carta Sacerdotium ministeriale sobre algumas questões concernentes ao ministro da Eucaristia (06 de agosto de 1983), III, 4; cf. IV Concílio do Latrão, Constituição Firmiter credimus sobre a fé católica, cap. 1: Denzinger, n. 802.
Observação: Para facilitar a leitura neste formato do blog, unimos a maior parte das notas de rodapé mais breves ao corpo do texto.
Fonte: Santa Sé.
Para acessar a 2ª parte, com os Capítulos 4-6 e a Conclusão (nn. 34-62), clique aqui.
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