No último dia 29
de junho, Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Santo Padre, o Papa
Bento XVI, impôs aos bispos que foram nomeados Arcebispos Metropolitanos durante o último ano
o pálio, sua insígnia própria. Segundo o Cerimonial dos Bispos (n. 1149), a
entrega do pálio preferencialmente seja feita na própria ordenação episcopal.
Contudo, como é muito raro que um presbítero seja eleito diretamente para uma
Sé Metropolitana, o Beato João Paulo II já no início de seu pontificado passou a
presidir este rito na Solenidade de São Pedro e São Paulo de cada ano. E o Papa
Bento XVI tem continuado esta tradição.
O pálio (do
latim pallium, manto), confeccionado
a partir da lã de duas ovelhas abençoadas pelo Papa na memória litúrgica de
Santa Inês, consiste em duas tiras de lã ornadas de seis cruzes tecidas em
negro. O Arcebispo o usa sobre os ombros, tendo uma tira pendente no peito e
outra nas costas. Esta forma e a matéria do qual é feito indicam a missão de
pastor do Arcebispo, que carrega a ovelha aos ombros.
Aos Arcebispos Metropolitanos (também chamados Metropolitas) é confiado o pálio para indicar sua autoridade
sobre uma Arquidiocese Metropolitana. O Arcebispo torna-se solícito também para com as dioceses vizinhas, sobretudo
no caso de vacância (morte ou renúncia do bispo). Por isso, o Arcebispo pode
usar o pálio em todas as celebrações em que preside ou concelebra em sua
Arquidiocese ou nas suas dioceses sufragâneas.
Esta insígnia
também quer indicar a comunhão do Arcebispo com o Sumo Pontífice e com a Sé de
Pedro. Por isso, após a confecção do pálio, este é depositado junto ao túmulo
de São Pedro (abaixo do Altar da Confissão, na Basílica de São Pedro em Roma)
até a Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, quando então é entregue pelo Papa
aos Arcebispos. No caso de um Arcebispo que recebe o pálio fora desta
celebração, seu pálio continua junto ao túmulo de Pedro até a sua entrega.
Desde o início
do pontificado do Beato. João Paulo II, a entrega do pálio se fazia após a
homilia. Este ano, em maior conformidade com o Cerimonial dos Bispos (n.
1152-1155), a entrega do pálio se fez já no início da celebração. Isto para que
não se confunda a entrega do pálio com um ato sacramental, o qual comumente se
realiza, se dentro da Missa, após a homilia.
Após a
incensação do altar, os diáconos dirigem-se até junto do túmulo de S. Pedro e
tomam os pálios, levando-os até junto do Santo Padre. Em seguida, o Cardeal Proto-Diácono
apresenta ao Papa os Arcebispos que devem receber o pálio com estas palavras:
Beatíssimo Pai, os Reverendíssimos Padres
Arcebispos aqui presentes, com reverência fiel e obediente diante de Vossa
Santidade e da Sé Apostólica, pedem humildemente que Vossa Santidade lhes
conceda o pálio, tomado da Confissão do Bem-aventurado Pedro, como sinal da
autoridade de que os Metropolitas, em comunhão com a Igreja Romana, são
investidos em suas próprias circunscrições. Os outros Padres Arcebispos
recentemente promovidos a Igrejas Metropolitanas, que hoje não puderam vir a
Roma, pedem humildemente poder receber o pálio, em nome e no lugar de Vossa
Santidade, do representante Pontifício, cada um em sua própria Igreja
Metropolitana.
Os Arcebispos
proferem então, sua fórmula de juramento:
Eu, N., Arcebispo de N., serei sempre fiel e
obediente ao Bem-aventurado Apóstolo Pedro, à Santa e Apostólica Igreja de
Roma, a ti, Sumo Pontífice, e a teus legítimos sucessores. Assim me ajude Deus
Onipotente.
Segue-se a
bênção dos pálios pelo Santo Padre:
Ó Deus, Pastor eterno das almas, a ti
chamaste, por meio do teu Filho Jesus Cristo, com o nome de ovelhas do rebanho
os que quisestes confiar ao governo, sob a imagem do Bom Pastor, do
Bem-aventurado Pedro e de seus Sucessores, infunde, pelo nosso ministério, a
graça da tua bênção sobre estes pálios, escolhidos pala simbolizar a realidade
da cura pastoral. Acolhe benigno a oração que humildemente te dirigimos e
concede, pelos méritos e pela intercessão dos Apóstolos, àqueles que, por teu
dom, endossarem estes pálios, reconhecerem-se como pastores do teu rebanho e traduzirem na vida a realidade significada
no nome. Tomem sobre si o jugo evangélico imposto sobre seus ombros, e seja
para eles assim leve e suave poder preceder os outros na via dos teus mandamentos
com o exemplo de uma fidelidade perseverante, até merecerem ser introduzidos na
Páscoa eterna do teu reino. Por Cristo, nosso Senhor.
Abençoados os
pálios, o Santo Padre recita uma vez a fórmula de imposição:
Para glória de
Deus Onipotente e louvor da Bem-aventurada sempre Virgem Maria e dos
Bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, para decoro das Sés a vós confiadas,
como sinal do poder de metropolitas, vos entregamos o pálio tomado da Confissão
do Bem-aventurado Pedro, para que o uses dentro dos limites de vossa província
eclesiástica. Que este pálio seja para vós símbolo de unidade e sinal de
comunhão com a Sé Apostólica; seja vínculo de caridade e estímulo à fortaleza,
a fim de que no dia da vinda e da revelação do grande Deus e do príncipe dos
pastores, Jesus Cristo, possam obter, com o rebanho a vós confiado, a veste da
imortalidade e da glória. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Em seguida, cada
Arcebispo aproxima-se do Papa, recebe dele o pálio e é saudado com o abraço da
paz. Por último, o Arcebispo Secretário da Congregação para os Bispos recebe do
Santo Padre os pálios destinados aos Metropolitas ausentes. Então, a Missa
inicia-se com o sinal da cruz e segue como de costume.
Por fim, outro
detalhe particular desta celebração no Vaticano é a presença de um representante
do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, principal igreja do Santo Sínodo
das Igrejas Ortodoxas. No final da celebração, o Papa e o representante do
Patriarcado rezam juntos diante do túmulo de São Pedro, expressando o desejo de
diálogo ecumênico entre as igrejas irmãs (Roma e Constantinopla).
REFERÊNCIAS:
SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O
CULTO DIVINO. Cerimonial dos Bispos, Cerimonial da Igreja: Tradução
portuguesa da Edição Típica. São Paulo: Paulus, 2004 (3ª edição).
Livreto da Celebração da
Solenidade dos Santos Pedro e Paulo Apóstolos (29.06.2012), disponível no siteda Santa Sé.
Crédito das fotos: L'Osservatore Romano
Nota: As traduções das orações
do rito de imposição do pálio foram realizadas livremente pelo autor deste
blog, utilizando-se dos textos latino e italiano disponíveis no livreto da
celebração. Não são traduções oficiais, mas aproximações ao sentido do texto, e
portanto podem estar sujeitas a erros.
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